Conforme anunciado pela Globo, o Linha Direta, sucesso entre os anos 1990 e 2000, está de volta. A atração policial, agora sob o comando de Pedro Bial, retornará ao canal em 4 de maio.
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Exibido às quintas-feiras, por volta das 23h, o formato irá apresentar dois casos policiais, sendo um deles resolvido e o outro ainda em aberto.
Para a estreia, a produção selecionou um crime que chocou o Brasil: o do sequestro da jovem Eloá Pimentel, de 15 anos, ocorrido em 2008, em Santo André (SP).
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O episódio chegou ao fim com a morte da menina, após mais de 100 horas sob a mira do ex-namorado, Lindemberg Alves, de 22.
Sem limites
Naquela época, diante da inércia da polícia e da “invasão” da imprensa sobre o local em que acontecia o fato, muito se falou sobre os limites da mídia.
Foi considerado que as emissoras de TV, que faziam extensas coberturas sobre o evento, extrapolaram o papel do jornalismo e contribuíram para o desfecho fatal.
Programas como A Tarde é Sua, de Sonia Abrão, na RedeTV!, e o Hoje em Dia, da Record, chegaram a falar ao vivo com o sequestrador.
Tais canais, ao filmar exatamente tudo o que acontecia do lado de fora do local do sequestro, faziam com que o assassino tivesse acesso a todos os passos da polícia.
Apresentadores agiram como negociadores
A cobertura de Sonia Abrão rende críticas à apresentadora até hoje.
“Você não é uma pessoa do mal, nunca foi e, até o momento não fez nada de ruim contra ninguém”, disse ela, ao vivo e em rede nacional, para tentar desarmar o bandido, coisa que nem os policiais e o GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) haviam tentado até então.
Sonia não foi a única a interferir no andamento do caso. Os apresentadores do Hoje em Dia também entraram em contato com Lindemberg, que, naquele momento, prometeu liberar as reféns – a amiga de Eloá, Nayara Cristina (foto abaixo), também foi mantida em cárcere no apartamento.
Desfecho trágico
Diante de todo o circo midiático e o papel questionável da polícia, o desfecho que ninguém queria aconteceu: Eloá foi morta com um tiro na cabeça e outro na virilha.
A morte se deu quando a polícia invadiu o apartamento, segundo eles, porque ouviram disparos. Tanto o criminoso como a amiga da vítima afirmaram, porém, que os tiros ocorreram após os agentes tentarem invadir, sem sucesso, o cativeiro.
Muita gente ficou revoltada com o final trágico e culpou tanto o despreparo da polícia paulista quanto as emissoras de televisão que, em nome de audiência, expuseram todo o drama em suas programações e contribuíram para as ações desastrosas.
Críticas à imprensa
O caso Eloá colocou a busca por audiência a qualquer preço em debate.
“A imprensa deve ter acesso a qualquer evento público, essa é uma cláusula pétrea em qualquer democracia, mas há uma contrapartida com a sociedade que a imprensa geralmente esquece de atender. A cobertura jornalística não pode interferir no desenrolar de um acontecimento, sobretudo quando se trata de uma cobertura ao vivo em tempo real de um acontecimento onde a vida de inocentes está sob ameaça”, afirmou o jornalista Alberto Dines no Observatório da Imprensa, programa transmitido pela TV Brasil em 28 de fevereiro de 2012.
“O executivo de televisão tem que ser muito mais jornalista do que executivo de televisão”, sentenciou José Armando Vannucci, crítico de TV.
O primeiro Linha Direta desta nova temporada irá recordar o caso e contar todas os nuances de uma história que poderia ter acabado de uma forma totalmente diferente não fossem tantos erros e de tantos lados.