A décima sexta edição do Big Brother Brasil chegava ao fim há exatamente cinco anos, no dia 5 de abril de 2016, encerrando o ciclo de Pedro Bial à frente da atração. Após algumas edições que deixaram bastante a desejar (vide as duas anteriores, por exemplo), o reality voltou aos bons tempos e conseguiu uma ótima repercussão, movimentação na internet e, de quebra, um ótimo retorno nos números de audiência. A boa seleção de participantes fez toda a diferença e deixou a atração bem atrativa, com direito a empolgantes rivalidades.

O fato de Bial, justamente em sua derradeira aparição, pela primeira vez ter participado ativamente das seleções foi bem proveitoso, até porque o apresentador, que comandava o programa há 15 anos com extrema competência, sabia mais do que ninguém os tipos que podiam ou não render na edição, mais até do que a própria produção. E os participantes foram bem escolhidos, despertando paixões e ódios no público. A variação nas idades dos candidatos – as mais jovens tinham 19 anos e as mais velhas 63 e 64 – também foi muito benéfica para o aumento de conflitos, além de servir para expor uma boa diferença de perfis.

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E não foi nem necessário a produção estimular conflitos, uma vez que os mesmos foram sendo criados ‘naturalmente’. Entretanto, o estopim foi graças ao primeiro desafio, muito bem elaborado pela equipe do reality, que criou pela primeira vez uma liderança quádrupla. O grupo vencedor da primeira prova do líder (quatro pessoas – Ronan, Daniel, Alan e Tamiel) dividiram o poder da indicação, o que implicou em uma grande confusão na casa, em virtude da proliferação de uma fofoca espalhada primeiramente por Ronan. A partir de então, o jogo tinha começado – e bem.

Várias reviravoltas marcaram a edição, começando pelo próprio Ronan, que virou o mais odiado na primeira semana, escapou do paredão graças ao Big Fone e logo ganhou a aliança de Ana Paula, que foi crescendo no jogo com sua espontaneidade (excessiva) e sua falta de limites. O participante mais isolado da casa virou um dos mais fortes por causa da nova aliança, que foi ficando mais sólida com a chegada de Munik e Dona Geralda. Aliás, os grupos foram sendo formados, aumentando o clima de disputa e despertando torcidas fervorosas nas redes sociais.

A própria produção, muito espertamente, soube se aproveitar disso e nomeou os times, lembrando o que tinha feito na época do BBB5. O quarteto de Ana, por exemplo, foi chamado de Quadrilha Suicida, enquanto o grupo composto por Juliana, Adélia, Renan, Daniel e Tamiel foi nomeado como Esquadrão Meditação. Já a dupla formada por Maria Cláudia e Matheus foi intitulada Facção Sabonete, em virtude da falta de comprometimento do ‘casal’, que fingia não ter um lado para escapar dos paredões.

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Protagonismo de Ana Paula

A maior protagonista da edição foi, sem sombra de dúvidas, Ana Paula. Ela simplesmente entrou no seleto time de participantes memoráveis do BBB e deixou sua marca na 16ª edição. Sem papas na língua, arrogante, descontrolada, barraqueira, ‘sincericida’, jogadora voraz e fiel aos seus amigos, Ana dominou os grandes acontecimentos da casa, sendo o foco central de praticamente todos eles. Protagonizou a primeira grande polêmica do programa, quando chamou Laércio de pedófilo durante um dos maiores barracos da atração. Foi depois dessa grande discussão, inclusive, que ela passou a ser a figura mais forte do jogo, pois voltou do paredão contra o próprio Laércio, ganhando uma torcida fanática e atuante.

Ana Paula ainda esteve em um dos momentos mais empolgantes da edição: o paredão falso. O recurso já havia feito sucesso com Ana Mara, no BBB13, mas foi ainda melhor no BBB16. Após sua falsa eliminação, a participante proferiu inúmeras pérolas enquanto via e ouvia tudo o que os outros falavam dela, até voltar com um espírito vingativo clássico de folhetins. A sua entrada no quarto do líder, surpreendendo as inimigas Juliana e Adélia, aos gritos de “Olha elaaaaaaaaa!”, entrou para a história do reality. Suas brigas com Renan também fizeram sucesso.

