A faixa das sete da Globo tem se mostrado o horário mais problemático da emissora. Desde a retomada das produções após a pandemia, a emissora lançou cinco novelas às 19h, mas apenas uma correspondeu às expectativas, Vai na Fé (2023).

O autor Carlos Lombardi
O autor Carlos Lombardi

Para tentar mudar este cenário, a emissora recorreu a um velho conhecido do horário: Carlos Lombardi. Autor de alguns dos maiores sucessos da faixa, o novelista vai voltar à Globo para ajudar a emissora a buscar novos talentos para o horário.

O criador de clássicos como Quatro por Quatro (1994) e Uga Uga (2000) vai ministrar uma oficina para revelar novos autores para o horário das sete. Seria essa a solução para a crise do horário?

Carlos Lombardi volta à Globo?

Autor de algumas das novelas das sete mais bem-sucedidas dos anos 1980, 1990 e 2000, Carlos Lombardi deixou a Globo rumo à Record, onde assinou Pecado Mortal (2013). Desde então, o autor está afastado das novelas.

Mas Lombardi voltará à Globo nos próximos dias. Não como autor, mas sim como mentor de uma oficina realizada pela emissora para formar novos autores para a faixa das 19h, de acordo com o jornal O Globo.

Além de Lombardi, participam da ação os novelistas Ricardo Linhares, Rosane Svartman, Patrícia Moretzsohn, Duca Rachid e Thelma Guedes. Trata-se de um esforço da Globo para revelar novos talentos e buscar estancar a crise de audiência da faixa das 19h.

Faixa em crise

Giovana Cordeiro e Nicolas Prattes em Fuzuê
Giovana Cordeiro e Nicolas Prattes em Fuzuê

Novela interrompida pela pandemia da Covid-19, Salve-se Quem Puder (2020) foi o último grande sucesso da Globo na faixa das 19h. Com média de 27,1 pontos, a trama escrita por Daniel Ortiz superou as expectativas da emissora. Antes dela, Bom Sucesso (2019) foi ainda melhor, com 28,8 pontos de média geral.

Depois disso, a Globo só enfileirou fiascos no horário. Quanto Mais Vida, Melhor! (2021) registrou média de 20,5. Já Cara e Coragem (20220 anotou 20,7. Mas nenhuma foi pior que Fuzuê (2023), que bateu o recorde negativo do horário com 19,3.

Nesse meio tempo, apenas Vai na Fé foi considerada bem-sucedida, embora sua média geral seja bem mais modesta que os sucessos anteriores: 23,3. Atualmente, Família é Tudo tem média parcial de 20,3.

Em busca de um sucesso

Diante desses resultados, recorrer a uma oficina com a participação de Carlos Lombardi se justifica. Afinal, Lombardi conhece muito bem o público da faixa e foi um dos inventores da comédia moderna que predomina no horário.

Entre seus sucessos estão Vereda Tropical (1984), Bebê a Bordo (1988), Perigosas Peruas (1992), Quatro por Quatro, Uga Uga e Kubanacan (2003). Todas essas novelas foram caracterizadas pelo humor ácido, cínico e irônico, mas que não perdiam o melodrama de vista. Lombardi é reconhecido pela ação e pelos homens sem camisa, mas o autor é um exímio criador de histórias de amor com casais arrebatadores.

Ou seja, um profissional como Lombardi faz falta à Globo e ao horário das sete. A emissora, inclusive, deveria considerar repatriá-lo, tamanho o seu valor. Mas, enquanto isso não acontece, fica a torcida para que o autor consiga ajudar a encontrar seu sucessor dentre os novos talentos participantes da oficina da Globo.

O próprio Lombardi, aliás, já esteve neste lugar. Foi como colaborador de Cassiano Gabus Mendes – em Elas por Elas (1981) – e Silvio de Abreu – em Jogo da Vida (1981) e Guerra dos Sexos (1983) – que ele “absorveu” a receita da boa comédia das 19h.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor