Problemática novela exibida entre 1994 e 1995 pela Globo, Pátria Minha não deixou boas recordações para muitos artistas, incluindo Tarcísio Meira e Vera Fischer (foto abaixo).
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A produção da Globo foi mais um caso em que problemas de bastidores chamaram mais atenção do que a história em si. Além de não empolgar o público, a novela pegou fogo nos bastidores com as intensas confusões de Vera Fischer e Felipe Camargo, que ainda eram casados.
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Numa gravação, ela apareceu com o antebraço esquerdo quebrado. A atriz foi afastada e muitas alterações tiveram que ser feitas nos capítulos.
Vera ainda voltou à trama, mas por pouco tempo. As brigas e os constantes atrasos foram a gota d’água para a emissora eliminar os personagens de Vera e Felipe, que morreram em um incêndio em um hotel – ambos também foram afastados das futuras produções da casa por um bom tempo. Logo em seguida, o casal se separou e iniciou uma batalha judicial pela guarda do filho.
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Ataques de estrelismo
Antes de seu afastamento definitivo, Vera tirou muita gente do sério com atrasos e arroubos de estrelismo. A Folha de S.Paulo de 11 de dezembro de 1994 informou que a atriz deu uma ordem nos bastidores. “Nos dias em que está gravando, os jornalistas não entram – nem para entrevista outros atores”, informou a nota.
Alguns dias depois, em 1º de janeiro de 1995, o mesmo jornal informou que os diretores do canal e colegas do elenco estavam irritados com a atriz.
“Cansado de ter que esperar a atriz para gravar cenas em comum, o ator Tarcísio Meira agora só sai de casa quando a produção telefona avisando que Vera já está nos estúdios”, enfatizou o texto.
Sem mágoas
Apesar de estar aborrecido, Tarcísio garantiu ao jornal O Dia que não tinha mágoa de Vera, que lhe chamou de “velho caquético”.
“Tarcísio é um velho caquético. Quero que ele e todo mundo da Globo se fodam. Ninguém me expulsou. Eu que pedi a conta”, disse a atriz, por telefone, ao jornal Notícias Populares, em 13 de janeiro de 1995. “Não quero mais saber da Globo. Vou trabalhar no SBT ou no exterior”, completou.
“Gosto muito da Vera. Acho que ela estava num momento muito bom na carreira. Se ela fez alguma declaração a meu respeito, um comentário, ou emitiu algum juízo, acho que pode ter sido envenenada por, alguém num momento em que estava aborrecida, emocionalmente abalada com essa história”, comentou o ator, reconhecido pela elegância nas entrevistas, em 19 de janeiro do mesmo ano.
Tarcísio ainda ressaltou que, tirando a esposa, Glória Menezes, foi com a atriz que ele mais atuou. Além de Pátria Minha, os dois dividiram a cena em tramas como Espelho Mágico, Os Gigantes, Coração Alado, Brilhante e Desejo.
Racismo
Além do incidente com Vera, Tarcísio ficou bastante magoado com a repercussão negativa de seu personagem, envolvido em cenas de racismo contra o jardineiro Kennedy (Alexandre Moreno).
O movimento SOS Racismo, de São Paulo, entrou na Justiça contra a emissora, alegrando que a cena feria a autoestima da comunidade negra. Uma retratação foi feita alguns dias depois, em outra tomada da trama.
“A vida inteira me acostumei a receber a simpatia das pessoas. Isso me envaidecia. Não me dei conta de que os elogios eram mais para os personagens do que para mim. Agora estou sentindo um olhar magoado, de censura. Esse personagem extrapolou tanto no seu preconceito que me sinto muito triste, e aborrecido com o papel”, declarou o ator ao jornal O Globo de 20 de novembro de 1994.
“Não consigo ter prazer em interpretá-lo. Ele diz coisas que me chocam. Não é um personagem que me agrade. Sempre procuro mostrar as coisas boas de um personagem. Mas nesse eu não encontro nada, absolutamente nada. Só coisas más. Estou incomodado”, completou.
Prêmio
Na mesma reportagem, foi informado que Tarcísio chegou a pedir ao autor que aliviasse um pouco o seu lado – Raul viajou para Miami e saiu um pouco de cena.
Mesmo com todos esses problemas, Tarcísio acabou ganhando o Troféu Imprensa daquele ano como Melhor Ator.
“Pátria Minha foi uma novela bem problemática. Só foi boa até, aproximadamente, o capítulo 80. Depois houve problemas demais. Terminar aquilo foi uma penitência”, descreveu Gilberto Braga ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes.
Com 203 capítulos, Pátria Minha acabou não deixando saudades, cedeu sua faixa para o fenômeno A Próxima Vítima, de Silvio de Abreu.