Com recordes de rejeição e resistência e retorno triunfal, BBB18 terminava há três anos

19/04/2021 às 0h06

Por: Sergio Santos

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O BBB18, que terminava há três anos, em 19 de abril de 2018, teve a missão de apagar a péssima imagem do BBB17, que esteve cercado de polêmicas, entre elas a parcialidade descarada do apresentador, a conduta deprimente de um participante que acabou expulso e a consagração do jogo de uma menina mimada e egoísta. Embora as interferências parciais e desnecessárias de Tiago Leifert tenham se mantido, a décima oitava edição se mostrou um bom reality e acertou em cheio na seleção dos participantes.

Finalmente houve uma ótima escolha de jogadores, valorizando a diversidade e a pluralidade de temperamentos. Tanto que, pela primeira vez, o BBB não teve um participante considerado planta (apelido dado ao irrelevante ou passivo). Todos tiveram importância em determinado momento do jogo, deixando o reality bem movimentado, independente das eliminações. Isso porque nenhum eliminado chegou a fazer muita falta, em virtude da constante mudança de rumo na disputa.

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Logo no início, a intelectual Mara esteve presente tentando combinar votos e fazendo intrigas. Foi a primeira eliminada, pois faltou sutileza em seu jogo. Mas teve uma boa presença. Já Jaqueline foi uma das poucas que protagonizou um barraco no programa, justamente quando estava no paredão. Mahmoud afirmou que ela tinha lhe prometido a imunidade caso fosse anjo e a participante se irritou quando soube pela fofoca de Ana Paula. Gritou com ele, negando a afirmação, e acabou eliminada no dia seguinte. Renderia muito mais se tivesse continuado, até porque beijou Breno, implicando em um triângulo controverso com Ana Clara.

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E a ausência de maiores confrontos não deixou a disputa monótona justamente pela qualidade da seleção dos participantes. A novidade em ter uma família participando foi válida, ainda que Ayrton e Ana Clara tenham sido claramente beneficiados pela edição. Curiosamente, foram rejeitados no começo, mas acabaram ganhando torcida ao longo do jogo – o favorecimento através de VTs legais também contribuiu, claro.

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Ainda ocorreu uma espécie de novelinha em torno de Lucas e Jéssica, que se diziam comprometidos, mas viviam se acariciando na casa. Ele até ganhou o apelido de Noivo de Taubaté (em alusão ao golpe da tal grávida de Taubaté, que enganou uma equipe de repórteres da Record anos atrás) e não foi perdoado pelo público (nem pela noiva, que virou uma participante extra e terminou com ele aqui fora). Teve, inclusive, a participação de uma fofoqueira fazendo intrigas, vide Nayara, que dedurou Caruso para Lucas, promovendo uma briga entre os dois.

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Já os grupos considerados vilões tiveram grande importância no BBB18. O articulador Diego não poupava seus rivais e fazia de tudo para escapar do paredão, tendo Patrícia, Ana Paula, Caruso, Viegas e Wagner como aliados. Depois ainda conseguiu trazer Kaysar e Jéssica para seu lado. Ao longo do jogo, todavia, seus parceiros foram sendo aniquilados, até chegar sua vez. A eliminação falsa de Gleici foi a principal derrocada de seu grupo.

Aliás, a produção não pensou duas vezes e aproveitou o imenso sucesso de O Outro Lado do Paraíso, promovendo um retorno triunfal da participante, com direito ao tema de Clara (Bianca Bin) – Blaze Of Glory (Jon Bon Jovi) – na voz de Paulo Ricardo. Para a sorte do programa, a participante observou a referência enquanto estava no quarto isolada e ensaiou várias vezes a emblemática frase: “Vocês não imaginam o prazer que é estar de volta”. Seu retorno resultou em um barraco delicioso com Patrícia.

Essa volta, por sinal, provocou outra boa virada no jogo em virtude do rompimento do grupo de antagonistas. Wagner, que sempre ficou no lado mais conveniente, migrou para o grupo de Gleici, fazendo até um casalzinho apaixonado com ela, deixando de lado Caruso e Viegas, que não perdoaram a traição. A saída de Diego não deixou a disputa entediante por isso. Até mesmo Patrícia tentou formar um par com Kaysar, aproveitando seu favoritismo, mas de nada adiantou – foi a mais rejeitada da edição.

Por falar em Kaysar, ele logo despontou como favorito pelo seu incontestável carisma e sua dura história de vida como refugiado sírio contou muitos pontos a favor. Seu jeito atrapalhado contribuiu ainda mais para a afeição do telespectador e nem mesmo sua relação com a odiada Patrícia o prejudicou. Ele forçou em alguns instantes, obviamente, mas sua conduta foi ótima no jogo. Seu maior erro foi ter votado em Gleici, aceitando um pedido de Patrícia. Mas seus melhores votos foram em Lucas e Wagner, que dificilmente iriam para um paredão se não fosse por ele.

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Gleici também ganhou favoritismo através de seu desempenho na disputa – principalmente após o paredão falso – e sua história de pobreza contribuiu para o carinho do público. BBB não é assistência social, é preciso lembrar, mas tanto ela quanto Kaysar fizeram por merecer o prêmio da edição, independente de suas vidas.

Paula é outra jogadora que merece menção. Sensata e equilibrada, teve uma visão perfeita do jogo e sempre focava na hora das provas, se transformando em uma dura adversária a ser batida. Acabou levando Breno consigo e o trouxe para a disputa, uma vez que o rapaz se comportava mais como um mulherengo em micareta do que como jogador. A relação deles despertou torcida em parte do público.

As últimas emoções do programa empolgaram quem assistia e a prova de resistência de 43 horas quebrou o recorde mundial do Big Brother – o reality da Índia era o recordista até então, com 41. A produção precisou encerrar a prova e o maior erro foi deixar a imunidade apenas para um, gerando indignação. Porém, Kaysar conseguiu virar a situação a seu favor, cedendo o benefício a Ana Clara e discursando para o público. A penúltima prova do líder ainda premiou merecidamente Paula, enquanto a última consagrou Kaysar como finalista.

O programa terminou com a vitória de Gleici, com 57,28% dos votos, contra 39,33% de Kaysar e 3,39% de Ana Clara e Ayrton. O reality teve 31 pontos na estreia, 33 na final e média de 26.

A décima oitava edição do Big Brother Brasil teve seus tropeços, principalmente em torno das interferências de Leifert, mas conseguiu apagar a péssima impressão do BBB17. Se mostrou um bom entretenimento para quem curte esse tipo de formato, onde a seleção dos participantes foi o maior acerto.

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