Dá para contar nos dedos: cinco novelas com protagonistas negras

Em quase 70 anos de teledramaturgia brasileira, dá pra contar nos dedos as novelas protagonizadas por atrizes e atores negros.

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O pontapé foi iniciado por Ruth de Souza em “A Cabana do Pai Tomás” (1969), segue a passos lentos e ainda possui poucos representantes na telinha.

Por isso, nesta coluna, vamos relembrar e destacar algumas atrizes negras protagonistas de novelas:

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Camila Pitanga, em “Cama de Gato” (2009)

A primeira novela original da dupla Duca Rachid e Thelma Guedes na Rede Globo trouxe a protagonista Rose (Camila Pitanga) enfrentando uma verdadeira “Cama de Gato” na trama homônima das 18h.

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Ambientada no bairro da Glória, na zona sul do Rio de Janeiro, a novela conta a história de Gustavo Brandão (Marcos Palmeira), um perfumista de sucesso casado com a rica e mimada Verônica (Paolla Oliveira). Ele só reaprende a ser humilde e solidário quando perde tudo o que conquistou e descobre o amor sincero de Rose (Camila Pitanga), uma faxineira. A simplicidade da moça ajuda-o a redescobrir seus valores e sua felicidade.

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Heslaine Vieira, de “Malhação: Viva a Diferença” (2017)

Pela primeira vez na história, a trama principal de “Malhação” contou os dilemas de cinco jovens protagonistas que se encontraram por casualidade. Heslaine Vieira viveu a jovem Ellen, moradora da Vila Brasilândia, bairro pobre da zona norte de São Paulo.

Ellen teve pouco acesso à educação formal de qualidade, mas é um gênio no que se refere à tecnologia. É autodidata e sabe tudo sobre computação e programação. É transferida para o Grupo, onde ganha uma bolsa de estudos para os EUA.

Lidi Lisboa, em “Jezabel” (2019)

O papel da poderosa e malvada rainha de Israel quase foi parar nas mãos de atrizes brancas, como Camila Rodrigues e Giselle Itié, mas, no final, ficou mesmo com Lidi Lisboa. Com bom desempenho em “Escrava Mãe”, a atriz foi convidada para viver a sanguinária Jezabel, na trama de Cristianne Fridman.

Uma curiosidade é que essa foi a segunda vez que a Record TV levou a história de Jezabel ao ar. A primeira ocorreu em 1997, na minissérie “O Desafio de Elias”, de Yves Dumont, que contou a trama bíblica sob a perspectiva do profeta Elias. Aqui, Jezabel havia sido interpretada pela atriz Sônia Lima.

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Taís Araújo, em “Da Cor do Pecado” (2004)

Apesar do título considerado racista para os dias atuais, a novela “Da Cor do Pecado”, que marcou a estreia de de João Emanuel Carneiro como autor de telenovelas, fez história ao colocar, pela primeira vez, uma protagonista negra de uma novela contemporânea e urbana, a Preta.

A novela tem como eixo central o romance inter-racial vivido pela pobre feirante Preta (Taís Araújo) e o rico Paco (Reynaldo Gianecchini). Os dois são personagens de um triângulo amoroso formado com Bárbara (Giovanna Antonelli). Vale destacar que “Da Cor do Pecado” é uma das tramas mais exportadas da Rede Globo, tendo sido vendida para mais de 100 países.

Taís Araújo, em “Xica da Silva” (1996)

Em 1996, Taís fez história ao viver a personagem-título da novela de época “Xica da Silva”, exibida na extinta TV Manchete. Escrita por Walcyr Carrasco (sob o pseudônimo de Adamo Angel), com direção de Walter Avancini, a trama contava a história de uma mulher escravizada que virou “rainha” em pleno século XVIII, em Minas Gerais.

Recentemente, Walcyr Carrasco revelou que a Manchete sugeriu que uma atriz branca bronzeada interpretasse o papel da escrava, porém o diretor e o próprio Walcyr foram resistentes ao escolherem uma atriz verdadeiramente negra para o papel.

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Representatividade na TV

Ao relembrarmos algumas tramas protagonizadas por atrizes negras, percebemos que todas as novelas citadas foram escritas por autores brancos. Tão importante quanto termos atrizes e atores negros na linha de frente da televisão, é termos autores negros contando as suas histórias.

Parafraseando o discurso de Viola Davis ao ganhar o Emmy em 2015, que serve como um adendo também sobre quem roteiriza, é que “a única coisa que separa as mulheres de cor de qualquer outra pessoa é a oportunidade”.

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