Produção de Mauro Wilson e Maurício Farias, dirigida por este, Cidade Proibida estreou nesta terça (26/09), ocupando a faixa da extraordinária Sob Pressão, na Globo. Substituir um seriado de tanto sucesso (de público e crítica), como foi o recém-terminado drama médico, não é simples. E a estreia decepcionou nos números, pois obteve 21 pontos, derrubando em mais da metade os 44 pontos de A Força do Querer. Mas, a emissora confia no potencial desse novo produto, uma vez que preferiu colocá-lo como substituto, ao invés da atração também recém-iniciada Filhos da Pátria.
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Ambientada no Rio de Janeiro, na década de 50, a trama é permeada por traições, crimes, paixões e tem um toque de suspense. Com mulheres fatais e homens violentos vivendo em uma cidade rica e perigosa, o enredo é focado nas investigações do detetive Zózimo Barbosa (Vladimir Brichta), um sujeito galanteador e malandro. O protagonista é um ex-policial que decide trabalhar sozinho e acaba se especializando em casos extraconjugais, muitas vezes se envolvendo com suas clientes. Entretanto, ele não age tão sozinho quanto aparenta.
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Além do personagem principal, há mais três que compõem uma espécie de quarteto inseparável. Zózimo conta com a ajuda da garota de programa Marli (Regiane Alves) – com quem tem um caso -, do delegado corrupto Paranhos (Aílton Graça) e do metido a sedutor Bonitão (José Loreto). Os quatro sempre se encontram no Bar Sereia, onde discutem alguns casos, divertem-se e ouvem os desabafos de cada um.
Logo no primeiro episódio disponível pelo aplicativo Globo Play, inclusive, é possível ver a cumplicidade entre eles no bar, expondo ainda a afeição que Marli sente pelo detetive, não segurando o ciúme quando surge uma nova cliente.
A trama é composta por um caso em cada episódio – havendo ainda o encerramento de alguma outra investigação logo no começo -, sempre contando com participações especiais. O capítulo da internet (exibido nesta terça) teve Mariana Lima e Tiago Lacerda no elenco, onde ela viveu uma esposa que traía o marido e ele interpretou um detetive psicopata que assassina esposas adúlteras.
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Zózimo investigou o caso, mas não evitou que a vítima fosse assassinada. Conseguiu, pelo menos, evitar a morte de Marli, após o seu plano ter sido descoberto pelo ‘colega de trabalho’. Foi um início morno, em cima de um enredo que não chegou a empolgar. O cuidado com a caracterização ficou evidente e a produção é muito bem realizada. Mas, em se tratando de roteiro, não há nada que chame maior atenção. Lembra um pouco o caso de Nada Será Como Antes, série fraca exibida ano passado, que apresentou um grande cuidado com o elenco e elaboração do projeto, mas pecou na história.
O primeiro episódio que foi ao ar na Globo – desta vez, estranhamente, a emissora optou pela exibição de uma trama inédita, depois de ampla divulgação da disponibilização de dois episódios na Globo Play – teve o mesmo padrão que os disponibilizados no aplicativo. A única diferença é que a cliente do detetive era uma ex-namorada que o magoou no passado, vivida pela ótima Cláudia Abreu. Lídia começou sendo investigada por trair seu marido, mas houve uma reviravolta interessante.
Todavia, ainda assim, o desenvolvimento do enredo não conseguiu prender. Os momentos de narrativa de Zózimo, embora breves, cansam e o texto declamado muitas vezes incomoda. O contexto também acaba ficando repetitivo, pois o protagonista é sempre desejado por todas as mulheres que aparecem e o próprio tem um sonho sexual em todo momento que conhece uma nova cliente.
Vladimir Brichta está ótimo na pele do protagonista e em nada lembra Gui Santiago, o roqueiro problemático de Rock Story. Sua presença engrandece qualquer elenco. E é um prazer ver Regiane Alves de volta em um papel que valoriza seu talento. Marli é a melhor personagem da série, apresentando momentos de safadeza e outros de doçura.
Ailton Graça também merece elogios e as participações especiais são luxuosas. Além dos já citados Thiago Lacerda, Mariana Lima e Cláudia Abreu, há Giovanna Antonelli, Mariana Ximenes, Maria Flor, José de Abreu, entre outros. Pena que José Loreto seja a figura destoante, repetindo trejeitos, parecendo que está sempre vivendo o mesmo perfil.
Cidade Proibida é inspirada no álbum de quadrinhos O corno que sabia demais e outras aventuras de Zózimo Barbosa, com texto de Wander Nunes e desenhos de Gustavo Machado. Inicialmente, foi planejada para ser um quadro do Fantástico. E, observando o roteiro limitado da produção, talvez teria sido melhor a ideia anterior, reduzindo as tramas para um tempo em torno de oito minutos, como costuma ocorrer com os quadros da revista eletrônica da Globo. O elenco é de qualidade e o seriado é bem produzido, mas o conteúdo deixa bastante a desejar, não fazendo jus aos quase 45 minutos de duração.
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas