Com protagonistas brilhando, segunda parte de Salve-se Quem Puder é muito melhor que a primeira
05/07/2021 às 11h31
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A novela das sete de Daniel Ortiz vem apresentando uma ‘segunda parte’ muito melhor que a primeira, interrompida por conta da pandemia do novo coronavírus. Salve-se Quem Puder já era uma novela agradável e despretensiosa, mas agora, com o inevitável corte de capítulos, a trama ficou mais ágil e quase toda focada na saga do trio central. Além de se tornar mais atrativa, a trama também expôs o acerto na escolha de Juliana Paiva, Vitória Strada e Deborah Secco para os principais papeis.
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Luna, Alexia e Kyra formam um trio que se aventura em várias confusões e não por acaso parece oriundo de qualquer filme transmitido pela Globo na Sessão da Tarde. As três são claramente inspiradas em As Panteras – série de sucesso da década de 70 que resultou no conhecido filme de 2003 -, mas com um tom mais farsesco. E a proposta da produção do autor, dirigida por Fred Mayrink, seria um fiasco se as atrizes selecionadas não tivessem talento ou falhassem na sintonia em cena, o que felizmente não aconteceu.
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Juliana Paiva, Deborah Secco e Vitória Strada tiveram química logo no início, quando as personagens se conheceram e pouco tempo depois testemunharam um assassinato, virando alvos de um grupo criminoso e entrando para o Serviço de Proteção a Testemunhas.
Ao longo dos capítulos, a sintonia foi aumentando e as cenas do trio ficam cada vez melhores. As atrizes ainda enfrentam uma dificuldade que muitas vezes pode virar uma armadilha para a atuação: interpretar momentos dramáticos e cômicos quase simultaneamente. Não são poucas as vezes que as três passam por alguma situação tensa ou até triste e logo depois encaram várias trapalhadas de humor pastelão. Conseguem convencer sempre.
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Luna é o perfil mais tradicional de um folhetim. A típica mocinha sofredora. O autor até debocha da situação a partir do momento que coloca a personagem com dupla nacionalidade: brasileira e mexicana. Realmente, em alguns momentos os dramas da mocinha deixam qualquer saga de novela mexicana devendo. E após vários perfis cômicos em folhetins, Juliana ganhou a protagonista de menos comicidade do trio.
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A filha de Helena (Flávia Alessandra), que tem a missão de investigar o motivo de ter sido abandonada pela mãe, ao mesmo tempo que foge da assassina Dominique (Guilhermina Guinle), vem sendo defendida com talento, o que prova mais uma vez a versatilidade da atriz. Vale citar ainda a boa química com Felipe Simas, intérprete de Teo, que salvou Luna do furacão nos primeiros capítulos, e com Rodrigo Simas, que vive Alejandro, personagem inserido para compor um novo triângulo.
Alexia e Kyra são tipos mais caricaturais. Mas nem por isso menos difíceis. Até porque o risco de cair no ridículo era elevado. Para se disfarçar, Alexia usa aparelho nos dentes, óculos e uma peruca ruiva chamativa. É muito parecido com o visual da protagonista de Betty, a feia, novela colombiana de sucesso de 1999.
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Se Deborah errasse no tom, naufragaria a personagem facilmente. Mas a atriz tem experiência na comédia – vide a inesquecível Darlene, de Celebridade (2003) – e vem tirando de letra. A protagonista é a mais mal-humorada e pessimista das três, o que proporciona alguns momentos hilários e a intérprete ainda tem uma boa parceria com os colegas de cena Rafael Cardoso (Renzo), João Baldasserini (Zezinho) e Juliana Alves (Renatinha).
Já Vitória Strada é a grata surpresa do trio central. Após ter se destacado na pele de duas mocinhas com intensa carga dramática – em Tempo de Amar (2017) e Espelho da Vida (2019) -, a atriz ganhou sua terceira protagonista seguida. Mas totalmente diferente dos perfis anteriores.
Kyra é um desastre ambulante. Não pode dar dois passos sem provocar algum acidente pelo caminho. Atrapalhada e histriônica, a personagem lembra um desenho animado. Vitória foi encontrando o tom ao longo da novela, inicialmente exagerado demais, e agora domina o papel com precisão. Não é exagero afirmar que a personagem é a mais carismática.
Também é a que tem o melhor triângulo amoroso. Isso porque a intérprete tem química tanto com Thiago Fragoso (Alan) quanto Bruno Ferrari (Rafael), que foi seu par em Tempo de Amar. A relação de Kyra e Rafael, apresentada nos primeiros capítulos, conquistou sem muito esforço. Ao mesmo tempo que toda a construção do amor nascido entre a babá e o viúvo solitário, pai de dois filhos travessos, virou um dos trunfos da trama. Tem sido uma delícia assistir.
Salve-se Quem Puder tem feito por merecer muitos elogios e um deles foi a escalação de Juliana Paiva, Deborah Secco e Vitória Strada. As atrizes estão cada vez melhores em cena e honram o protagonismo da novela das sete.