Quando uma amiga me falou que estava assistindo Anne com E, confesso que não prestei muita atenção. Ainda não tinha ouvido falar da série e, como tem vários seriados que quero acompanhar e não tenho tido tempo, não absorvi a informação. Quando essa minha amiga terminou de assistir os 7 episódios da série (Netflix), me mandou um áudio super empolgada: “que coisa linda!”, me disse.

Achei a história bacana, porém, mesmo com a narrativa empolgada de quem já tinha assistido tudo, não coloquei na minha lista de produções para ver com urgência. Até terça (30/05). Quando desacelerei a rotina de trabalho, a noite, sentei para assistir a série da minha próxima coluna aqui pro TV História e, com preguiça de pesquisar conteúdo na internet, acessei a Netflix e vi lá o pôster de Anne with an E. Pensei: Por que não?

Enfim, vamos ao que interessa: foi a melhor decisão que tomei em relação a séries nos últimos tempos. Anne é APAIXONANTE. É uma série cheia de vida e inspiradora. Muito. A forma como a garota Anne enxerga as coisas é de uma doçura, ingenuidade e positividade ímpares, cativantes. E olha que ela já sofreu tantos maus tratos que teria N motivos para enxergar tudo mais cinza e sombrio. Veja sinopse:

Anne Shirley (Amybeth McNulty) é uma garotinha órfã que passou a infância mudando de lares temporários abusivos, onde sofria agressões verbais e físicas. Quando ela é enviada por engano para morar com os irmãos Marilla (Geraldine James) e Matthew Cuthbert (R.H. Thomson), Anne se belisca (literalmente), encantada por existirem pessoas que a queiram depois de tanto descaso. Eventualmente, a garotinha vai mudar a perspectiva dos dois, e todos da cidade vão aprender a conviver com seu intelecto afiado e com a sua imaginação brilhante.

Em linhas gerais, a sinopse acima descreve a série, mas, acredite em mim, ela vai muito além. Apenas assistindo para ter a dimensão real do quanto a produção é rica! Comecei a assistir influenciado pela narrativa da minha amiga, nunca tinha lido nada a respeito e fui pego, fisgado, chamem como quiser. É sensacional! Assista ao trailer:

A série é inspirada no livro da escritora canadense Lucy Maud Montgomery, Anne of Green Gables (no Brasil conhecido como Anne Shirley). A trama toda se desenrola no século 19 e aborda diversos temas intensos como a emancipação feminina, o preconceito americano com pessoas ruivas, o “olho torto” sobre a adoção, bullying (que naquela época jamais sonhava em ser chamado assim), violência infantil e questões de identidade, por exemplo.

Mesmo sendo fielmente ambientada na sociedade preconceituosa e ferina do século 19, Anne with an E ganhou minha atenção e vem ganhando de muitos espectadores pela doçura da personagem principal, Anne. É impossível não se render aos encantos da garotinha ruiva e sardenta, tagarela, esperta, extrovertida e de imaginação sem limites.

É sobre Anne, suas aventuras e desventuras, que a série se desenrola e, embora ela tenha sofrido e sofra muito por ter sensibilidade exacerbada, a série é linda. É inspirador o poder que Anne demonstra ao superar tudo, transformando toda adversidade em coisas boas e novas formas de enxergar o mundo a sua volta. Não é que ela não se abale por nada, ela tem o dom de sobreviver a tudo.

Talvez exista ainda dentro de mim, e de quem tem se encantado pela série, aquela esperança genuína, aquele otimismo feroz, forte, que sobrevive a tudo. Aquela positividade de achar que tudo vai ser diferente no amanhã e que cada detalhe conta, é belo e irá mudar o mundo.

Confesso que ainda estou no 3º episódio (correria da vida, faz parte), mas o que vi de Anne até aqui já vale a pena ter assistido a série. Ela sofre? Sim, a gente se emociona junto, uma garotinha daquela idade não merece passar pelos perrengues que passa. Aliás, ninguém merece… Mas, a cada sorriso daquela ruivinha magricela, de dentes encavalados e sardenta, a gente se desmancha positivamente. Se ela pode enxergar tudo diferente, utilizar sua imaginação para escapar da realidade cruel, a gente também pode! Sou muito fã da capacidade dela de sonhar, de ver nas coisas “alcance para sua inspiração”.

P.S: Outra coisa que tem chamado minha atenção, além da personagem e da atuação poderosíssima de Amybeth McNulty, são os diálogos e as falas da pequena. Destaco alguns abaixo:

“Eu gosto mais de imaginar do que de lembrar…”

“- Se me deixar contar o que imagino de mim mesma, achará mais interessante”
– Desejar que algo seja diferente não faz acontecer.”
– Nunca ouvi nada mais verdadeiro”

“Se você puder, do fundo do seu coração, acreditar em mim, e me perdoar, então nós podemos começar de novo”

Comece, hoje, assista, chore, sorria e se inspire porque a vida pode ser muito mais do que essa resignação forçada goela abaixo.


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Inquieto e ansioso desde 1987, Jônatas Mesquita é jornalista e viu o TV História dar os primeiros passos, das viagens regadas a tubaínas e FIFA à audiência europeia. Vive em Lisboa e não precisa de dublagem para assistir às novelas portuguesas Leia todos os textos do autor