Após perder a luta contra o câncer, um dos grandes atores da teledramaturgia brasileira e estrela do elenco da Globo teve seu último desejo atendido logo após sua partida.

Nelson Xavier e Lúcia Veríssimo em América
Nelson Xavier e Lúcia Veríssimo em América – Divulgação / Globo

Nelson Xavier nasceu em São Paulo (SP), em 1941. Formado na Escola de Arte Dramática (EAD) da Universidade de São Paulo (USP), ele foi um dos artistas que esteve no famoso Teatro de Arena. Além de atuar, também foi crítico de teatro na antiga revista Visão.

Em 1959, fez sua estreia no cinema: com apenas 18 anos, esteve no longa Fronteiras do Inferno. Sua atuação abriu as portas para outros filmes, como Cidade Ameaçada, A Falecida, Vai Trabalhar, Vagabundo!, O ABC do Amor, Dona Flor e Seus Dois Maridos, entre outras produções.

Sua estreia na televisão aconteceu em 1967, quando ele viveu Zorba Stton, em Sangue e Areia, da Globo. Mas Nelson não ficou preso à televisão. Pelo contrário: dedicou-se totalmente ao teatro e cinema.

Destaques na televisão

Lampião e Maria Bonita
Nelson Xavier interpretou Lampião (Foto: Reprodução)

Seu retorno ao vídeo aconteceu apenas em 1982, quando ele interpretou Lampião na primeira minissérie da Globo, Lampião e Maria Bonita, um grande sucesso de público e crítica.

Depois do êxito na produção, Nelson não largou mais a televisão, atuando em grandes sucessos, como Sol de Verão (1982), Voltei pra Você (1983), Tenda dos Milagres (1985), Hipertensão (1986) e O Pagador de Promessas (1988).

Pedra sobre Pedra
Nelson Xavier na novela Pedra sobre Pedra (Foto: Reprodução)

Em 1989, foi contratado pela Manchete e participou de três produções – Kananga do Japão (1989), Fronteiras do Desconhecido e A História de Ana Raio e Zé Trovão (1990), quando se destacou como o vilão da trama, Canjerê.

De volta à Globo, ele se consolidou como um dos principais nomes do elenco global, sendo escalado para vários sucessos, como Pedra sobre Pedra (1992), Renascer (1993), Anjo Mau (1999), Senhora do Destino (2004), em exibição no canal Viva, Belíssima (2005) e A Favorita (2008), recentemente exibida no Vale a Pena Ver de Novo.

Seu último trabalho foi na malsucedida Babilônia (2015).

Personagem marcante

Nelson Xavier deu vida a Chico Xavier nos cinemas (Foto: Reprodução)
Nelson Xavier deu vida a Chico Xavier nos cinemas (Foto: Reprodução)

Outro marco na carreira do ator foi viver Chico Xavier no filme que contou a biografia do médium. Nelson visitou Uberaba (MG) e conheceu vários locais percorridos pelo personagem que retratou. Posteriormente, o longa foi transformado em minissérie pela Globo, no início de 2011.

“Esse é o meu primeiro contato. Não conhecia Uberaba. E estes três dias que estive aqui, estou chorando várias vezes, porque as revelações, os contatos das pessoas, as coisas que me contam dele, os lugares onde ele esteve, todos me arrebatam. Tudo é muito carregado de uma energia, que só chorando”, declarou ele em entrevista ao JM Online.

O filme, que foi lançado em 2010, tornou-se um grande sucesso do cinema, e permitiu que Nelson se conectasse ao mundo de Chico Xavier e à religião espírita.

Antes disso, em 2004, o ator descobriu que tinha câncer de próstata, porém declarou que estava livre da doença 10 anos depois. Passado algum tempo, contudo, foi descoberto um câncer no pulmão.

O que aconteceu com Nelson Xavier, o Sebastião de Senhora do Destino?

Nelson Xavier
Nelson Xavier recebeu cuidados paleativos durante doença (Foto: Reprodução)

Nelson resolveu fazer o tratamento da doença justamente em Uberaba, recebendo cuidados paliativos no fim da vida. O ator morreu no dia 10 de maio de 2017, aos 75 anos.

“O ator faleceu próximo a amigos e familiares. Estava com o semblante sereno”, declarou o médico geriatra Tiago Ferolla ao G1.

Médica de Nelson, Clarissa Alves de Oliveira, revelou seu último desejo, que foi atendido após seu falecimento.

“Ele falava que foi tocado quando fez o filme do Chico. Ontem, quando eu acompanhava a Via Negromonte [esposa do ator] nos momentos finais, ela falou assim: ‘eu preciso atender uma vontade dele. Ele quer ser vestido com um terno que ele ganhou do Chico’.

O Chico foi pra ele um ídolo, um grande amigo também. Ele disse para mim que aprendeu com a humildade. Para mim, foi um privilégio ter visto esta construção da espiritualidade dele”, revelou, também em entrevista ao G1.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor