Na próxima novela das sete da Globo, O Tempo Não Para, escrita por Mario Teixeira e com direção artística de Leonardo Nogueira, a família Sabino e seus agregados vão se deparar com mais de cem anos de revoluções sociais, inovações tecnológicas e conquistas científicas que agregaram novos valores e comportamentos à sociedade, gerando um imenso choque temporal e cultural.

São treze pessoas que congelam: Dom Sabino (Edson Celulari), Dona Agustina (Rosi Campos), Marocas (Juliana Paiva) e as gêmeas Nico (Raphaela Alvitos) e Kiki (Nathalia Rodrigues), os escravos Damásia (Aline Dias), Cairu (Cris Vianna), Cesária (Olivia Araujo), Menelau (David Junior) e Cecílio (Maicon Rodrigues), o guarda-livros Teófilo (Kiko Mascarenhas), a preceptora Miss Celine (Maria Eduarda de Carvalho) e o jovem Bento (Bruno Montaleone), além do cão fox terrier Pirata.

Em 2018, um imenso bloco de gelo se aproxima da praia do Guarujá, em São Paulo. Samuca (Nicolas Prattes), empresário engajado em causas sociais, humanista e dono da holding SamVita, está surfando e é o primeiro a avistá-lo. Ele fica intrigado com o imenso bloco, perplexo e fascinado ainda mais pelo rosto sereno e belo de Marocas, emoldurado pelo gelo translúcido. Uma fissura ameaça partir o bloco e Samuca, no ímpeto de salvar Marocas, se agarra ao pedaço do iceberg em que ela está. Eles são puxados pela corrente e chegam à fictícia Ilha Vermelha.

Já os demais membros da família continuam congelados e são levados para a Criotec, laboratório especializado em criogenia, a ciência que estuda a manutenção da vida sob baixa temperatura. A chegada do iceberg se torna caso de segurança de estado e gera curiosidade e comoção nacional. Aos poucos, cada um dos “congelados” despertará à sua maneira e terá que enfrentar a realidade contemporânea e as particularidades das relações humanas no século XXI.

A família Sabino Machado e a Fazenda Nossa Senhora do Ó, São Paulo, 1886

Em 1886, a extensa e idílica fazenda Nossa Senhora do Ó é um deleite para quem aprecia a natureza. Flores vermelhas de hibisco, árvores frondosas e um lago no jardim, diante da fachada amarela com janelas de madeira, dão boas-vindas a quem chega. De tão amplo o terreno, é possível perder de vista seus limites. Essa propriedade é um dos bens da família Sabino Machado, que é descendente direta de bandeirantes. Um de seus ancestrais saiu desbravando o interior de São Paulo e construiu um pequeno império.

Dom Sabino é o patriarca desta família e está sempre pensando no bem-estar de todos à sua volta. Apesar de sonhar com um título na nobreza, ele dispensa cerimônias e etiquetas. É um homem de hábitos simples e adora participar dos serviços braçais de sua fazenda, o que gera muitos momentos inusitados, como desatolar uma vaca, por exemplo. Ele casou com Dona Agustina (Rosi Campos), uma crédula dona de casa, e da união deles nasceram Marocas (Juliana Paiva) e as gêmeas bivitelinas Nico (Raphaela Alvitos) e Kiki (Nathalia Rodrigues).

Primogênita, Marocas é divertida, inteligente, curiosa e corajosa. Muito disso se deve à educação que recebeu do pai. Por muito tempo, Dom Sabino sonhou ter um filho homem para compartilhar todo seu conhecimento e delegar a administração de suas riquezas. O herdeiro de Dom Sabino não veio, mas nem por isso Marocas foi preterida. Muito pelo contrário. Ele a criou com toda dedicação, proteção, amor e incentivo necessários para ser independente em pleno século XIX: domar um cavalo, aprender línguas, ter aulas de cálculo… Era muito mais do que uma moça de família daquela época poderia sonhar. Ela estava pronta para a vida. E, para ele, só faltava encaminhá-la a um bom casamento.

Certo dia, Marocas dá uma escapulida para um banho de riacho acompanhada de sua dama de companhia, Damásia (Aline Dias). Apesar de o córrego estar localizado dentro das terras da fazenda Nossa Senhora do Ó, um grupo de formandos da Academia de Direito surge de repente para um mergulho. As moças se escondem no mato e ficam observando os rapazes.