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A amizade que Ana e Munik tiveram foi outro ponto que merece menção, além do imbatível quarteto formado com Ronan e Geralda, que conseguiu eliminar todos os seus adversários. A Quadrilha Suicida derrotou todos os ‘inimigos’ e a parceria deles foi boa de se ver. Ana, inclusive, foi uma participante tão icônica que foi a primeira a ser expulsa do BBB por agressão. Ela não só eliminou todos os seus rivais, como conseguiu eliminar a si mesma. Após dar dois tapas em Renan, Ana foi desclassificada. Porém, continuou ‘mandando’ no jogo, conseguindo fazer diferença nos paredões dos desafetos – e ainda virou repórter do Vídeo Show, em função da sua participação de sucesso.

A aliança inquebrável de Munik, Ronan e Geralda (que ficou ainda mais forte após a expulsão da ‘líder’) só foi desfeita na reta final por causa das duas vitórias de Cacau nas últimas provas do líder. O jogo da participante consistiu em fugir do paredão de todas as formas, através do não comprometimento e da tentativa de ser a ‘amiga’ de todos, mesmo tendo escolhido veladamente o lado da turma da Juliana e Adélia. Acabou dando certo e ela foi para a final com Munik. Ronan e Geralda só perderam porque precisaram se enfrentar e o paredão mais acirrado da edição foi justamente com eles, onde Dona Gê saiu por 5 a 1. Já Ronan saiu logo depois quando enfrentou a futura campeã Munik.

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Forma de votação alterada

Aliás, a forma de votação foi alterada nessa edição. O último paredão que contou com o método antigo foi o de Daniel contra Ronan. Com o fim do Horário de Verão, a Globo decidiu pela primeira vez mudar o esquema de contagem de votos para tentar minar um pouco a força das torcidas organizadas. Assim, os votos passaram a ser divididos por regiões e votações por SMS. Era feita uma média em porcentagem de cada região do Brasil (Sudeste, Centro-oeste, Norte, Nordeste, Sul) e das ligações por telefones fixos ou celulares. Os resultados viram pontos, que somados indicam o eliminado. Porém, a tentativa não surtiu efeito algum nos resultados finais. Serviu apenas para deixar as enquetes feitas por vários sites ainda mais frágeis.

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Entre outros bons momentos da edição, pode-se mencionar a rápida passagem do ator Juliano Laham, que fingiu ser um participante do Big Brother Líbano, movimentando a casa. Ele provocou a fúria de Ronan e ainda conquistou Munik. Porém, apesar dos vários acertos da atual edição, é preciso citar o marasmo das duas últimas semanas. Com apenas quatro participantes, a disputa ficou monótona e a tentativa de prolongar a penúltima prova do líder com quatro etapas (ao invés de três) não surtiu efeito. Claro que o fato se deu por conta da expulsão de Ana, uma vez que não foi substituída por outro, o que prejudicou a dinâmica do reality. Outro equívoco foi a não utilização do Big Fone. O elemento que mais provoca tensão no jogo foi usado apenas duas vezes, repetindo o equívoco da edição anterior, que também não o aproveitou a contento.

A final, que marcou 29 pontos, contou com shows de Wesley Safadão, Ivete Sangalo e Ludmilla. Como acontece sempre em todas as edições, foram relembrados os maiores barracos, momentos mais marcantes, amores, embates, enfim. E como não poderia deixar de ser, a grande campeã foi a Munik, que fez jus ao prêmio, após ter jogado lindamente, ter sido fiel aos seus amigos e ainda conseguido conquistar o público com seu incontestável carisma. A vitória foi mais do que merecida e fechou essa edição em grande estilo. Foi um encerramento bonito.

O Big Brother Brasil 16 foi ótimo e o reality brasileiro mostrou a razão de ser um dos mais longevos do mundo. Após algumas edições fracas, o BBB16 conseguiu voltar aos velhos tempos, resgatando o público e atraindo a audiência – teve média geral de 24 pontos, contra 23 do BBB15 e 22 do BBB14. Com o protagonismo de Ana Paula e a merecida vitória de Munik, presenteou o fã do gênero com tudo o que ele mais gosta: jogo, embates, rivalidades, perfis adoráveis e odiáveis, brigas, alianças sólidas e muito entretenimento.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor