Após fazer sucesso com o remake de Pantanal (2022), Bruno Luperi recebeu mais uma missão na Globo: adaptar outra obra de seu avô, Benedito Ruy Barbosa. Assim nasceu a nova versão de Renascer, que substituiu Terra e Paixão desde 22 de janeiro na emissora.

Marcos Palmeira em Renascer
Marcos Palmeira em Renascer

Mas, antes de se dedicar às adaptações de novelas clássicas do avô, Luperi quase emplacou uma trama original na programação da emissora. O Arroz de Palma chegou a ser confirmada no horário das seis, mas acabou engavetada após 40 capítulos escritos.

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Seguindo os passos do avô

Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi
Os autores Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi (Divulgação / Globo)

Neto de Benedito Ruy Barbosa, Bruno Luperi estreou como autor de novelas em Velho Chico (2016), ao lado da mãe, Edmara Barbosa, e sob supervisão do avô. Após botar um ponto final na saga de Santo dos Anjos (Domingos Montagner), Luperi ofereceu um novo projeto à emissora.

Tratava-se da adaptação do livro O Arroz de Palma, de Francisco Azevedo. O romance trata da imigração luso-brasileira no século XX por meio da saga da família do protagonista Antônio, que deixa Portugal em busca de uma vida melhor no Brasil.

O projeto chegou a receber a aprovação da direção de teledramaturgia da emissora e ganhou um espaço na fila de novelas das seis. A princípio, O Arroz de Palma substituiria Tempo de Amar (2017), mas acabou perdendo a vaga para Orgulho e Paixão (2018).

Depois, foi constantemente adiada até a chegada da pandemia da Covid-19, em 2020.

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Quarenta capítulos prontos

Bruno Luperi
Bruno Luperi (Divulgação / Globo)

Apesar dos adiamentos, Bruno Luperi continuou trabalhando nos capítulos de O Arroz de Palma. No entanto, a emissora lhe ofereceu a adaptação de Pantanal, como ele mesmo contou em entrevista ao Portal do Leo Dias.

“Quando Pantanal chegou, eu estava no capítulo 40 de O Arroz de Palma, em fase de pré-produção, e já escalando elenco. A gente estava com desenhos de produção na cabeça ali, e aí de repente veio a pandemia e fechou o estúdio. Logo em seguida, surgiu a possibilidade ali de adaptar o Pantanal, que era um negócio que já existia entre o meu avô e a Globo, dos direitos, uma cessão de direitos e tudo mais. Me perguntaram se eu gostaria de fazer. Eu falei: ‘Poxa, meu avô está vivo; acho que é o mínimo que eu devo fazer pra ele. Então, foi uma oportunidade única de, eu acho que eu falei pra ele, ser homenageado em vida por um neto. Gostaria que o destino me reservasse algo parecido ali, muito bacana isso”, disse o autor, de 35 anos.

Na mesma entrevista, Luperi contou que prometeu a si mesmo que não voltaria a adaptar uma obra do avô após Pantanal. Na época, inclusive, a imprensa chegou a especular que O Arroz de Palma havia voltado para a fila das seis, mas a informação não se confirmou.

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Novo trabalho

 

Bruno Luperi contou ainda que a oportunidade para adaptar Renascer surgiu duas semanas depois do fim de Pantanal. Com isso, ele acabou descumprindo a promessa que havia feito.

“Quando estava nesse momento de acabar Pantanal, falei pra minha esposa: ‘nunca mais faço nada do meu avô’. Falei isso porque já foi muito feliz, achava que não dava para ser melhor. Aí na semana seguinte, me ligaram e perguntaram se eu toparia fazer a adaptação Renascer. Destamparam o diabinho da garrafa… Aí me cutucou e eu falei pra minha esposa: Ó, você me desculpa, aceitei porque não dá pra negar, né?”, lembrou.

Um dos motivos que levou Luperi a aceitar o novo desafio está no fato de Renascer ter um valor afetivo muito grande em sua vida. Ele tinha apenas cinco anos quando a versão original foi ao ar e preserva lembranças de ver o avô trabalhando.

“Eu tenho as memórias todas da vida da novela acontecendo. A gente frequentava muito a casa do meu avô. Eu via ele escrevendo, chorando, sorrindo, e de repente aquela novela começou a acontecer, as reuniões de elenco, de direção, acontecendo na casa. Comecei a entender todo o processo ali, o que ele fazia, eu comecei a entender o ofício dele de uma certa maneira. Eu via o Marcos Palmeira na nossa casa, foi o primeiro ator que eu vi, que eu achei que saiu na televisão”, revelou.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor