Como Ratinho quase foi parar na Globo antes de ser contratado pela Record

Em 1997, pouco antes de Ratinho ser contratado pela Record, o apresentador esteve na pauta da Globo, que o queria no comando de um programa voltado ao público jovem. Mas o projeto não saiu do papel, e Carlos Massa acabou indo para a emissora de Edir Macedo, onde ficou menos de um ano e seguiu para o SBT.

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“O estudo foi feito no ano passado, quando ele ainda comandava o 190 Urgente [na CNT/Gazeta]. O plano não saiu do âmbito interno da emissora e Massa acabou contratado pela Record, onde tem superado a audiência da Globo com o polêmico Ratinho Livre”, destacou a Folha de S.Paulo de 21 de março de 1998.

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A informação foi confirmada pelo então vice-presidente da emissora, Roberto Irineu Marinho, atual presidente do Grupo Globo, à jornalista Elvira Lobato. “Não vamos menosprezá-lo. [Ratinho] é um camarada com um carisma danado e poderia estar fazendo um programa de melhor qualidade, com grande sucesso. É um desperdício usar o Ratinho em um programa tão ruim”, disse.

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O dirigente disse que a partir do momento que ele foi para a Record, o interesse acabou. “Não compramos o passe de ninguém que tenha contrato em andamento com outra emissora e não rompemos com esse código. Chegamos a avaliar a hipótese de fazer um programa com ele, mas com outra linguagem, outro comportamento. Não há hipótese desse tipo de programa na Globo. Isso foi antes de ele ter sido contratado pela Record”, completou.

Polêmico sucesso

Ratinho Livre foi uma atração efêmera da Record. Durou pouco menos de um ano: de 22 de setembro de 1997 a 28 de agosto de 1998. Mas esse tempo foi o suficiente para marcar o programa como um dos mais polêmicos dos anos 1990.

Ratinho ganhou notoriedade em todo o Brasil e passou a ameaçar a liderança da Globo e a vice-liderança do SBT pouco tempo depois de sua estreia. A produção dificilmente marcava menos de 15 pontos de média no Ibope, chegando a picos de 40 na Grande São Paulo.

A receita para esse sucesso vinha do carisma do apresentador, que já usava bordões como “café no bule” e um cassetete para fazer todo tipo de denúncia, misturado a casos policiais, dramas da vida real e conflitos familiares.

No Ratinho Livre surgiu, por exemplo, o quadro do teste de DNA, acompanhado pelas brigas entre os participantes (muitas delas encenadas), que está no ar até hoje, quase 20 anos depois.

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Também são marcas da atração os repórteres ET e Rodolfo, que posteriormente foram para o SBT; as reportagens investigativas de Saulo Gomes; a banda do programa, que já tocava o tema do Jornal Nacional cada vez que Ratinho alcançava a liderança; os bonecos Xaropinho e Tunico; e o aspirante a cantor Azulão, que quase todo dia tentava divulgar suas músicas, entre outros.

Apesar do imenso sucesso de público, a atração sempre foi massacrada pela imprensa, que criticava casos de sensacionalismo que eram constantemente exibidos – incluindo aí as brigas entre participantes, pessoas doentes, mulheres seminuas, entre outros itens do gênero.

Reportagem da própria Folha de S. Paulo de 17 de maio de 1998 indicou que o Ratinho Livre era o líder de violência e que sua audiência também aumentava a partir disso. “Ratinho Livre chega a superar a Globo nas quintas-feiras, quando vai até mais tarde. Ratinho faz um programa de variedades, diferente de Márcia e Magdalena Manchete Verdade. Mas segue uma linha similar. Seus convidados foram insultados pela plateia 25 vezes. Entre si, trocaram 81 ofensas”, informou.

O casamento com a Record terminou dia 28 de agosto de 1998, quando o SBT o contratou se comprometendo a pagar uma multa de R$ 43 milhões, segundo informações da época. Naquele dia, foi ao ar o último Ratinho Livre.

A Record ocupou o horário a partir da outra semana com um programa semelhante, chamado Leão Livre, apresentado por Gilberto Barros. A atração foi exibida até novembro de 1999.

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