André Santana

Promovendo constantes reviravoltas para tentar elevar a audiência, Terra e Paixão já se perdeu totalmente. A trama segue atirando para todos os lados, mas a história simplesmente não anda. Dá a impressão que os autores Walcyr Carrasco e Thelma Guedes não sabem mais que rumo dar ao enredo.

Irene (Gloria Pires) e Aline (Barbara Reis) em Terra e Paixão
Irene (Gloria Pires) e Aline (Barbara Reis) em Terra e Paixão (divulgação/Globo)

Na verdade, boa parte dos deslizes da trama tem a ver com os vários erros do início da novela, que dificultam o andamento da narrativa até hoje. Ou seja, o grande desafio dos novelistas é consertar as falhas do começo da história.

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Mocinha problemática

Johnny Massaro (Daniel) e Barbara Reis (Aline) em Terra e Paixão
Johnny Massaro (Daniel) e Barbara Reis (Aline) em Terra e Paixão (Reprodução / Globo)

Um dos principais erros do início de Terra e Paixão que prejudica a novela até hoje é a concepção da heroína Aline (Barbara Reis). O autor acertou em cheio ao apresentar uma protagonista cheia de personalidade, que enfrentava o vilão Antônio (Tony Ramos) de frente.

No entanto, a trama amorosa da protagonista foi muito mal construída. Isso porque, logo no primeiro capítulo, ela confessou que não amava o marido recém falecido. Depois, se envolveu muito rápido com Daniel (Johnny Massaro), num romance que nunca convenceu. Aline ficou parecendo uma mulher volúvel aos olhos do público.

Com isso, a mocinha não ganhou a torcida da audiência. E o desenvolvimento de sua história não ajudou, já que sua meta sempre foi prosperar plantando em suas terras. Mas, ao que tudo indica, a riqueza dela virá mesmo por conta dos diamantes descobertos no local. Ou seja, a mocinha não vai ascender por seus próprios méritos, mas por pura sorte.

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Morte equivocada

Susana Vieira
Susana Vieira como Cândida em Terra e Paixão (Reprodução / Globo)

Terra e Paixão também lida até hoje com a morte de Cândida (Susana Vieira), um erro crasso. Desde que a cafetina partiu desta para uma melhor, o seu famoso bar ficou um tanto perdido na história.

O local já recebeu duas “falsas herdeiras”, Berenice (Thati Lopes) e Nice (Alexandra Richter), numa repetição de trama um tanto quanto estranha. Para piorar, Berenice praticamente desapareceu da história, enquanto Nice morrerá nos próximos capítulos.

E o bar, que a princípio seria um point, acabou esquecido. Os personagens que ali trabalham não foram desenvolvidos como o esperado – Luana (Valéria Barcellos), por exemplo, perdeu destaque. Só Kelvin (Diego Martins) se “salvou”, já que a história do garçom ultrapassou os limites do Naitendei.

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Repetição que cansa

Barbara Reis e Cauã Reymond
Barbara Reis (Aline) e Cauã Reymond (Caio) em Terra e Paixão (Reprodução / Globo)

Outro erro persistente de Terra e Paixão é a repetição desmedida. Nos primeiros capítulos, a palavra “sucessão” era repetida à exaustão, chegando a virar piada entre os espectadores. Na web, muita gente sugeriu mudar o nome da novela para “Terra e Sucessão”.

A palavrinha já foi esquecida, mas outras repetições permanecem. “Terra vermelha”, referência às terras de Aline, continua sendo repetida até hoje, e até já rendeu um “apelido” para a protagonista: Caio sempre a chama de “Aline da Terra Vermelha”.

Por essas e outras, “salvar” Terra e Paixão parece algo cada vez mais distante. A novela se perdeu e não consegue envolver o público por conta destes e de outros equívocos.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor