Chegou a hora: autor precisa decidir o que fazer com personagem de Terra e Paixão
09/07/2023 às 9h21
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Walcyr Carrasco é um dos poucos autores de novelas em atividade na Globo que sabe atender o espectador. Ele não pensa duas vezes antes de revirar suas tramas para agradar ao público, mesmo que isso signifique desagradar a crítica.
Rainer Cadete (Luigi) e Tatá Werneck (Anely) em Terra e Paixão (Reprodução / Globo)Em Terra e Paixão, o dramaturgo já percebeu que diversos personagens ainda não disseram a que veio. A própria protagonista Aline (Barbara Reis) não é unanimidade na imprensa e na internet.
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Para entregar o que o espectador parece se interessar e, claro, arrematar mais alguns pontinhos no Ibope, Walcyr resolveu investir em dois personagens que vêm roubando a cena: Luigi, de Rainer Cadete, e Anely, de Tatá Werneck.
Queridos pelos internautas, os dois passaram a dar expediente em todos os núcleos e estão aparecendo, digamos, em excesso. Ontem (8), eles trocaram o primeiro beijo.
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Amados por um e odiados por outros
Nem todo mundo, porém, vê com bons olhos essas aparições em quase todas as cenas. Há quem critique o investimento do novelista no trambiqueiro que se finge de italiano para aplicar golpes em uma das herdeiras dos La Selva, Petra (Debora Ozório).
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Há também quem reclame da atuação do ator, da falta de originalidade do personagem ou do fio condutor que garante tamanha importância dentro do enredo.
Contudo, quem assiste a novela todos os dias – ou seja, quem faz ser sucesso de audiência e repercussão – aprova o personagem.
Assim, mesmo irritando críticos e figuras ativas nas redes sociais, o golpista segue em evidência dentro do folhetim, ao contrário de vários outros personagens que, até hoje, não emplacaram.
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Punto e basta
É importante frisar que Terra e Paixão nunca pretendeu ser uma produção inovadora, pelo contrário. Carrasco, com o objetivo de recuperar os números perdidos com Travessia, se comprometeu a fazer o “arroz e feijão” de sempre.
Logo, há espaço para Luigi ontem, hoje e amanhã dentro da narrativa. Ele é o típico “pícaro”, figura presente na literatura espanhola: não é exatamente tão puro e inocente como um mocinho, tanto que investe em atitudes controversas, sempre com comicidade, o que atrai o público. O falso europeu da novela das nove já se tornou o “malvado favorito” de meio mundo.
A insistência no personagem fala mais da dificuldade do escritor em tornar outras figuras do folhetim tão atrativas do que dos excessos em torno de Luigi.
O triângulo amoroso principal, com Aline, Caio (Cauã Reymond) e Daniel (Johnny Massaro), nunca convenceu. Antônio (Tony Ramos) e Irene (Gloria Pires), os principais vilões, pouco evoluíram até aqui.
Ainda, o esquecimento de Odilon (Jonathan Azevedo), par de Anely que foi deixado de lado, perdendo espaço para o “italiano” mais amado do Brasil no momento.
E agora, Walcyr?
Com a virada que Terra e Paixão experimentou no capítulo exibido na última quinta-feira (6), Luigi corre o risco de perder espaço. Ele segue envolvido com o vício em remédios de Petra enquanto almeja a sucessão de Antônio. Já o foco dos próximos capítulos, ao que tudo indica, deve ficar na vingança de Irene contra Aline e Caio.
Walcyr Carrasco, certamente, não irá abrir mão de um de seus trunfos. É quase certo que Luigi seguirá tendo destaque, ainda que o autor não demonstre, no momento, para onde irá levá-lo.
Contudo, é necessário ponderar. Mocinhos, vilões e outros núcleos importantes acabarão esgotados e sem possibilidades. Luigi é ótimo, mas a novela das nove pede equilíbrio.