Dyego Terra

O beijo gay exibido no último capítulo de Pantanal entre Zaquieu (Silvero Pereira) e Zoinho (Thommy Shiavo) não estava previsto no texto que Bruno Luperi havia escrito. No roteiro do autor, estava prevista apenas uma troca de olhares entre os dois personagens.

A cena em questão foi ideia da direção da novela, que achou que cairia bem no fim da trama, onde o ex-mordomo estava triste por ser um dos poucos a estarem sozinhos no casamento triplo que ocorreu na fazenda.

O olhar que virou beijo

Pantanal

Em entrevista à Patrícia Kogut, do Jornal o Globo, o intérprete de Zoinho conversou sobre a cena e diz ter ficado feliz com a repercussão.

“Eu e Silvero topamos na hora. Fico feliz que tenha tido uma repercussão tão legal. Me surpreendeu a positividade das mensagens que recebi. No mundo onde a gente vive, sabemos que o preconceito é algo muito forte. Mas a grande maioria reagiu dizendo que adorou a cena. Inclusive, a turma do rodeio lá da minha cidade, Presidente Prudente (SP), comentou sobre a importância da sequência, que foi muito bonita. Recebi umas duas mensagens de gente falando que estava deixando de me seguir por causa disso, mas não me importei”, contou.

Sentimentos anteriores

Thommy quis lembrar que o envolvimento entre eles não foi algo que aconteceu do nada. Ele lembrou que o seu personagem foi um dos que tiveram atitudes homofóbicas com Zaquieu quando ele chegou a fazenda, mas que também modificou o seu pensamento e passou a agir em favor do peão, como quando convenceu José Leôncio (Marcos Palmeiras) a deixar o cozinheiro participar da comitiva junto aos ostros peões.

“Quando o Zaquieu decide ir para a comitiva e o José Leôncio não deixa, o Zoinho interviu e pediu que ele tivesse uma chance. Com essa convivência, o Zoinho foi se apaixonando por ele”, contou.

Situação oposta à da novela América

América

Foi uma situação totalmente oposta à da novela América, quando o texto escrito por Glória Perez previa um beijo gay entre os personagens de Bruno Gagliasso, o Junior, e Erom Cordeiro, que vivia o Zeca, que chegou inclusive a ser gravado pelos atores, mas, foi tirado da edição no momento final da trama.

Em entrevista à Folha, Glória tirou a sua culpa da reta dizendo que a cena não havia ido ao ar por decisão da alta direção da emissora.

“Eu não cortei a cena do beijo coisa nenhuma. Eu fiz a cena, ela foi realizada e a casa cortou, considerou que não devia ir até o fim e deixou só aquele pedaço”, desabafou na conversa.

Na época, diversos grupos gays peitaram a emissora e ameaçaram boicotar a próxima novela da emissora, que seria Belíssima. Dessa vez, ninguém esperava pela cena, nem mesmo o autor, já que não a escreveu, e nem o público, pois durante a trama não houve um maior envolvimento entre os dois personagens. Os tempos são outros.

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor