Quando falamos sobre a história do Jornal Nacional, muita gente, especialmente os mais velhos, se lembram, na mesma hora, de Cid Moreira e Sérgio Chapelin. Afinal, eles foram os comandantes do telejornal durante muitos anos. Mas outros nomes passaram pela bancada do principal noticiário da televisão brasileira, sendo esquecidos pelo público.
Apresentador de telejornais na Globo entre as décadas de 1970 e 1980, Berto Filho terminou seus dias morando no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro (RJ).
Chamado Ulisberto Lelot, ele nasceu em 13 de março de 1940, na capital fluminense. Esteve em praticamente todos os telejornais e programas jornalísticos da Globo, como Jornal Nacional, Jornal Hoje, RJTV e Fantástico. Acabou deixando a emissora em 1986.
Berto voltou à televisão em 1989, numa curta passagem pela TV Rio, que vivia nova fase sob o comando do pastor Nilson Fanini. Por pouco tempo, comandou o programa de entrevistas Política Nacional.
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Passagem pela Manchete e volta à Globo
Após nove anos longe da telinha, Berto foi contratado pela Manchete, sendo um dos funcionários que ficaram até a falência do canal, em maio de 1999. Na emissora da família Bloch, comandou telejornais como Manchete Primeira Mão e Jornal da Manchete.
Berto fez parte da equipe que participou da transição entre a Manchete e a futura RedeTV!. Posteriormente, em 2013, ele conseguiu na Justiça o pagamento dos direitos trabalhistas referentes a esse período, bloqueando a verba publicitária da Bombril referente ao patrocínio do programa Mega Senha, apresentado pelo dono do canal, Marcelo de Carvalho.
Enquanto ficou longe da televisão, Berto continuou atuando como apresentador de eventos e feiras e locutor de vídeos institucionais e comerciais.
Em 2004, ele ganhou uma nova oportunidade na emissora a partir da saída de Celso Freitas, que aceitou convite da Record. Berto voltou ao Fantástico como locutor de matérias, inclusive por ter voz e entonação similares às de Cid Moreira, que também atuava na revista eletrônica dominical. A nova passagem de Berto pela Globo terminou em 2008, quando o jornalista não teve seu contrato renovado pela emissora.
Luta contra o câncer
Nos últimos anos de vida, Berto acabou indo morar no Retiro dos Artistas. Ele morreu na véspera de seu aniversário, no dia 12 de março de 2016, aos 75 anos. Internado no Instituto Nacional do Câncer, foi vítima de um câncer na garganta que se espalhou pelo cérebro. Seu corpo foi sepultado no Cemitério do Caju.
Ao site Ego, o filho mais velho de Berto, Henry Lelot, contou que o pai “morreu em paz, dormindo”. Emocionado, ele também explicou que Berto morava em Cabo Frio desde que se aposentou, junto com a esposa, Marisa. Ela fumava muito, teve um enfisema e morreu.
“Ele ficou muito abalado com a perda e acho que isso acabou debilitando mais a saúde ele. Eles foram casados por 56 anos, ela era a mulher da vida dele”, explicou.
Henry ainda contou que o câncer no mediastino, tratado com sucesso, voltou 10 meses depois, desta vez com metástase.
“Não deu mais para tratar. O tumor tomou a garganta e o cérebro. O da garganta tirou sua voz e o do cérebro tirou um pouco da consciência. Ele teve que deixar a casa de Cabo Frio e foi para o Retiro dos Artistas, onde foi muito bem cuidado até sua partida”, concluiu.