Para boa parte dos utilizadores de cartão de crédito no Brasil, parcelar a fatura não é uma opção. Para outros, no entanto, dividir os gastos mensais em diversas parcelas é a única solução possível para não se afundar em dívidas.

Cartão de crédito
Matéria da CNN alerta sobre cartão de crédito

Mas os brasileiros que fazem parte da segunda categoria devem ficar mais atentos de agora em diante, uma vez que os juros do cartão de crédito atingiram o maior valor em seis anos.

Segundo matéria divulgada pela CNN Brasil, a taxa anual atingiu o valor de 455,1% em maio de 2023, nível que foi ultrapassado pela última vez em março de 2017, quando estava em 490%.

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Alerta do Banco Central

Roberto Campos Neto
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Lula Marques/ Agência Brasil)

Conforme informado pelo BC, os juros cobrados pelas entidades bancárias no rotativo dos cartões aumentaram 7,4%, saltando de 447,7% em abril para 455,1% em maio. Se comparado ao mesmo período de 2022, o aumento é ainda maior: 86,3%.

De acordo com a matéria da CNN, os juros em questão – os mais caros do mercado financeiro – afetam as pessoas que pagam o mínimo da fatura do cartão de crédito, o que acarreta juros sobre juros.

Salvação da lavoura

Stefan D´Amato, economista da Fecomércio-MG
Stefan D’Amato, economista da Fecomércio-MG (Reprodução / LinkedIn)

De acordo com levantamento divulgado pela Serasa, 36% da população brasileira vê nos cartões de crédito uma forma de se organizar financeiramente.

Essa parcela é categorizada como “consumidores conscientes”, segundo a pesquisa Perfil de Cartão de Crédito Brasileiro. Esses utilizadores vêm no cartão de crédito uma forma de organizar os gastos diários, o que para muitos especialistas é positivo do ponto de vista do controle financeiro.

Segundo Stefan D’Amato, economista da Fecomércio-MG (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais), afirmou em entrevista ao Diário do Comércio, as vantagens de utilizar o cartão de crédito de maneira consciente são várias: facilitação do controle dos gastos, concentração de despesas numa única fatura e participação em programas de recompensas são algumas delas.

“Se o usuário não tiver um controle adequado dos gastos e não pagar integralmente a fatura do cartão de crédito todos os meses, pode acumular juros elevados e entrar em uma situação de dívida difícil de ser administrada”, alertou ao DC.

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Brasileiros têm muitos cartões de crédito

Amanda Rapouzo
Amanda Rapouzo, diretora da Serasa eCred (Divulgação)

Ainda de acordo com a pesquisa da Serasa, 52% dos consumidores têm três ou mais cartões de crédito. Para a maioria deles, o objetivo é juntar os limites de todos para as compras do dia a dia.

Detalhadamente, 61% dos entrevistados pelo estudo utilizam os cartões de crédito para compras parceladas, enquanto 37% para consumos essenciais como compras de mercado e abastecimento de veículos. Já outros 14% utilizam o método de pagamento como complemento da renda.

Com tantos recursos disponíveis, a linha para a perda de controle é tênue. Por isso, de acordo com Amanda Rapouzo, diretora da entidade, é preciso ter atenção no uso dos cartões de crédito.

“A pesquisa demonstra que os consumidores estão antenados às funcionalidades do cartão como um aliado na hora de tirar planos do papel e de auxiliar na melhoria da saúde financeira. Acreditamos que a educação financeira seja a chave para adotar bons hábitos e tornar o uso do crédito ainda mais responsável”, explicou Amanda.

Taxas de juros em negociação

Fernando Haddad
Fernando Haddad, ministro da Fazenda (Diogo Zacarias)

Com altas em diversas frentes – crédito para pessoas físicas e jurídicas, consignado, compra de veículos, recursos livres, entre outros –, o governo brasileiro estuda uma forma de conter esses aumentos.

A expectativa é que a partir de agosto uma série de cortes na taxa básica de juros, Selic, seja feitas, refletindo também nos juros cobrados sobre operações de crédito.

No que diz respeito aos juros dos cartões, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera dos bancos um estudo de como reduzir a taxa dos cartões de crédito rotativos. Ele se reuniu com CEOs de bancos e representantes do setor em abril para abordar a questão.

“Eles vão entregar um cronograma de apresentação de um estudo [para juros do rotativo]. Eu pedi celeridade, pediram para envolver o BC porque tem a regulamentação do produto”, afirmou Haddad à CNN Brasil.

“É importante que a gente ataque não só as causas do spread bancário elevado, mas compreenda as causas do custo de crédito elevado”, anuiu Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).

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Inquieto e ansioso desde 1987, Jônatas Mesquita é jornalista e viu o TV História dar os primeiros passos, das viagens regadas a tubaínas e FIFA à audiência europeia. Vive em Lisboa e não precisa de dublagem para assistir às novelas portuguesas Leia todos os textos do autor