Entre eles está Bento (Bruno Montaleone), que as surpreende no “esconderijo”. Vestindo roupas íntimas e sem poupar cortejos, ele se apresenta como um poeta e fica obcecado por Marocas, pois nunca vira uma moça tão radiante e destemida. Ele mostra a anágua que ela havia deixado à beira do riacho pedindo um beijo em troca. Nesta hora, Dom Sabino aparece e flagra a cena: um desavergonhado vendo sua filha seminua exige uma reparação com sangue. O tiro atinge Bento nas nádegas e ele resolve forjar sua morte para impedir que Dom Sabino queira terminar o serviço e promove o próprio velório.

Marocas fica devastada quando descobre que o rapaz morreu por sua causa e, à noite, foge de casa para o funeral ao lado de Miss Celine (Maria Eduarda de Carvalho), sua preceptora. Lá, todos descobrem que o velório é uma farsa, e diante de tamanha confusão e a fim de reparar todo o mal feito à sua filha, Dom Sabino só vê uma solução: o matrimônio. Ele ordena que Bento se case com Marocas. Audaciosa, a moça bate o pé, diz que não casa, mas não consegue escapar do vestido de noiva.

Chega o dia do casamento. Já no altar diante do padre, o lado obstinado de Marocas fala mais alto. Ela diz “não” ao matrimônio. Dividido entre o medo do escândalo e o orgulho da filha, Dom Sabino decide viajar com toda a família e os agregados para a Europa a fim de mantê-la longe do falatório da cidade e aproveitar para conhecer o estaleiro que comprara em Londres.

O naufrágio do Navio Albatroz, 1886

O moderno vapor Albatroz espera a família no porto do Rio de Janeiro. É a embarcação tida como mais segura na época, e as melhores cabines foram reservadas para as necessidades de Dom Sabino, que embarca com a esposa, Agustina, e as filhas Marocas, Nico e Kiki. O guarda-livros Teófilo, a preceptora Miss Celine, os escravos, Damásia, Cesária, Cairu, Menelau e Cecilio, além do cachorro Pirata vão juntos. Quem também está a bordo é Bento. Por sorte (ou azar), sem saber que a família Sabino Machado estaria lá, o rapaz está trabalhando como garçom no navio.

Para Dom Sabino, esta é também uma viagem de conhecimento, e ele resolve reviver a rota percorrida por Charles Darwin, passando pela Patagônia. Por obra do destino, o navio colide com um iceberg de proporções monumentais. Uma enorme fresta se abre no casco e começa a entrar água. A família Sabino Machado e seus agregados se reúnem no convés do navio e começam a clamar aos céus por um milagre. O buraco no casco só aumenta e a tragédia é inevitável: o Albatroz naufraga em um oceano congelante.

132 anos depois… São Paulo, 2018

Impulsionado pela maré, um imenso bloco de gelo é avistado pela guarda costeira na praia do Guarujá, litoral de São Paulo. A água morna do Atlântico faz com que ele perca volume rapidamente. Na praia, ao ver aquela massa enorme aproximando-se da costa, os banhistas entram em pânico. Marinha e imprensa começam a chegar, enquanto alguns surfistas saem da água. Menos Samuca (Nicolas Prattes).

Apesar da aparência jovial, Samuel Tercena é um respeitado empresário, visionário e humanista. O trabalho e a criatividade fizeram de Samuca um dos homens mais ricos da América Latina. Ele inventou um tipo de adubo orgânico, chamado Vitae, que revolucionou o plantio e as formas de produção agrícola e, com isso, conseguiu erguer a holding Samvita, um conglomerado de empresas que produz incrementos agrícolas, alimentos, perfumaria e cosméticos naturais e financia startups. É uma referência mundial em sustentabilidade e produtividade.

Ainda na água, Samuca se aproxima do bloco de gelo e percebe as pessoas congeladas. Em cima de sua prancha, percorre toda a borda do iceberg e a reação imediata é de surpresa e espanto. Até se deparar com Marocas (Juliana Paiva). Ele fica perplexo e fascinado ao ver o belo e sereno rosto da moça através daquele monumento glacial. Ele ainda não sabe, mas há uma família inteira congelada ali dentro, há 132 anos.

Um helicóptero da Marinha sobrevoa o local. Usando um megafone, o oficial Mateus Gonzaga (Raphael Vianna) ordena que Samuca se afaste. Ele hesita, pois está fascinado com a visão da linda moça que parece dormir candidamente dentro do iceberg. O rapaz percebe que a parte do bloco em que Marocas se encontra está prestes a rachar e se agarra a ele no ímpeto de salvá-la. O pedaço do gelo se desprende, eles são puxados pela corrente e chegam à fictícia Ilha Vermelha.

