Estrelada por nomes como Deborah Secco (foto abaixo), Elas por Elas estreou em setembro e segue patinando na faixa das seis da Globo; enquanto isso, a emissora já trabalha em sua substituta, No Rancho Fundo. Mas imagine se a emissora resolvesse cancelar essa nova trama, que deve estrear no primeiro semestre do ano que vem? Foi mais ou menos isso o que aconteceu com Feira das Vaidades, de Gilberto Braga.

Deborah Secco em Elas por Elas
Deborah Secco em Elas por Elas (Divulgação / Globo)

O autor de clássicos como Vale Tudo (1988) e Celebridade (2003) nos deixou em 2021. Dono de grandes sucessos, o novelista tinha verdadeira obsessão por recuperar um pouco do prestígio perdido após o fracasso de Babilônia (2015). Ele passou a investir em inúmeros trabalhos para a Globo, buscando dar a volta por cima. Todos, infelizmente, foram cancelados, mesmo já estando escritos.

Novelas e minisséries foram planejadas; não faltaram ideias para o novelista, que parecia ter pressa em voltar a fazer sucesso. Mas sua sorte no canal não foi mais a mesma…

Alguns dos novos projetos de Gilberto chegaram a ser parcialmente escritos. Foi o caso de Feira das Vaidades, uma novela das seis que, provavelmente, marcaria a volta de Malu Mader à emissora. Além disso, o autor escreveu o remake de Brilhante (1981), então intitulado Intolerância, que pleiteava uma vaga na faixa das onze e quase virou novela das nove.

Remake já tinha equipe e elenco praticamente definidos

Anos Rebeldes - Cássio Gabus Mendes e Malu Mader
Cássio Gabus Mendes (João Alfredo) e Malu Mader (Maria Lúcia) em Anos Rebeldes (Divulgação / Globo)

Feira das Vaidades, o projeto da seis, já contava  até com equipe. Dennis Carvalho seria o diretor e a produção entraria em fase de escolha de elenco. Notícias da época também informavam que nomes como os de Sérgio Marques, Fernando Rebello e Maria Elisa Berredo estariam no time de roteiristas. Denise Bandeira era coautora do folhetim.

Malu Mader, que já havia trabalhado com Braga em outras tramas, como O Dono do Mundo (1991) e Força de um Desejo (1999), era nome praticamente fechado da produção, bem como Cassio Gabus Mendes, que trabalhou com a atriz na minissérie Anos Rebeldes (1992).

Sobre a obra

Gilberto Braga e João Ximenes Braga
Gilberto Braga e João Ximenes Braga (Divulgação / Globo)

O enredo seria baseado na obra Vanity Fair, de William Makepeace Thackeray, escrita em 1847. A trama, originalmente retratada na Inglaterra do século XIX, seria adaptada para o Rio de Janeiro dos anos 1920.

A obra contaria a história de duas mulheres de situações diferentes, uma muito rica e a outra pobre. Para ascender na vida, a menos abastada se casaria com um homem rico, mas ele perderia toda a fortuna logo após o matrimônio.

A novela estava encaminhada, mas a pandemia de Covid-19 acabou atrapalhando a realização do folhetim, que já tinha cerca de 80 capítulos escritos.

João Ximenes Braga, amigo pessoal do escritor e também autor, revelou que Gilberto Braga havia lhe confidenciado que o projeto foi cancelado por conta da crise sanitária, quando a Globo definiu que não faria mais novelas de época, em razão da dificuldade de manter um protocolo sanitário seguro.

Além disso, uma novela de época é mais cara para ser produzida, e o alto custo do projeto também teria pesado na decisão de engavetá-lo. A mudança no comando da teledramaturgia da Globo, que passou de Silvio de Abreu para José Luiz Villamarim, também pode ter influenciado na decisão.

 

Mudança para às 21 horas

Brilhante - José Wilker e Vera Fischer
Vera Fischer (Luiza) e José Wilker (Osvaldo / Sidney) em Brilhante (Divulgação / Globo)

Segundo a jornalista Patrícia Kogut, de O Globo, Gilberto Braga também foi cotado para voltar à faixa das nove. Foi pedido que o autor, que trabalhava numa nova versão de Brilhante para a faixa das 23 horas, adaptasse o projeto para às 21h. A trama se chamaria Intolerância.

A essa altura do campeonato, o autor já havia concluído os trabalhos com os textos da novela, que já tinha os seus 60 capítulos originais terminados.

Porém, mais uma vez, uma série de adiamentos fez com que a trama não fosse produzida para nenhum dos horários. Com isso, Gilberto Braga morreu sem conseguir escrever o seu tão sonhado novo sucesso…

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor