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Semana #9
Chama a atenção o quanto Pantanal é uma novela dinâmica, com várias tramas se encorpando e acontecendo a cada capítulo.
E olha que o elenco é reduzido, com apenas cinco cenários: as fazendas de Zé Leôncio e Tenório, a tapera de Juma, a mansão de Mariana e o apartamento de Gustavo. Estes dois últimos, aparecem pouco. Ou seja, a trama se concentra praticamente nos três núcleos do Pantanal.
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O fato de ser uma novela ágil, não quer dizer que tudo aconteça apressadamente, atabalhoadamente, o que deixaria o público perdido ou confuso. A história flui de maneira orgânica e sem atropelos.
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Muito se fala na barriga que teve a novela original, de 1990. Talvez não cresça na versão da Globo, já que a nova produção não se escora em vazantes de tuiuiús para preencher o tempo na tela com imagens da natureza.
Truco!
– Por meio da comitiva de Túlio (participação especial de Jackson Antunes), Zé Leôncio conheceu Zé Lucas e ficou impressionado com a semelhança do rapaz com seu pai Joventino, levando-o a questionar se ele não seria seu irmão.
Um dos pontos altos com os personagens foi a partida de truco no capítulo de quinta-feira – curioso que, apesar deste ser um jogo tão popular no Brasil, nunca havia sido reproduzido em uma telenovela.
Emocionante a cena de sábado em que Zé Leôncio conclui que Zé Lucas, em vez de ser seu irmão como imaginava, é na realidade o seu filho mais velho. Outro momento marcante da novela.
Aos que não lembram, Zé Lucas tem pouca diferença de idade com Zé Leôncio porque foi concebido quando seu pai ainda era adolescente, com 15 anos.
Sofrimento curto
– O sofrimento pela passagem de Madeleine foi curto (como acho que deva ser, senão ficaria monótono para o espectador). E nem tudo precisou ser explícito.
A sequência em que Mariana recebe a notícia da morte da filha emocionou sem diálogo algum. O jogo de cena e as expressões da atriz falaram mais que diálogos.
Por fim, Mariana despachou o neto Jove e a filha Irma para o Pantanal, quase literalmente:
“É um favor que vocês me fazem. Arrumem suas malas e desapareçam daqui!”.
Briga de faca
– Muda revelou a Juma a razão de sua ida ao Pantanal. Seu alvo agora não é a Marruá, mas Tenório.
Gargalhei quando Juma perguntou ao Velho do Rio, após ele dizer que a sucuri vai estar esperando por Tenório na hora certa: “E a Guta? A sucuri dá um jeito nela tumém?”
– Tensa a sequência em que Tibério e Levi brigam, um deles com uma faca. Tibério flagrou Levi pegando Muda à força e os dois iniciaram a discussão.
Enquanto engalfinhavam, Trindade fazia a trilha sonora dedilhando na viola. Mais um espetáculo musicado. Momentos assim acontecem quando direção e texto estão entrosados, em perfeita sintonia e entendimento.
Por fim, Levi acoitou-se na fazenda de Tenório e esse entrecho promete render muito.
Fivela de respeito
– Maria, após a descoberta da segunda família de Tenório, tornou-se uma das personagens mais queridas da novela.
Após jogar verdades na cara do marido (“Ela também lava as tuas cueca cagada?“), vai à forra se negando a cumprir as tarefas domésticas, preferindo passeios a cavalo e banhos de rio, sempre acompanhada de seu escudeiro Alcides.
O jogo de insinuações para o empregado é sempre divertido.
– Nossa Arcides, eu não sabia que ocê andava armado…
– Tô armado nada! Isso é a fivela do cinto somente.
– Fivela de respeito, né Arcides!
Camisola e perfume
– Muito delicada toda a sequência em que Filó presenteia Juma com camisola e perfume, lhe dá toalha e produtos para o banho (com direito a um merchandising bem inserido) e as duas conversam sobre sexo.
Pena que Jove teve aversão ao perfume, por fazê-lo lembrar da mãe.
Merchans
– Um comentário sobre duas ações de merchandising explícitas na semana: do shampoo, creme e sabonete, quando Juma toma banho, bem colocado, dentro de um contexto; e o do refrigerante, que me soou gratuito.
O merchan do refrigerante só não foi de todo ruim porque a cena entre Mariana e Zaqueu (fazendo um lanche no jardim da mansão) foi agradável, leve, o que acabou diluindo o incômodo com o anúncio do produto.
Falando nisso, aos que reclamam das novelas atuais, acabei de assistir Amor com Amor se Paga no Viva (novela de 1984) e foram vários merchans explícitos, quase todos colocados na trama de forma gratuita e fora de contexto.
Merchandising dentro das novelas é tão antigo quanto elas. Beto Rockfeller já fazia, nos anos 1960, de um remédio para ressaca. Alguém precisa pagar as contas.