Em terra firme, começam a correr boatos dos mais variados tipos. Parte da população começa a desconfiar de que pode se tratar de uma ação de marketing, enquanto outros falam em terrorismo. Teorias conspiratórias pipocam em todas as mídias e sugerem até que os “congelados” são seres de outro planeta. Enquanto a imprensa está em polvorosa, o governo tenta abafar a situação e o caso vira segredo de Estado.

O encontro de Marocas e Samuca

Enquanto isso, em São Paulo, Betina (Cleo) já está angustiada sem notícias do noivo e sócio, Samuca. Eles têm uma reunião importantíssima com o milionário Amadeu (Luiz Fernando Guimarães), que está disposto a doar sua fortuna para a SamVita. Samuca jamais perderia essa oportunidade, o que aumenta a aflição sobre o paradeiro dele.

Além de Betina, quem também está preocupada é Carmen (Christiane Torloni), mãe do rapaz e a outra sócia da SamVita. Quando o filho some e ninguém consegue encontrá-lo, Carmen está justamente na sede da SamVita tentando distrair Amadeu, que não deixará barato esse furo de Samuca.

Elmo (Felipe Simas) é o melhor amigo do rapaz e sabe que ele estava surfando no Guarujá. Ele e Betina então pegam um helicóptero em direção ao litoral e lá encontram parte da prancha quebrada na areia e ficam ainda mais angustiados.

Na fictícia Ilha Vermelha, Samuca sai do mar, exausto, carrega Marocas e consegue reanimá-la. Ela abre os olhos pela primeira vez após 132 anos, encara Samuca e fica espantada. Para ela, aquele rapaz com traje de banho está nu. Esbraveja que ele é um libertino, acredita que seja um pirata que a sequestrou e clama por socorro. Samuca tenta se explicar, apesar de estranhar os trejeitos e vocabulário da moça, mas Marocas está escandalizada e assustada.

Em meio aos seus gritos, surgem Marino (Marcos Pasquim) e Monalisa (Alexandra Richter), um casal que abandonou a vida na cidade grande para morar na ilha paradisíaca. Enquanto Marocas tenta se explicar, um temporal ameaça cair. Monalisa a ampara e chama os dois para se abrigarem da tempestade na casa dela, mas Marocas, bastante desnorteada, acaba fugindo. Marino, Monalisa e Samuca saem à procura de Marocas e a encontram desmaiada numa estrada. Os três decidem levá-la urgentemente ao hospital.

Marocas é colocada em coma induzido. Samuca admira cada contorno de seu rosto e chega a se perguntar, em voz alta, se estaria apaixonado por ela. A essa altura, Carmen, Betina e Elmo já estão no hospital, e, à espreita na porta, Betina escuta a declaração do noivo e não esconde sua revolta. O sangue ferve e ela cobra explicações, quer entender que disparate é esse. Ela não gosta do interesse repentino e gratuito do noivo pela “bela adormecida” e percebe que a presença de Marocas é uma ameaça ao seu relacionamento, já desgastado.

Assim que Marocas acorda, ela coloca sua roupa e sai do quarto disposta a reencontrar sua família. Samuca a barra no corredor do hospital e, antes que ela possa reagir, promete ajudá-la a chegar ao restante dos “congelados” com a condição de que ela confie nele. Marocas, que já estava grata por ter sido resgatada por ele, aceita a proposta. Os dois fogem do hospital atrás do restante dos Sabino Machado.

A chegada dos “congelados” à Criotec

Os demais “congelados” são resgatados pelos oficiais da Marinha Waleska (Carol Castro) e Mateus (Raphael Vianna) e levados para a Criotec, um laboratório especializado em criogenia. Lá ficam em observação em cápsulas que conservam a temperatura corporal, sob a responsabilidade de Petra Vaisánen (Eva Wilma), médica especialista no assunto.

Petra e sua equipe fazem diversos exames nos “congelados” e chegam à conclusão de que todas suas funções vitais estão preservadas, o que os deixam ainda mais intrigados. Para entender como essas pessoas ficaram congeladas e sobreviveram sem qualquer sequela, doutora Petra começa a correr atrás de financiamento para as pesquisas. O primeiro nome que lhe vem à cabeça para investir no estudo é o de Samuca (Nicolas Prattes), principalmente porque, a essa altura, todos já sabem que ele resgatou uma das “congeladas”, Marocas (Juliana Paiva).

