No dia 30 de junho de 1988, o Brasil perdia um dos maiores comunicadores da história da televisão brasileira. Abelardo Barbosa, o Chacrinha, nos deixava aos 70 anos, após lutar contra um câncer de pulmão.
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Como forma de homenagem, no dia 3 de julho daquele ano, a Globo exibia a última edição do Cassino do Chacrinha, programa que ele comandava desde o seu retorno à emissora, em 1982.
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Substitutos
O ano de 1988 não foi fácil para o Velho Guerreiro, como era conhecido o apresentador. Doente, ele precisou se afastar de suas atividades, incluindo seu trabalho na Globo.
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Ele foi substituído, inicialmente, por Paulo Silvino, que comandou a atração durante oito semanas, até ser afastado após desentendimentos com a direção. Em seu lugar, entrou o jovem humorista João Kleber, que já era convidado habitual, atuando como jurado.
O público ficou muito feliz quando Chacrinha voltou, em 11 de junho, ao comando da produção.
“O Velho vai voltar aos poucos. Ele está entusiasmado e com muita vontade de recomeçar. Gravou bem o programa de rádio e, na televisão, como o pique é maior, dividirá os trabalhos com João Kleber. Vai ser uma volta simples, sem muito auê, sem festas, porque o próprio Chacrinha não curte muito isso”, declarou o filho do apresentador e diretor do programa, Leleco Barbosa, ao jornal o Globo de 3 de junho daquele ano.
No entanto, a alegria durou pouco. A morte de Chacrinha comoveu o Brasil, com uma multidão de artistas e populares acompanhando seu velório, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro (RJ), e o enterro.
“Em todos os cantos do País, artistas manifestaram pesar pela morte de Abelardo Barbosa, o animador mais carismático da televisão brasileira”, enfatizou o jornal O Globo de 2 de julho.
Homenagem
Como última deferência, a Globo decidiu exibir o derradeiro Cassino do Chacrinha, gravado 15 dias antes da morte do apresentador.
“A viúva, Dona Florinda, os filhos Jorge, Leleco e Zé Renato, noras e netos foram unânimes em afirmar que há muito tempo ele não se mostrava com tanto ânimo e boa aparência quanto nesse seu último encontro com os amigos, no seu Cassino do Chacrinha”, destacou o jornal O Globo de 3 de julho.
O apresentador estava com uma fantasia azul e prateada, um chapéu de bicos deixando à mostra os cabelos brancos e uma marca de beijo de batom na bochecha, contando com a assessoria de João Kleber, que apareceu na maioria do tempo.
“Como vinha acontecendo desde que a doença deixou o Velho Guerreiro enfraquecido, o jovem animador recebia candidatos e calouros, tentando imitar o jeito, a voz e os gestos de Chacrinha. De vez em quando, Chacrinha aparecia no vídeo. E dava buzinadas, mexia com o público e sorria tentando, dentro das circunstâncias, continuar a balançar as massas”, descreveu a reportagem.
Às 23h30 de 30 de junho de 1988, Chacrinha nos deixou, vítima de infarto do miocárdio e insuficiência respiratória.
“Eu não sei dizer, até agora, se o meu pai sabia ou não que tinha um câncer no pulmão. Nós sentimos a sua falta, mas temos de admitir que ele teve uma morte sem qualquer sofrimento”, destacou Leleco.
Final definitivo
No sábado seguinte, o primeiro sem Chacrinha, a Globo exibiu o Festival da Liberdade, show que comemorou os 70 anos do líder sul-africano Nelson Mandela.
A mídia especulou que o programa poderia continuar no ar, sob o comando de João Kleber e Leleco Barbosa, mas o então todo-poderoso do canal, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, não havia essa possibilidade.
“Levaram um sonoro não do vice-presidente de operação da emissora. Boni considera a ideia completamente fora de propósito”, destacou o Jornal do Brasil de 28 de agosto de 1988.
Era o fim definitivo de uma grande história, que começou ainda nos anos 1960, teve seus percalços, mas terminou da melhor forma possível.