Com estreia precipitada, Band contribui para desgaste de MasterChef

17/03/2018 às 10h00

Por: Thallys Bruno
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Vinda de uma forte crise em 2017 – que teve como principal marco o fim da versão televisiva do Pânico -, a Band entrou 2018 anunciando novidades em sua programação ao longo do ano. Entre eles, o recém-iniciado vespertino Melhor da Tarde (comandado por Cátia Fonseca, egressa da TV Gazeta), o matinal Superpoderosas, com produção de Ana Paula Padrão, além de um formato dominical de auditório sob o comando de José Luiz Datena.

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Em meio a estes lançamentos, deu o ar de sua graça uma nova temporada do MasterChef, o principal reality de culinária do país, que chega à quinta edição de seu formato-chave (com amadores) – a oitava no geral, se considerar as versões Junior (2015) e Profissionais (2016 e 2017). No entanto, um detalhe chama atenção: o reality iniciou sua exibição no dia 6 de março. Até aí tudo bem, não fosse o fato de concorrer com a boa fase da atual edição do Big Brother Brasil, na Globo. Um desperdício.

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A 18ª edição do confinamento, comandada por Tiago Leifert, vem atraindo cada vez mais público e, recentemente, chegou ao seu auge com a falsa eliminação da acreana Gleici, que foi para um quarto na parte superior da casa, retornando dias depois e indicando ao paredão a cearense Patrícia, que saiu na última terça-feira com a maior rejeição de uma berlinda tripla. Qual o sentido de estrear um programa em direta concorrência com outro em um momento de grande popularidade? Deu a impressão de que a Band se precipitou ao iniciar a nova edição, ao invés de esperar mais e deixar o BBB18 encerrar o seu ciclo, em meados de abril.

Outro ponto que pesa contra o MasterChef é justamente sua superdosagem na programação. Cada edição do formato titular com amadores dura em torno de seis meses, o dobro do normal em realities. Os episódios, por sua vez, costumam durar em torno de duas horas, muitas vezes finalizando perto de 1h da madrugada, algo inviável para quem precisa acordar cedo no dia seguinte. Não bastasse isso, nos últimos anos, as versões alternativas estreiam em torno de 2/3 semanas após a principal, normalmente sendo exibidas entre setembro e dezembro. Somando as duas variações, são 9 meses de MasterChef por ano e apenas 3 meses fora do ar. Desta forma, a Band não deixa o programa “descansar” direito, provocando a sensação de saturação e cansaço.

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Além disto, a emissora ainda perde a chance de exibi-lo em outro dia, como programação alternativa. Para citar um exemplo acertado neste aspecto, é preciso mencionar a terceira temporada do Dancing Brasil, na RecordTV. A competição de dança comandada por Xuxa Meneghel mudou de dia (em vez das segundas-feiras, as quartas-feiras) e estreou no fim de janeiro, ainda no início do BBB. Em um horário de exibição simultâneo ao futebol da Globo, o ‘Dancing’ funciona como boa opção para quem não curte as transmissões esportivas – algo que poderia até ser bem aproveitado pela TV da família Saad, já que não exibirá a Copa do Mundo deste ano (a transmissão no sistema aberto voltará a ser exclusiva da Globo, fato ocorrido pela última vez em 2006).

Mesmo com todas estas ressalvas, o programa ainda apresenta um bom conjunto, capitaneado pelo carismático e exigente trio de jurados formado por Paola Carosella, Erick Jacquin e Henrique Fogaça. As competições despertam fortes torcidas pelos participantes e a dinâmica das provas põe à prova o talento dos mesmos nas mais diversas e inusitadas situações. A ausência de votação popular ainda contribui para diminuir ainda mais o risco de uma classificação injusta. Todos estes acertos fazem do ‘MChef’ o mais completo reality de culinária no país, a ponto de influenciar as concorrentes – especialmente o SBT, com o Junior BakeOff Brasil, encerrado no último sábado (10); e a Globo, que turbinou o ‘Jogo de Panelas’ e o ‘SuperChef Celebridades’, que já existiam como quadros do Mais Você antes do reality da Band estrear, além do ‘Fecha a Conta’.

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Ainda assim, o MasterChef, como principal janela atual da Band, merecia um pouco mais de cuidado. Em meio à crise que a emissora enfrenta, sua superexposição dá a entender uma sensação de “dependência” e contribui para desgastar ainda mais o formato em qualquer uma de suas variações. Além do mais, a TV do Morumbi se precipitou ao lançá-lo em um período onde as atenções estão voltadas para um concorrente em grande fase de popularidade, repercussão e audiência. Que a Band tome cuidado e se dê conta disso a tempo, para evitar que o MasterChef se esvazie totalmente, o que seria uma pena.


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