Um dos primeiros indícios que levam Petra a desconfiar da origem dessas pessoas é o vestuário e, por isso, coloca todas as peças de roupa para análise. São vestidos longos, ternos e casacas solenes, tal qual pessoas do século XIX. Petra só sabe se perguntar se aquelas pessoas estariam congeladas desde então.

Em meio à aura de dúvidas sobre os “congelados”, Dom Sabino (Edson Celulari) desperta. Ele questiona Herberto (Cláudio Mendes), o médico que está vigiando a sala das cápsulas, sobre onde está e por que teria sido enterrado vivo naquele “ataúde”. Como se tivesse ouvido os clamores da primogênita, começa a questionar o paradeiro de Marocas. Herberto tenta explicar que eles estavam congelados e Dom Sabino fica impaciente com a ausência de respostas plausíveis. Até que repara nas cápsulas vizinhas e percebe toda sua família em estado apático. A imagem é forte demais para Dom Sabino, que é levado ao hospital.

E nasce uma amizade improvável

Dom Sabino (Edson Celulari) acorda completamente desorientado e com uma máscara de oxigênio no rosto. No leito, ao lado da sala de recuperação, está Eliseu (Milton Gonçalves), um catador de material reciclável, que sofreu uma crise no nervo ciático e foi levado à emergência.

Eliseu está acompanhado de sua neta Paulina (Carol Macedo), embora ela não saiba e seja criada como filha. Eliseu observa aquela curiosa figura com roupas e vocabulário totalmente deslocados no tempo falando que precisa encontrar a filha e seguir para sua fazenda na Freguesia do Ó. Ele se compadece com a clemência do sujeito e, percebendo que não está em seu perfeito estado, oferece ajuda. Dom Sabino aceita na hora, afinal, está ansioso por rever Marocas e de fato precisa de um guia para orientá-lo em um lugar tão “esquisito”.

Nada poderia ter preparado Eliseu e Paulina para o que eles testemunhariam. Mal coloca os pés na rua, Dom Sabino tem um sobressalto. Os sinais e o trânsito, cheio de “carroças motorizadas”, são uma visão inédita para ele. Paulina chama um táxi para os três, e Dom Sabino fica admirado com a curiosa carruagem que se aproxima. Eles seguem em direção à Freguesia do Ó, onde Eliseu mora, e o caminho é um espetáculo de luzes e cores da cidade grande para o patriarca dos Sabino Machado, que ainda acredita estar no século XIX.

Ao chegar à casa de Eliseu, Dom Sabino se surpreende com cada modernidade que se apresenta. Uma simples luz elétrica, uma torneira ou uma privada parecem engenhocas de última geração. Só poderiam estar em Paris, Dom Sabino pensa. Acredita que o Albatroz sofreu um desvio de rota e foi parar na cidade luz. Nesta incursão pelo novo mundo, Dom Sabino sente que Eliseu poderá ajudá-lo a encontrar sua família. Ele nem imagina tantas descobertas que o aguardam pela frente.

A pensão de Coronela

Também na Freguesia do Ó está localizada a pensão de Coronela (Solange Couto). Uma viúva que herdou o título do falecido marido e o imóvel de onde tira seu sustento. É a fofoqueira mor do bairro e vive uma relação de gato e rato com Januza (Bia Montez), uma de suas funcionárias. Ela está sempre arrumando um jeito de atrair mais clientela para seu empreendimento e seus olhos vão brilhar quando descobrir a história dos “congelados”. Será capaz de reformar parte de sua pensão para conquistá-los e, claro, garantir uns aluguéis mais caros.

Coronela é mãe da oficial de Marinha Waleska (Carol Castro) e elas moram no sobrado ao lado da pensão. Mais discreta, Waleska sente certa vergonha do jeito despachado e expansivo da mãe, que gera alguns momentos cômicos e outros embaraçosos para ela. A oficial tem um relacionamento escondido com Elmo (Felipe Simas) e na maioria das vezes eles se encontram, literalmente, às escuras: Elmo pula a janela do quarto de Waleska.

Apesar de não assumi-lo, Waleska vai se surpreender ao descobrir que o sentimento pelo rapaz é mais forte do que imaginava, quando ele começa a se aproximar de uma das “congeladas”, Miss Celine (Maria Eduarda de Carvalho). Mesmo sendo extremamente esperta, Waleska nem desconfia da paixão que seu colega de trabalho, Mateus (Raphael Vianna), nutre por ela.


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