Parece filme repetido, mas não é. Toda vez que Celso Russomanno se candidata a algum cargo executivo – seja prefeito ou governador de São Paulo – ele começa o período pré-eleitoral com um bom desempenho nas pesquisas, mas vai perdendo fôlego no decorrer da campanha.

Em 2020 não foi diferente. Mas por que, afinal de contas, ele não consegue converter sua popularidade na TV em vitória nas urnas? O TV História se arrisca a fazer uma análise.

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Abordagens agressivas na Patrulha do Consumidor

Uma das principais bandeiras levantadas por Celso Russomanno é a sua atuação em defesa dos Consumidores. Sua “Patrulha do Consumidor” já passou por diversas emissoras de TV. Antes do período eleitoral, o quadro era um dos campeões de popularidade do Cidade Alerta, da Record.

Mas àquele que aparentemente poderia ser um trunfo, na prática, também acaba fornecendo munição para os adversários. Alguns deles, inclusive, acreditam que essa associação está desgastada.

Não bastasse isso, temos vários exemplos de abordagens controversas, que expõem as empresas envolvidas e seus colaboradores a situações que beiram o nível máximo de constrangimento.

Prova disso é a de que uma caixa de supermercado humilhada por Celso Russomano anos atrás gravou um vídeo se posicionando contra a sua candidatura. Em seu depoimento, ela diz que o político “não é um homem do povo, nem uma pessoa democrática: ele é só um oportunista”. Obviamente, um prato cheio para os seus adversários.

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As polêmicas: a fala sobre moradores de rua e os processos

Semanas atrás, em 13 de outubro, Celso Russomanno concedeu uma declaração que potencializa sua desinformação sobre a transmissão da Covid-19. Na ocasião, ele afirmou que moradores de rua poderiam ser mais resistentes à doença por tomarem menos banhos.

Sem se basear em qualquer evidência científica, a fala apenas expôs um pensamento elitista, que vai de encontro à imagem de homem do povo que ele tanto se esforçou para construir. É o tipo de posicionamento que pode trazer danos irreversíveis à sua credibilidade.

Além disso, existem outras polêmicas que cercam a sua vida pessoal e política: em reportagem, o jornal Folha de S.Paulo lembra que a filha e o genro de Celso respondem processo por suposta propaganda enganosa e promoção de um esquema de pirâmide.

Além disso, o deputado votou contra a proposta de tornar inelegível por oito anos os políticos condenados por infringir a Lei da Ficha Limpa. Em sua defesa, ele alegou que almejava uma punição ainda mais dura.

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O alinhamento com o presidente Bolsonaro e a Universal

Ligado à Igreja Universal, era natural que o candidato buscasse o apoio de eleitores mais conservadores, assim como fez Marcelo Crivella no Rio de Janeiro. Como parte dessa estratégia, a associação da candidatura à imagem do presidente Jair Bolsonaro parecia indispensável.

E Celso Russomanno fez a lição de casa. Tanto é que, na primeira versão do seu jingle, eram feitas três menções ao chefe do Executivo. Mas, na capital paulista, onde o presidente tem a terceira pior avaliação entre as capitais, segundo a Revista Exame, essa aproximação foi um tiro no pé.

Naufragando nas pesquisas, ele modificou a letra do seu jingle para reverter a queda. Mas já era tarde.

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Que lição o desempenho de Celso Russomanno deixa para outros artistas?

O desempenho de Celso Russomanno nas urnas deixa uma lição valiosa para outros artistas que pretendem ingressar na carreira política. Primeiro, é preciso deixar claro que a popularidade na TV pode até impulsionar, mas não é o suficiente para eleger um candidato.

É preciso também apresentar um programa de governo consistente, além de analisar com cautela todas as possibilidades de aliança e coligações. Como diz um ditado popular, “diga-me com quem andas e te direi quem és”.

Finalmente, o candidato egresso da televisão deve ter consciência de que seu passado televisivo, ou como pessoa pública, será devassado. Qualquer deslize que ele possa ter cometido certamente será explorado exaustivamente pelos seus adversários.

Definitivamente, governar um país, um estado ou uma cidade é para políticos que, de fato, estejam capacitados. Em tese, esse é um projeto que deve ser cuidadosamente pensado, mensurando todas as vantagens e riscos. Nada deve ser feito na base da “loucura, loucura, loucura”!

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