A cena mais icônica de Por Amor, novela produzida entre 1997 e 1998 pela Globo, gerou muita polêmica na época da exibição original. Trata-se da troca dos bebês de Helena (Regina Duarte) e Maria Eduarda (Gabriela Duarte).

Tudo acontece da seguinte forma: Eduarda tem várias complicações no parto, seu útero fica comprometido e a criança não sobrevive.

Mas antes que ela descubra que seu bebê morreu, a mãe decide fazer mais um sacrifício pela filha: implora para César (Marcelo Serrado), médico da família – apaixonado desde a infância por Maria Eduarda -, colocar seu bebê no lugar do neto.

O segredo é mantido apenas entre Helena e César. Nem mesmo os pais das crianças, Atílio (Antônio Fagundes) e Marcelo (Fábio Assunção), sabem a verdade sobre a troca dos bebês.

Repleta de drama, a cena mobilizou o país na época em que foi exibida na Globo, e é considerada uma das mais icônicas da teledramaturgia brasileira. Mesmo assim, provocou muita polêmica.

Reportagem da Folha de S.Paulo de 14 de dezembro de 1997 mostrou que a sequência atropelou a ética, provocando críticas na comunidade médica, que afirmava que o ato poderia gerar medo e pânico em gestantes.

“A novela mostra um médico ilícito e antiético, um mau exemplo para a classe, mesmo que ele tenha agido com as melhores intenções”, opinou, à época, o obstetra Pedro Paulo Monteleone, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo na ocasião.

Já para Carlos Eduardo Czeresnia, responsável pelo setor de obstetrícia do Hospital Albert Einstein em 1997, o episódio criminoso poderia, sim, gerar pânico, pois os pais têm medo de que seus filhos sejam trocados: “Os hospitais hoje têm seguranças com o único intuito de evitar a ‘fuga’ dos bebês”.

Em entrevista ao jornal O Globo do dia 21 de dezembro de 1997, Manoel Carlos disse que a maioria do público que o abordava na rua rejeitou prontamente o fato, mas que algumas diziam que, por amor, realmente, fariam o que Helena fez.

“A maioria discorda, o que eu já esperava. Mas recebo cartas de mães dizendo que fariam a mesma coisa que a Helena fez. Não é fácil concordar com um gesto extremo dessa natureza. E isso gerou polêmica. Tudo que não é unânime é polêmico. Mas o que mais me espanta é que muitas dessas pessoas, que se escandalizaram com a cena, não perdem o apetite depois de lerem nos jornais que uma mãe matou um filho no vaso sanitário de um avião”, concluiu o autor.

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