Um dos maiores sucessos de Benedito Ruy Barbosa, O Rei do Gado terminava há exatamente 24 anos, no dia 14 de fevereiro de 1997.

A tradicional história do ódio entre duas famílias, cujo conflito é aumentado com o amor nascido entre seus herdeiros, foi abordada pelo autor e conquistou o público. A rivalidade entre os Mezenga e os Berdinazi era o eixo central da primeira fase da trama (passada em 1943), que durou sete capítulos e foi impecável. Antônio Fagundes e Tarcísio Meira protagonizaram ótimos embates e os fazendeiros que se odiavam foram brilhantemente interpretados por eles.

Antônio Mezenga e Giuseppe Berdinazi eram homens poderosos, determinados e extremamente passionais. Defendiam seus interesses com unhas e dentes e a principal razão da grande rivalidade entre eles era a faixa de terra que ficava na divisa das duas fazendas – cada um era dono de um cafezal. Mas os eternos rivais não contavam que seus filhos se apaixonassem.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Giovanna (Letícia Spiller), filha de Berdinazi com Marieta (grande Eva Wilma), e Henrico (Leonardo Brício), filho de Mezenga com Nena (Vera Fisher), viveram uma linda história de amor e enfrentaram os pais.

A segunda fase começa em 1996 e Fagundes passa a interpretar o filho de Giovana e Henrico, um milionário, dono de várias terras e milhares de cabeças de gado, que sabe da história do passado envolvendo a rivalidade de sua família.

Conhecido como O Rei do Gado, Bruno Berdinazi Mezenga é um homem íntegro, que respeita seus funcionários, ama seu ofício, e é casado com Léia (Silvia Pfeifer), mulher que tem um caso com o mau-caráter Ralf (Oscar Magrini). Solitário e dedicado aos negócios, tem dois filhos com a esposa: Marcos (Fábio Assunção) e Lia (Lavínia Vlasak).

Mas Bruno tem sua vida mexida ao se apaixonar pela linda sem-terra Luana (Patrícia Pillar), mulher que conhece após se deparar com uma invasão às suas terras, comandada por Regino (Jackson Antunes). Esta situação, aliás, mesclou ficção com merchandising social, uma vez que Benedito fez questão de abordar a vida dos trabalhadores do Movimento dos Sem-Terra (MST) e também a reforma agrária, temas já explorados por ele anteriormente na versão original de “Meu Pedacinho de Chão”.

Se na primeira fase, Antônio Fagundes fez uma grande dupla com Tarcísio Meira, na segunda ele brilhou ao lado do saudoso Raul Cortez, intérprete do Jeremias Berdinazi, tio de Bruno (irmão da falecida Giovana, vivido por Caco Ciocler anteriormente) e um rico fazendeiro que não reconhece os Mezenga como membros de sua família.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ele se sente culpado por ter enriquecido traindo os familiares e o único sonho deste solitário senhor, aliás, é conhecer sua sobrinha —- pessoa que a impostora Marieta (Glória Pires em um papel apagado) fingiu ser, despertando a desconfiança de Judite (Walderez de Barros), fiel escudeira de Jeremias.

Além dos grandes atores já mencionados, que brilharam na história, é preciso ainda citar Carlos Vereza, que viveu o político incorruptível Roberto Caxias, Bete Mendes (Donana), Ana Beatriz Nogueira (Jacira, esposa de Regino, que discorda dos ideais do marido sem-terra e sonha poder criar o filho com tranquilidade), Ana Rosa (Maria Rosa), Mariana Lima (Liliana), Claudio Corrêa e Castro (Tony), Stênio Garcia (Zé do Araguaia), Jairo Matos (Fausto), entre outros. Vale destacar ainda a ótima parceria de Raul Cortez e Walderez de Barros, que protagonizaram uma cena final na banheira impagável.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Junto com o êxito, vieram algumas confusões – dentro e fora da novela. O Rei do Gado deveria ter estreado após Explode Coração, mas houve um atraso na produção e a Globo precisou improvisar a exibição de O Fim do Mundo, novela com apenas 35 capítulos, para que a trama pudesse iniciar sua trajetória com folga.

Enquanto a rivalidade entre as famílias Berdinazzi e Mezenga explodia na tela, a produção abordou temas espinhosos, como a reforma agrária, retratando o MST (Movimento dos Sem Terra), dois meses após o massacre em Eldorado dos Carajás (PA). O autor chegou a ser cobrado pela direção da Globo sobre a inserção do tema na história, prometendo abordá-lo com cautela.

Outro problema foi político: o senador Caxias (Carlos Vereza) fez um discurso emocionado no Congresso para apenas três políticos desinteressados. O fato suscitou protestos de outros senadores, como Ney Suassuna, que disse que aquilo era uma distorção da realidade e a cena induzia a população a acreditar que não havia senadores honestos no país.

Um dos maiores sucessos dos anos 1990, “O Rei do Gado” é lembrada até hoje pelos fãs e tornou-se mais uma daquelas novelas que sempre conquistam o público a cada exibição.

Compartilhar.
Avatar photo

Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor