Completando meio século no ar, Band poderia ser muito maior, mas prefere continuar pequena

Pouca gente se lembrou que a Band completou, dia 13 de maio, meio século no ar. Sim, a Rede Bandeirantes de Televisão completou 50 anos e quase ninguém notou.

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Primeiro, é desagradável que um canal de TV deixe passar em branco uma data tão importante como essa – vejo a Band regularmente e não vi qualquer menção sobre o assunto na semana passada. Beira o inacreditável.

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Muito de isso acontecer retrata um pouco do que é a realidade da Band, principalmente para quem a conhece bem. É um canal com um potencial extremamente forte e contundente. Tem um jornalismo respeitado e de qualidade, comandado brilhantemente, há anos, por Fernando Mitre.

O esporte virou uma marca registrada nos anos 1980 e 1990. Mas aí é que começou a sucessão de erros que fez a Band virar um canal estranho nos últimos tempos, por mais que tenha boas intenções.

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Deixar de investir no filão que é o seu principal carro-chefe, enquanto mais de 12 vice-presidentes são mantidos com salários polpudos – muitos deles em funções que poderiam ser suprimidas.

Outro ponto é a baixa valorização de alguns profissionais. Conheço relatos de gente que está lá há anos e não tem um bom salário até hoje. Até estagiário, vejam só, ganha menos do que o salário mínimo pelo que me passaram.

A Band também fez escolhas ruins. Por pressão política, decidiu demitir um repórter ao vivo – no caso, Jorge Kajuru, há 13 anos. Mesmo não concordando com as posições do jornalista, o fato é imperdoável.

Mais recentemente, atacou a Simba Content, que, por mais que seja um fracasso até o momento, não tem nada a ver com a Band. Deveria ter ficado quieta – era o mais correto.

Mas a Band não tem só defeitos, tem qualidades. É um canal que, quando quer, ousa, faz bem feito e mantém um padrão técnico próximo do que a Globo tem, por exemplo. O MasterChef é um exemplo. O problema é justamente esse: quando quer.

Isso quando os executivos deixam. Uma vez, de um antigo executivo da Band, ouvi a seguinte definição do canal: “A Band é aquele tio que vê uma criança brincar com um carrinho e acha bonito, fofo, divertido. Quando o carrinho começa a incomodá-lo, começa a bater no seu pé, ele olha com aquela cara de ‘mas o que é que você está fazendo?’ e tira o carrinho da criança”.

Essa definição prova que a Band fez uma escolha: decidiu ser pequena. Prefere não pensar grande para não incomodar ninguém, mesmo com um potencial para incomodar, como já fez algumas várias vezes na sua historia. Gente de criatividade, lá dentro, existe. Mas a Band preferiu viver seus primeiros 50 anos assim. Que as coisas mudem daqui pra frente.


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