O Brasil parou para ver o último capítulo de América, no ar às 20h55 de 4 de novembro de 2005, portanto há 16 anos.

A trama de Glória Perez chegou ao fim com uma invejável média de 49 pontos; o capítulo final – que selou o destino dos protagonistas Sol (Deborah Secco) e Tião (Murilo Benício) e não exibiu o prometido “beijo gay” de Júnior (Bruno Gagliasso) – registrou 66 pontos, batendo as exitosas antecessoras Senhora do Destino (61), Celebridade (63), Mulheres Apaixonadas (61) e até O Clone (61), novela anterior da autora.

O TV História resgata agora as emoções da última semana deste clássico:

Na segunda-feira, 31 de outubro, o destaque era a experiência de quase-morte do protagonista Tião. O peão de rodeios havia aceitado o desafio de montar o temido boi Bandido – com o qual travou “diálogos” ao longo da narrativa. Em coma após o perigoso desafio, Tião se encontrava com Nossa Senhora Aparecida (Taís Araújo), santa de devoção dos boiadeiros, que o deixava no purgatório. Lá, o peão tinha uma visão de Creuza (Juliana Paes), a falsa beata de apetite sexual voraz, que o chamava para o inferno.

E foi a descoberta da verdadeira personalidade de Creuza o gancho do capítulo 199, que trouxe ainda a relação sexual da frígida May (Camila Morgado) com o fazendeiro infiel Laerte (Humberto Martins), esposo de Irene (Daniela Escobar), e o casamento de Conchita (Franciely Freduzeski) e Carreirinha (Matheus Nachtergaele) – peão analfabeto que, surpreendendo a todos, assinou o nome na certidão.

Ao flagrar a nora na cama com outro homem, Diva (Neuza Borges) sai arrastando Creusa pelos cabelos nas ruas de Vila Isabel. Com esta cena, o capítulo de terça-feira, 1º de novembro, atingiu 62 pontos, recorde de América até então. Decepcionado, o marido traído Feitosa (Aílton Graça) entrou em depressão. Foi Islene (Paula Burlamaqui), a ex-namorada, quem o ajudou a superar o baque. Islene era mãe da deficiente visual Flor (Bruna Marquezine).

Por conta de seus cuidados excessivos, a menina acabava ficando restrita ao ambiente doméstico. Foi o também cego Jatobá (Marcos Frota) quem instruiu Islene e auxiliou Flor a ganhar independência. A abordagem da deficiência visual auxiliou a aprovação da lei de acesso irrestrito aos cães-guias, projeto do deputado estadual José Dourado (do PT da Bahia), que tramitava há mais de um ano no Estado.

O antepenúltimo capítulo, na quarta-feira, começou repleto de magia: Tião, ainda em coma, chegava ao céu para encontrar com seu pai, Acácio (Chico Diaz); no mesmo instante, Sol – que enfrentava uma tempestade durante a travessia pelo mar para os Estados Unidos – via o céu se abrir, desembarcando sã e salva na terra do Tio Sam.

Ainda neste dia, a reconciliação de Laerte e Irene: a perua deixou claro que superaria as “puladas de cerca” dele, mas que admitiria uma eventual possibilidade de falência. Na última cena, Sol se reencontra com Ed (Caco Ciocler), seu amado americano que, naquele momento, era o responsável legal pelo filho Chiquinho – o bebê ficou nos Estados Unidos quando a mãe foi deportada.

Na quinta-feira, 3 de novembro, Jatobá se uniu a Vera (Totia Meirelles), com quem havia se relacionado no passado. Já a filha de Vera, Lurdinha (Cléo Pires), aceitava o pedido de casamento de Glauco (Edson Celulari), o “tio”; empresário corrupto, de muitas mulheres, Glauco via a ex Haydée (Christiane Torloni), cleptomaníaca, se unir a Tony (Floriano Peixoto); e a amante Nina (Cissa Guimarães) encontrar um novo amor, Pedro Paulo (Werner Schünemann). Aqui também a última vilania de May: ela delata Sol à polícia, impossibilitando o convívio familiar entre ela, Ed e Chiquinho.

Havia uma tremenda expectativa para o “beijo gay” prometido para o último capítulo: Júnior passou a última semana toda sofrendo por conta da demissão do peão Zeca (Erom Cordeiro), seu amado; sua mãe, Neuta (Eliane Giardini), não admitia a homossexualidade do filho. Zeca, contudo, retornou a Boiadeiros, por não conseguir ficar longe do pretenso estilista.

O beijo chegou a ser gravado, mas não foi ao ar – grupos gays chegaram a propor um boicote contra a novela substituta, Belíssima, por conta da “censura” da Globo, que retirou a cena da edição final.

Em entrevista, a autora declarou que a censura veio por conta da alta direção da emissora. “Eu não cortei a cena do beijo coisa nenhuma. Eu fiz a cena, ela foi realizada e a casa cortou, considerou que não devia ir até o fim e deixou só aquele pedaço”, declarou Glória à Folha.

Neuta, por sua vez, enfim assumiu o romance com o peão Dinho (Murilo Rosa).

Sol, deportada de novo, foi surpreendida por Ed e pelo filho no aeroporto; os três passaram a viver no Brasil. Alex (Thiago Lacerda), que a levou para os Estados Unidos no início da novela, foi preso numa armadilha articulada pela policial Úrsula (Vera Fischer, em participação especial); a verdadeira chefe da quadrilha de atravessadores, Djanira Pimenta (Betty Faria), saiu ilesa.

Final feliz para Mari (Camila Rodrigues), irmã de Sol e Helinho (Raul Gazolla); Helô (Simone Spoladore) e Neto (Rodrigo Faro) – pais de um menino vítima de um pedófilo; Perkins (Victor Fasano) e Rosário (Fernanda Paes Leme) e Inesita (Juliana Knust) e Waldomiro (Eri Johnson).

As “maria-breteiras” Detinha (Samara Felippo), Bebela (Christiana Kalache) e Penha (Carolina Macieira) continuaram solteiras, de olho no cantor Daniel.

Na cena final, Tião, casado com Simone (Gabriela Duarte), se tornava um grande campeão dos rodeios.

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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.