Um dos momentos mais impactantes e controversos da primeira versão de Pantanal foi a castração de Alcides (Angelo Antonio). A cena causou furor em 1990, quando a Manchete apresentou o original de Benedito Ruy Barbosa. O remake da Globo também terá a passagem, porém “atenuada”, conforme destacado na coluna da jornalista Patrícia Kogut, de O Globo.

Pantanal

Há 32 anos, o público de Pantanal foi impactado pela violência da sequência em que Tenório (Antonio Petrin), após flagrar Alcides e Maria Bruaca (Ângela Leal) na cama, leva ambos até a tapera de Juma (Cristiana Oliveira) e castra o rival com um facão. O desenrolar da trama incluiu ainda a violência sexual do fazendeiro contra a ex-companheira.

Amedrontados, Alcides e Maria se refugiaram na casa de José Leôncio (Marcos Palmeira). Os dois justificaram os ferimentos com um “ataque de onça”.

“A televisão é muito forte”

Pantanal

Na ocasião, Angelo Antonio revelou ter ficado chocado com a leitura da cena. Em entrevista ao jornal O Dia, de 11 de novembro de 1990, o ator afirmou ter incorporado a sensação de dor e pavor para o momento da castração e imaginado a reação do público:

“A televisão é muito forte. As pessoas tendem a transportar a fantasia para a realidade. Além disto, é uma cena muito difícil, assim como é complicado avaliar o que isto representa para a novela”.

“Ele cresceu muito na trama, ninguém esperava que algo assim fosse acontecer. Mas deixo tudo nas mãos do autor”, prosseguiu. “Valeu e continua valendo. ‘Pantanal’ mudou a história da teledramaturgia no País”, celebrou Angelo, satisfeito.

Cena rendeu elogios

Pantanal

O telespectador da Manchete não foi poupado do sangue, nem do terror. O facão, instrumento utilizado por Tenório em seu ato insano e criminoso, esteve presente em toda cena – inclusive nas chamas do fogão de Juma. No momento da castração, o que se viu foram as expressões dos atores, do horror de Angelo Antonio como Alcides ao sorriso sádico de Antonio Petrin enquanto Tenório.

A crítica apontou no dia seguinte que tal sequência, embora sem som, foi a mais “gritante” da história da teledramaturgia, dando de dez em outro momento então recente e de muito impacto nas novelas: o suicídio de Laurinha Figueiroa (Glória Menezes) em Rainha da Sucata, que Silvio de Abreu escreveu para o horário mais nobre da Globo, o das 20h.

O final de Tenório não foi menos impactante que a mutilação de Alcides. O peão deu fim ao ex-patrão com uma zagaia – lança com ponta de prata –, que atravessou o corpo do malvado. Ainda humilhado, Alcides optou por viver ao lado de Zaqueu (João Alberto Pinheiro), enquanto Bruaca assumiu a administração dos negócios do falecido ao lado da segunda mulher dele, Zuleica (Rosamaria Murtinho).

O remake assinado por Bruno Luperi, neto de Ruy Barbosa, não deve fugir deste desfecho. Juliano Cazarré, Murilo Benício, Isabel Teixeira, Silvero Pereira e Aline Borges respondem, na versão da Globo, por Alcides, Tenório, Maria Bruaca, Zaquieu e Zuleica.

Compartilhar.
Avatar photo

Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor