Com personagem complexa, Maria Fernanda Cândido brilha e emociona em A Força do Querer

Na última semana, uma importante reviravolta dominou os capítulos de A Força do Querer: Ivana (Carol Duarte) finalmente revelou à sua família que é um transgênero e concretizou sua transformação, assumindo de vez o visual masculino.

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Os entrechos da novela de Glória Perez movimentaram o elenco em atuações primorosas e reafirmaram a maturidade da estreante. Entretanto, é preciso fazer justiça também a outra atriz que brilha desde o começo da atual trama das 21h: Maria Fernanda Cândido, que está no auge de sua carreira na pele de Joyce.

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Esposa de Eugênio (Dan Stulbach) e mãe de Ivana e Ruy (Fiuk), a socialite acreditava ter uma família perfeita, a ponto de produzir a filha com figurinos semelhantes aos seus – com o objetivo de fazer da garota uma miniatura sua. À medida que o tempo passava, Joyce começou a ter problemas com Ivana, que tinha vergonha do seu próprio corpo e não conseguia se sentir feminina, contrariando seu desejo inicial.

A ruína do seu “castelo de ilusões” se acentuou à medida em que Ruy traiu sua então noiva Cibele (Bruna Linzmeyer) com Ritinha (Isis Valverde) e se casou com a mesma, grávida. Desde então, a paraense vinha manipulando toda a família, despertando a desconfiança da sogra – uma vez que o garoto, batizado de Ruyzinho (Lorenzo Souza), na verdade é filho de Zeca (Marco Pigossi), ex-noivo da sereia. Enquanto isso, a ex-nora de Joyce tramou uma grande vingança para tentar humilhar o Zeca, mas que evidenciou também sua falta de amor próprio e não teve grande resultado.

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Logo depois, a dondoca descobriu que foi traída pelo marido com Irene (Débora Falabella), uma psicopata que se passou por amiga do casal para seduzir o advogado, aproveitando-se da distância do casal, pois Eugênio sentia que sua mulher não o apoiava

A socialite expulsou o marido de casa e, junto com Ritinha, deu uma surra na rival, em uma cena injustamente considerada machista, que dividiu opiniões. Logo depois, chegou a fazer ciúmes no ex-marido com um antigo namorado da juventude, mas os dois vêm se reaproximando em virtude da nova fase de Ivana.

A revelação de que a filha é um transgênero, um homem no corpo de uma mulher, caiu como uma bomba. O choque da mãe, em um misto de dor e incompreensão, representou o sentimento de ver desmoronar todos os sonhos que planejava, especialmente nas cenas em que Ivana corta os cabelos e, pouco mais tarde, aparece com o visual masculino tão sonhado.

Todo este conjunto vem sendo muito bem defendido por Maria Fernanda Cândido, que tem nas mãos uma das personagens mais complexas da novela – e, a julgar por tudo que já foi apresentado até aqui, o papel mais rico de sua carreira.

A atriz emociona e mostra muita verdade cênica em todos os momentos ao expor os sonhos, desconfianças, preconceitos e dores de Joyce. Ela ainda formou parcerias cênicas de muita qualidade ao lado de Dan Stulbach (um talento de rara presença nos últimos anos), Carol Duarte, Cláudia Mello (a empregada Zu, confidente da família) e Isis Valverde (especialmente quando Joyce tenta mudar o estilo e o comportamento de Ritinha, sem sucesso).

O talento da atriz ficou ainda mais evidente nas sequências da semana passada. A dor de Joyce ao ver a filha se transformar em algo totalmente diferente do que imaginava foi extraordinariamente demonstrada pelas duas atrizes, que emocionaram muito. As expressões de ambas se complementaram ao afiado texto de Glória Perez e resultaram nas (até agora) melhores cenas do ano, que dificilmente serão superadas.

Nos últimos anos, Maria Fernanda tem sido uma presença bissexta nas novelas – as últimas obras que havia feito neste formato foram Paraíso Tropical (2007) e Lado a Lado (2012-13). Revelada em Terra Nostra (1999-2000), na pele da deslumbrante italiana Paola, a atriz tem aparecido mais em séries curtas, como Capitu (2008), Dalva e Herivelto (2010), O Brado Retumbante (2012) e Felizes Para Sempre (2015). Nesta última, protagonizou um impactante triângulo amoroso com os talentosos Enrique Diaz (seu marido, o corrupto empresário Cláudio) e Paolla Oliveira (a prostituta Denise/Danny Bond, que se envolveu com o casal).

Agora, a atriz volta às novelas com uma das personagens mais ricas da excelente trama de Glória Perez. Apesar de, superficialmente, as atitudes de Joyce parecerem preconceituosas e egoístas, ela não é uma má pessoa. Em virtude disso, é impossível não se compadecer com a socialite nos momentos em que ela mais sofre. E Maria Fernanda Cândido faz por merecer todos os elogios que vem colhendo por sua brilhante interpretação.


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