Apresentadora da RecordTV Itapoan desde 2011, a jornalista Jéssica Senra está vivendo o que parece ser o seu auge. Âncora do matinal Bahia no Ar, hoje ela é responsável pela maior audiência da RecordTV na faixa matinal no País.
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Líder de audiência há pelo menos sete meses, com médias acima dos 10 pontos na Grande Salvador, no último dia 9 de março o telejornal atingiu uma marca impressionante: 18 pontos de pico, por volta das 8h10 da manhã.
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O Bahia no Ar chega a impor uma diferença de 8 a 9 pontos para a Globo em seu horário, algo que nenhum programa da RecordTV no Brasil faz. O fato impressiona até mesmo a própria Jéssica, mas, nesta entrevista exclusiva para o TV História, ela diz que tem explicação para isso.
“Até para nós é surpreendente chegar a números assim, sobretudo num período em que se fala tanto no fim da televisão aberta, migração para a internet, porém acredito que a fidelização do público do Bahia no Ar é fruto de uma construção e de inúmeros fatores. Fazemos um jornal local popular sem apelação, sem exploração da miséria, buscando agir sempre de forma ética e respeitosa com nosso público”, afirma.
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Leia a entrevista na íntegra:
TV História – Recentemente seu programa atingiu o pico de 18 pontos de audiência. Para um programa da Record exibido por volta das oito da manhã é um número alto. Como você explica isso?
Jéssica Senra – Até mesmo para nós é surpreendente chegar a números assim, sobretudo num período em que se fala tanto em fim da televisão aberta, migração para internet, mas acho que a fidelização do público do Bahia no Ar é fruto de uma construção e de inúmeros fatores. Fazemos um jornal local popular sem apelação, sem exploração da miséria, buscando agir sempre de forma ética e respeitosa com nosso público. Utilizamos uma linguagem acessível, leve, literalmente conversamos com nosso telespectador, oferecendo opinião embasada, mesmo que esta, muitas vezes, não agrade. Não fazemos populismo e não buscamos fazer média, procuramos realmente formar opinião e fazer nosso público refletir e repensar a realidade e seus próprios valores. Eu sempre digo que o que pega o nosso público é o jeitinho que só o Bahia no Ar tem: jornalismo de qualidade, feito com leveza e humor, mas também com muita seriedade. Além disso, penso que os investimentos feitos pela RecordTV Itapoan nos últimos anos foram fundamentais para melhorar a qualidade de som, imagem e do que oferecemos a quem está do outro lado da tela. Temos uma excelente equipe trabalhando na redação, na reportagem, na edição, na técnica e na operação, o que também faz toda a diferença para um produto de qualidade ir ao ar. A RecordTV Itapoan como um todo está vivendo um bom momento.
Você acha que, em outro horário, conseguiria atingir esses picos de audiência? Em 2012 você passou pelo meio-dia, por exemplo.
É difícil saber, pois cada horário tem uma característica diferente. Não sei se o Bahia no Ar neste formato agradaria em outro horário, já que de manhã fazemos um jornal voltado para o serviço. Ao meio-dia já é outra pegada, assim como à noite também é outro público. Mas certamente eu lutaria para que chegasse até a números maiores. Se, pela manhã, quando há menos gente assistindo, conseguimos atingir 18 pontos de audiência, em outros horários, teoricamente, seria possível chegar a números maiores. Teoricamente. Nenhuma batalha em TV é fácil. Nós ficamos no horário de meio-dia durante poucos meses, é difícil consolidar um trabalho em tão pouco tempo, mas chegamos a ficar em primeiro lugar, inclusive na média. Mas o programa era bem diferente.
Qual a principal qualidade do seu jornal? O que ele tem que os outros não têm?
Um jeitinho que é só nosso (risos). Eu acho que conseguimos unir o melhor dos jornais tradicionais com o melhor do jornalismo popular, ou seja, o compromisso com a informação bem apurada, com ética, com honestidade, aliado a uma forma mais leve e “conversada” de trazer as notícias, sem subestimar a inteligência do telespectador. E com opinião. Eu sempre digo que o Bahia no Ar é o jornal dos meus sonhos, porque é o que sempre quis fazer. Junto com minha equipe, construí o BA para que ele fosse dessa forma, um jornal dos tempos atuais, e a Record me deu total liberdade para fazê-lo do meu jeito. Fico feliz e orgulhosa que ele esteja agradando!
Concorrer “sozinho” localmente ajuda, já que a Globo tem jornal para todo o Brasil no horário – Bom Dia Brasil – e o seu concorrente mais direto, a TV Aratu/SBT, deixou de ter matinal no fim do ano passado?
