Como executivos da Globo veem joint-venture entre Record, SBT e RedeTV!

27/03/2017 às 15h00

Por: Gabriel Vaquer
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Neste último fim de semana, não se falava em outra coisa no mundo da televisão: a retirada dos sinais digitais de Record, SBT e RedeTV! na TV por assinatura, a partir da próxima quarta-feira (29), no desligamento do sinal analógico na Grande São Paulo.

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A retirada será gradativa, em regiões que já não estão com sinal digital, como Brasília (DF). Se um acordo não for fechado durante o ano, os sinais destas três emissoras abertas devem sair de cidades como Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA), onde o switch-off está programado para este ano.

O grande impasse nesta questão é: se a Globo recebe, qual o problema de outros canais receberem? Oficialmente, a platinada não se pronuncia sobre o assunto – o TV História até procurou a Central Globo de Comunicação.

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No entanto, a reportagem ouviu dois executivos do alto escalão global – um da TV aberta e outro da Globosat, programadora de TV por assinatura da Globo, que deram sua opinião sobre o modelo de negociação.

O executivo de TV aberta, que faz parte da cúpula de jornalismo, achou corajosa a decisão das três de se unirem – e ainda mais corajoso o fato delas realmente fazerem valer um direito que está na Lei da TV paga, aprovada em 2012.

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Para este mandatário, em quase 20 anos de carreira, ele nunca viu emissoras menores se unirem desta forma: “A repercussão aqui está impressionante. Jamais imaginávamos que concorrentes diretos, que já trocaram farpas, iriam fazer isso. É muito corajoso”.

Já o executivo de TV por assinatura acha justa a cobrança, mas teme que a retirada das emissoras prejudique o negócio como um todo: “Acho pertinente e justa a cobrança, deveriam receber pelo sinal. Mas se o sinal sair de fato, não só eles, mas a TV por assinatura como um todo perde, porque ficará mais cara”.

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Quando questionado sobre a agressividade da Simba, nome da joint-venture criada pelas três emissoras, o executivo da Globosat foi taxativo: ou é assim ou o mercado não iria respeita-los.

“Por mais nome que eles tenham, sejam dos canais mais vistos da TV paga, se a agressividade não ocorresse, o respeito não chegaria. A Fox fez assim no mês passado, o Esporte Interativo também. As operadoras só respeitam a agressividade”, afirmou ele.

Por fim, o mandatário de TV aberta diz que espera que a Simba consiga seus objetivos: “Pessoalmente, espero que eles consigam receber, mas que fique em um valor justo. É mais mercado de trabalho abrindo para jornalistas”.

Entenda o caso

Na tarde da última sexta-feira (24), a Simba anunciou que RecordTV, SBT e RedeTV! deixarão de enviar o seu sinal digital para as operadoras Net, Claro, Vivo, Sky e Embratel, alegando “falta de diálogo para negociações”.

A Simba existe desde 2015, mas apenas em maio do ano passado seu funcionamento foi aprovado pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O funcionamento pleno começou no início deste ano.

A união já rende frutos impressionantes. Em fevereiro, Ratinho, Rodrigo Faro e Luciana Gimenez, três das maiores estrelas das emissoras da joint-venture, se uniram para anunciar o fim da TV analógica em comerciais.

A Simba surgiu da necessidade dos canais de cobrarem pelo seu sinal na TV por assinatura. Segundo elas, a Globo recebe dinheiro pelo seu sinal e todas as outras não conseguem um centavo das maiores operadoras do Brasil.

A expectativa é que cerca de R$ 280 milhões, apenas com as assinaturas, cheguem aos cofres dos canais se todo o plano pretendido for seguido à risca.

Esse dinheiro deve ser aplicado na produção de conteúdo. Elo mais fraco da corda, a RedeTV! espera que essa joint-venture ajude o canal a diminuir os horários vendidos em sua grade – hoje em mais de 50% no total.


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