Uma das mais brilhantes atrizes da cena artística brasileira teve um fim trágico. Estamos falando de Ariclê Perez Rangel, que nasceu no dia 7 de setembro de 1943, em Campinas, interior da cidade de São Paulo.
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A atriz teve uma carreira predominantemente voltada para o teatro, chegando a participar em mais de 40 produções teatrais, a maioria delas dirigida pelo seu esposo, o diretor Flávio Rangel (1934-1988).
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Na televisão, seu primeiro trabalho foi na novela Canção para Isabel (1975), na Rede Tupi; anos depois, esteve na inacabada Como Salvar Meu Casamento, na mesma emissora. Ela retornaria ao veículo somente 10 anos mais tarde, em 1989, na minissérie Sampa, exibida pela Globo, e em Cortina de Vidro, do SBT.
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“Nunca deixei de receber convites para fazer TV no Rio, mas, como sempre estava envolvida com teatro em São Paulo, não pensei em usar a ponte aérea para conciliar as duas coisas com o casamento feliz que vivia com o Flávio, já que eu o acompanhava em tudo que ele fazia”, disse a artista em entrevista publicada em 17 de março de 1991.
Destaque na Globo
A partir daí, Ariclê foi contratada da Globo, sempre atuando em novelas e seriados de sucesso. Sua primeira trama no canal foi Meu Bem Meu Mal, de Cassiano Gabus Mendes, em 1990.
O convite veio num momento delicado pelo qual a atriz estava passando, lidando com o falecimento do esposo.
“Esse trabalho é um presente que eu ganhei da vida. A Rosa Maria, que é a mãe em essência, chegou numa hora muito bonita, porque há dois anos perdi meu marido e estava sentindo uma nostalgia, não arrependimento, por não termos tido um filho”, destacou. “Tive um prazer imenso, porque ela chegou na hora que eu sentia essa ausência”, completou.
Outro papel marcante foi Ametista, mãe da protagonista Helena, interpretada por Maitê Proença, em Felicidade (1991). Seguiram as produções Perigosas Peruas (1992), Memorial de Maria Moura (1994), Decadência (1995) e Salsa e Merengue (1996).
Morte trágica
Em 1997, a atriz participou do remake de Anjo Mau, assinado por Maria Adelaide Amaral, a autora com quem iria trabalhar até o fim da vida. Ainda atuou nas minisséries Os Maias (2001), A Casa das Sete Mulheres (2003), Um Só Coração (2004) e JK (2006), seu último papel na televisão, vivendo Julia Kubitschek, mãe do presidente Juscelino Kubitschek na segunda fase da produção.
Na noite do dia 26 de março de 2006, apenas dois dias após o fim da exibição de JK, Ariclê morreu em decorrência da queda do décimo andar do seu apartamento no edifício Diana, no bairro de Higienópolis, região nobre da capital paulista.
As investigações preliminares não descartaram as hipóteses de assassinato ou de queda acidental. Minutos antes de ser encontrada sem vida, Ariclê chegou a entregar ao porteiro um bilhete que continha telefones de familiares, com os dizeres “para qualquer eventualidade”.
Comportamento estranho
Seus companheiros e amigos lamentaram seu trágico falecimento ao jornal O Estado de São Paulo em 26 de março de 2006.
“A gente nunca está preparado para receber uma notícia dessas”, disse José Wilker, que conhecia a atriz há 35 anos. “A última vez que a vi foi quando gravamos nossa última cena da série, justamente quando ela morria, no papel de dona Júlia. Foi uma cena de olhares profundos, de muita emoção”, completou.
“Não tenho o que falar. Me desculpe. Não consigo falar. Estou ferida de morte”, declarou Maria Adelaide Amaral.
Parentes da artista chegaram a comentar que ela se encontrava num período profundo de depressão e tristeza. Em depoimento à polícia, sua irmã comentou que a artista estranhamente estava tendo, na vida real, o comportamento triste e melancólico interpretado na minissérie.
“A irmã de Ariclê disse ainda que, por conta da depressão, a atriz, em alguns momentos, respondia a perguntas corriqueiras como se estivesse incorporando a personagem da tevê. Isso é compreensível, em caso de depressão”, declarou o delegado que investigava o caso, ao site O Fuxico em 20 de abril de 2016.
Após seis meses, Gilmar Camargo comentou que o inquérito havia chegado ao fim e que ela realmente havia cometido suicídio.
“Fizemos todas as apurações. Tivemos os laudos do local, que não demonstraram nenhum assalto e o toxicológico, que deu negativo. Ou seja, não tinha nenhuma substância química no corpo da atriz no momento de sua morte. Conversamos com seus familiares, com a empregada, enfim. Chegou-se à conclusão de que realmente houve um suicídio”, contou ao O Fuxico em 28 de setembro daquele ano.
Ariclê Perez tinha apenas 62 anos e foi enterrada no cemitério Gethsêmani, no Morumbi, em São Paulo.