Em termos de “critérios de noticiabilidade” (critérios para definir a importância de uma notícia), a proximidade geográfica conta muito, ou seja, o local quase sempre tem mais força que o nacional. Então, se avaliarmos somente por este aspecto, ajuda. Mas audiência não é fórmula matemática nem é explicada apenas por um fator. Tanto que, quando houve a tragédia da Chapecoense, por exemplo, um assunto nacional (e internacional), o interesse era muito maior do que nos assuntos locais e foi difícil para nós vencer na audiência naquele período. Temos uma concorrência que é tradicionalmente a líder de audiência, que tem um padrão de qualidade reconhecido internacionalmente, o jornal deles que concorre conosco tem uma estrutura maior do que a nossa, com seus melhores repórteres no Brasil inteiro, então está longe de ser uma batalha fácil! Tanto que levamos anos para chegarmos à situação de hoje, de liderança na média praticamente todos os dias. Se fosse apenas este fator, todos os jornais locais que concorressem com nacionais venceriam, o que não acontece, muito menos com os números que o Bahia no Ar alcança, muitas vezes chegando ao dobro da principal concorrente. Enfim, são diversos fatores, sendo que os principais são dedicação, amor pelo que fazemos e respeito pelo nosso público.
Você ainda é bastante jovem e muitos dizem que você também chama a atenção pela beleza. Isso ajuda?
Acho que, num primeiro momento, a beleza pode ajudar, especialmente as mulheres, pois ainda temos no Brasil uma TV bem machista, que quer mulheres bonitas apresentando jornais e programas. Observe que os homens não precisam ser bonitos, podem estar acima do peso e a idade é sinal de maturidade para eles, enquanto a mulher de idade é “velha”. Mas acho que depois de um tempo a beleza acaba atrapalhando, porque tem gente que não consegue enxergar além disso, acha que você está ali apenas por ser um rosto bonito e não reconhece seu talento, sua inteligência, seu esforço. Eu me acho bonita e me cuido para ter uma boa imagem, mas não acho que esta seja minha maior qualidade. Acho que sou mais inteligente e dedicada ao que faço do que bonita. Ser chamada de “bela das manhãs” me incomoda, assim como quando dizem que eu deixo as manhãs mais bonitas. Sei que muita gente diz isso com a melhor das intenções, como um elogio, mas eu prefiro que se refiram a mim como uma mulher inteligente, de opiniões lúcidas, que diz o que pensa sem medo, lutadora. Essas qualidades são mais admiráveis que a beleza. Essa é a luta das mulheres hoje, serem enxergadas como mais que um pedaço de carne ou algo bonito para ser apreciado.
Algum tipo de sondagem de outras emissoras chegou no último ano? Ou algum convite para ir para a rede?
As sondagens sempre acontecem, graças a Deus, porque mostram que existe admiração e respeito pelo meu trabalho por parte de outras emissoras. Eu tenho amigos em todas elas e tenho certeza de que aprenderia muito em qualquer outro lugar e daria tudo de mim para fazê-las crescer também, se fosse o caso. No último ano, apesar da crise que fez a maioria das concorrentes demitir mais do que contratar, houve convites. No entanto, tenho um contrato com a RecordTV até o ano que vem e não penso em rompê-lo. Já para a rede, não houve nenhum convite.
Como você vê a situação não só do seu Estado, mas também do Brasil nos últimos tempos? É preocupante de alguma forma?
Preocupa e muito! Não sei se o fato de trabalhar com notícias e saber tudo de pior que acontece influencia, mas ando muito preocupada e pessimista em relação ao nosso futuro. Não é aceitável o nível de violência que estamos vivendo e não vejo nenhuma mobilização para mudar isso. Como pode termos um Código Penal de 1940? 1940!!! A vida em 1940 não tem nada a ver com a vida em 2017! Mas nossos legisladores são incompetentes para fazer leis e não estão preocupados com isso. Salvo raríssimas exceções, os representantes do Poder Legislativo brasileiro passam o tempo trabalhando em maneiras de ganhar mais dinheiro e poder para si e para seus partidos. Vivemos uma cultura corrupta, do “jeitinho”, e isso é institucionalizado. Além disso, se por um lado é bonito que o cidadão tenha acordado e aprendido a pedir seus direitos, é triste que este mesmo cidadão não tenha entendido que antes precisa cumprir seus deveres e respeitar os direitos do outro! Sinceramente, não vejo perspectivas de melhora. A única coisa que dá esperança é a Operação Lava Jato, porém, até que ela seja concluída, não sabemos se vai trazer mudanças concretas para a sociedade.
Percebi que você faz seus próprios anéis que usa no jornal. Como é esta história?
Você é muito observador (risos)! É um hobby que está começando a tomar espaço na minha vida. No ano passado, aproveitei minhas férias para fazer um curso de Design de Joias no IED (Instituto Europeu de Design), em Barcelona. Foi um curso intensivo de verão, de apenas quatro semanas, mas foi o suficiente para conquistar meu coração! Este ano, montei um atelier em casa e comecei a tomar aulas particulares. Aqui em Salvador, só o Senai tem curso na área, mas as ofertas são escassas, então me viro lendo livros, vendo vídeos e achei um professor para me ajudar nesses primeiros passos. Para praticar as técnicas que aprendo, vou fazendo peças para mim mesma e uso, inclusive no programa. São coisas simples, ainda estou engatinhando na área, mas estou amando! São joias totalmente artesanais. É maravilhoso criar a partir do metal e depois poder usar minhas próprias criações. É um trabalho muito gostoso, uma terapia! Espero seguir neste caminho por mais tempo.