André Santana

O SBT vive a pior crise de sua história. O canal vem registrando algumas de suas piores médias/dia de todos os tempos e não dá qualquer sinal de recuperação. Com uma grade fraca e pouco atrativa, a emissora de Silvio Santos vem batendo a cabeça para resolver a situação, mas sem sucesso até agora.

Programa Silvio Santos
Silvio Santos à frente de seu dominical (Reprodução / SBT)

Mas como foi que o canal, que por anos era vice-líder absoluto de audiência, foi parar neste buraco? O TV História aponta cinco razões para a crise do SBT.

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Imediatismo

Bom Dia e Cia - Silvia Abravanel
Silvia Abravanel à frente do Bom Dia e Cia (Reprodução / SBT)

Silvio Santos sempre foi conhecido por sua pouca paciência. Durante anos, ele tocou o SBT sempre atendendo aos anseios do momento e nunca se fez de rogado quando achou que devia mudar a programação. A “grade voadora” caracterizou a emissora por anos.

Atualmente, as mudanças não são tão drásticas, mas, ainda assim, a emissora peca pelo imediatismo e por tomar decisões intempestivas, sem calcular os riscos.

Um exemplo recente foi a volta do Bom Dia & Cia, que até manteve a média de audiência do horário, mas fez o público adulto que acompanhava o Primeiro Impacto mudar de canal, o que beneficiou, principalmente, a Record. Será que ninguém pensou nisso?

Reprises sem fim

Atrizes de Rebelde
Angelique Boyer (Vick), Anahí (Mia) e Estefanía Villarreal (Celina) em Rebelde (Divulgação / Televisa)

Sem muita produção própria, o SBT tem lotado sua grade de reprises. Atualmente, o canal reapresenta várias novelas, como Chiquititas (2013), Rebelde (2004), Sortilégio (2009) e Cúmplices de um Resgate (2015).

Nenhuma das produções apresenta grandes índices de audiência e já demonstram sérios sinais de desgaste. Não seria a hora de reduzir tantos repetecos?

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Jornalismo capenga

SBT Brasil - Marcelo Torres e Márcia Dantas
Marcelo Torres e Márcia Dantas na bancada do SBT Brasil (Reprodução / Facebook)

O jornalismo nunca foi o forte do SBT. No entanto, a emissora já teve seus acertos no segmento, quando tinha nomes como Boris Casoy, Lilian Witte Fibe, Monica Waldvogel, Hermano Henning, Ana Paula Padrão, Carlos Nascimento e Roberto Cabrini.

Mas, atualmente, o setor está combalido, produzindo apenas o cansativo Primeiro Impacto e o burocrático e inexpressivo SBT Brasil, além do SBT News na TV nas madrugadas. O canal precisa de grifes na área e telejornais mais inventivos. Programas de grandes reportagens, como os extintos SBT Repórter e Conexão Repórter, fazem falta.

Programas com data de validade vencida

Chris Flores à frente do Fofocalizando (Reprodução / SBT)

Estranhamente, o SBT insiste em manter no ar programas que, há tempos, já não contam mais com o prestígio do público. O exemplo mais notório é o Fofocalizando, que foi reformulado recentemente, mas viu seus índices caírem ainda mais.

Casos de Família já se arrastava na programação, mas a emissora demorou demais até tomar a atitude de tirá-lo do ar. O mesmo acontece com o Programa Raul Gil, que nem de longe repete os bons resultados de antes. Tanto que está escondido na programação e muita gente nem sabe que a atração ainda existe.

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Silvio Santos

Programa Silvio Santos
Silvio Santos em seu programa (Reprodução / SBT)

Silvio Santos é um gênio da TV brasileira e isso não se discute. No entanto, o empresário foi o responsável por colocar o SBT no buraco ao tomar uma série de decisões estapafúrdias. Em plena pandemia, a emissora colocou o pé no freio e o dono da emissora passou a fazer mudanças sem sentido na grade.

Uma delas foi substituir o Fofocalizando pelo Triturando, atração em que os comentaristas tinham que julgar coisas como o Hino da Marinha (se era bom ou ruim) ou a melhor maneira de morrer. O empresário também lançou séries emboloradas na programação, como Lassie, Rin-Tin-Tin e Os Garotinhos. Isso sem falar nos programas importados, como Decisões do Dia, Os Pequenos Johnstons e Crimes de Paixão. Tudo isso ajudou a afundar a audiência do SBT.

Atualmente, Silvio Santos está mais afastado do SBT e boa parte das decisões, agora, partem de Daniela Beyruti, sua filha e vice-presidente da emissora. No entanto, por anos, Silvio era o mandachuva e apitava em tudo. Ou seja, o canal ficou dependente da presença de Silvio Santos e, atualmente, encontra dificuldades em seguir sem o animador à frente.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor