Cenas picantes de Um Lugar ao Sol mesclam delicadeza e ousadia

09/01/2022 às 14h49

Por: Nilson Xavier
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Semana #9

O destaque da semana foi a cena de sexo entre Rebeca e Felipe, uma sequência bem dirigida, bonita, delicada e de bom gosto.

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De acordo com o apurado pela amiga Cristina Padiglione, a cena foi dirigida por Clara Kutner, diretora da equipe de Maurício Farias (que é marido de Andrea).

Um Lugar ao Sol

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Foram cenas delicadas e ao mesmo tempo ousadas, expondo as curvas do corpo da atriz, com tomadas e ângulos pouco comuns para uma novela das nove.

Não lembro de ter visto, nesta faixa horária, cenas de sexo tão eficientes em mesclar delicadeza e ousadia. Tudo dentro do contexto, da trama, dos personagens e do permitido para o horário. Para sequências de sexo gratuitas e fora de contexto, existem outras novelas.

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O peso da idade

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– A sequência em que Rebeca se olha no espelho com o rosto marcado pelo desenho da cirurgia plástica resume o drama da personagem. Neste ponto, entendemos que não se trata meramente do capricho de uma mulher que não aceita ficar velha, mas de algo mais amplo: de etarismo, da sociedade que rejeita e pune quem envelhece.

Nas cenas de sexo, as rugas de Andrea Beltrão estão (quase) todas lá. Havia pouca maquiagem porque a intenção foi salientar as rugas da personagem e sua decisão de não aderir à cirurgia.

– Citei anteriormente que Noca tem uma lógica própria para resolver problemas, inclusive dos outros, com uma ética um tanto maleável. A personagem deu um jeito de meter seu Gesiel dentro de um ônibus, de volta à sua terra, sem o conhecimento da filha dele.

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Com seu modo torto de resolver as coisas, Noca leva à reflexão do abandono do idoso, tema já tratado pela autora Lícia Manzo na novela A Vida da Gente.

Muito bonita a participação de Antônio Pitanga, como Gesiel, a princípio pintado como um velho sovina e ranzinza, mas que revelou-se uma pessoa enfrentando problemas. Pitanga é puro carisma. Como a filha de Gesiel, a sempre ótima Tatiana Tibúrcio.

Personagens tortos

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– Semana passada citei que Joy era a pior personagem de Um Lugar ao Sol. Parece que muda a cada semana né?! Na que passou, o pódio é de Breno.

A princípio um tipo que poderia ser classificado como “sensível” ou “bonzinho”, Breno é na verdade egoísta e tóxico em sua relação com a mulher. Põe pressão psicológica sobre Ilana, fazendo cobranças como se fosse ele a arcar com os ônus da gravidez.

– Conversei com amigos sobre a trama de Júlia, alcoólatra em tratamento vivida por Denise Fraga. Muitos acham a abordagem over, do perfil da personagem à interpretação da atriz, e clichê, da caracterização aos cenários. Eu acho um tanto deprê.

Acredito que a opção por Júlia ser uma pessoa propositalmente “loser”, na vida, na profissão, nas relações, tenha sobrecarregado a questão, que não é leve.

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Talvez se o enfoque fosse mais naturalista não causasse esse desconforto. Orestes, personagem de Paulo José em Por Amor (de Manoel Carlos), novela de 24 anos atrás, é uma referência de interpretação e de abordagem ao alcoolismo. E era absolutamente naturalista.

Coletividade

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– No capítulo de segunda-feira, houve uma passagem de tempo (“meses depois”) antecedida de uma narração por Ravi sobre a coletividade das formigas, enquanto eram exibidas cenas de personagens da novela associados ao texto.

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Quando Ravi fala da saúva, aparecem imagens de Renato (carrega 15 vezes o peso dela, se encontra um obstáculo, ela acha uma saída, aguentam isso porque precisam sobreviver);

colônias: Lara, Noca e os funcionários do restaurante trabalhando (não precisa de chefia, cada uma sabe o que tem que fazer para funcionar, porque elas estão ligadas no coletivo);

acasalamento: Felipe pensando em Rebeca (machos e fêmeas marcam longe do ninho para acasalar);

maternidade: Érica e Ilana (depois de acasalar, os machos morrem e as fêmeas ficam sozinhas, cuidando de tudo);

rivalidade: Renato e Túlio (elas também fazem guerra, escravizam outras formigas).

Ravi conclui com a frase “Não existe formiga só, existe formigueiro“.

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– O capítulo de quarta-feira foi intenso. Rebeca descobre por Bárbara a armação de seu pai para que ela fosse contratada para a campanha publicitária.

Segue-se uma sucessão de DRs: Rebeca tira satisfações com Santiago, Cecília e Ilana, e Cecília briga com Nicole.

Nicole vai à casa de Paco e ajuda Mel na tarefa escolar. Ela lê um trecho do conto de “A Mulher que Matou os Peixes”, de Clarice Lispector, a história da mulher que ficou de cuidar dos peixes no aquário e, por distração, deixou os peixes morrerem. Merece perdão?

Uma referência à própria Nicole, que, por ter revelado um segredo, desencadeou uma avalanche de desentendimentos. De novo sobre coletividade. Um Lugar ao Sol e suas sutilezas.

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