Nilson Xavier

Semana #5

Uma tríade de atores, em especial, teve relevante participação em Pantanal durante a semana: Jesuíta Barbosa, Alanis Guillen e Júlia Dalavia. A trama, parece, girou em torno de Jove, Juma e Guta.

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Os atores estão excelentes em seus papeis. A meu ver, deixando nada a dever aos intérpretes da novela da TV Manchete, Marcos Winter, Cristiana Oliveira e Luciene Adami.

Jove e Juma

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Como citei na review da semana passada, o Jove de Jesuíta Barbosa é um representante da juventude atual: o hipster melancólico, new gothic, cheio de questões existenciais e metafísicas.

O perfil do personagem coube como uma luva para a trama de seu encontro com o Velho do Rio:

– Ninguém é livre do seu próprio destino, Joventino. Liberdade é entender que se não tem vento, não cai semente; se não tem terra, ela não finca; se não tem água, ela não brota; e se não tem sol, ela não cresce. Sem ela, ocê não tava aqui. Porque fruto não cai longe do pé. E se cair, não vinga. Por isso vosso lugar é aqui, como do vosso pai.

– Eu tenho uma família no Rio de Janeiro.

– Ocê não tem nada! É tudo ilusão.

Seja lá o que for que o Velho do Rio deu para Jove beber (que o curou do veneno da cobra), lhe abriu a mente para uma nova realidade, avivada pelo sentimento e pelo fascínio por Juma, que que crescem dentro de si.

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Juma, por sua vez, virou onça no capítulo de sábado, em uma sequência fabulosa. Primeiro arrancou a orelha do homem que a ameaçava, depois ele caiu no rio, onde foi feito de refeição para as piranhas.

Mesmo que não virasse onça, Juma já seria digna da fama que carrega. A moça é arisca que só!

Chegam a ser engraçadas as cenas em que ela empunha a espingarda e ameaça tocar bala em quem se aproxime. Claro que Juma faz para se proteger, como o instinto animal, que lhe é peculiar.

E o Velho do Rio, sempre ali. Confesso que adoro as aparições do Velho do Rio e sua interação com os personagens jovens.

“Essa tar de Guta…”

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Guta é uma personagem de grande apelo. A trama da moça contestadora que confronta o pai a ponto de ameaçar a sua tirania sempre rende. Uma receita infalível: quanto mais déspota o pai, mais afrontosa deve ser a filha.

Libertária e sem compromisso com amarras sociais, Guta só leva um choque de realidade quando precisa engolir uma situação inexorável: o pai a sustenta, logo, não é completamente dona de seu nariz e deve satisfações a ele e à mãe.

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Porém, o segredo que guarda sobre Tenório (que mantem outra família, em São Paulo) é um bom trunfo, que promete ótimos embates.

Muito boa a sequência em que Guta descobre que Marcelo (Lucas Leto) é seu irmão, no momento em que estava prestes a transar com ele.

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Choque de gerações

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O autor projeta um bom panorama sobre pais e filhos que não conseguem se entender, seja por causa de princípios morais discordantes, por diferenças de opiniões ou de forma de encarar a vida, ou por mero choque de gerações.

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Os embates entre Jove e Zé Leôncio carregam a essência da trama da novela. Um não é o que o outro esperava, mas são forçados a conviver com os sentimentos conflitantes de um com outro. Contudo, o laço filial que os une é forte, inabalável.

Apesar de também debaterem por diferenças de opiniões, Guta e Tenório têm um laço filial mais frágil, que tende a arrebentar para o lado do pai, responsável por ter criado uma situação moralmente imperdoável.

A não ser que houvesse uma redenção da parte de Tenório.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor