Vamos para a terceira parte da história dos comerciais que marcaram época em nossa publicidade.

Jeans Staroup – Passeata

Após sair da agência de publicidade DPZ, a Staroup Jeans bateu na porta da W/GGK, de Washington Olivetto, para criar um comercial emblemático: a peça Passeata.

Em uma época em que a ditadura e a censura já tinham terminado, Olivetto usou a repressão como pano de fundo para vender jeans, mostrando jovens com as calças da marca sendo reprimidos pela polícia a base de bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes. Tudo isso ao som do Contos dos Bosques de Viena, do compositor Strauss.

A cada investida da polícia contra os jovens, o locutor afirmava que Staroup tinha processo especial de lavagem, que era resistente e tinha um caimento perfeito. Ao final do comercial, que mostra os jovens resistindo ante a repressão policial, vinha o slogan: Se não for Staroup, proteste!

O público no Festival de Cannes não gostou, vaiando a peça durante a sua exibição e o comercial foi acusado de fazer apologia à violência.

Mas o júri discordou e, unânime, escolheu a peça como vencedora do Leão de Ouro em 1988.

O Casal Unibanco

Em 1992, a W/Brasil, inspirada nas séries de comédia dos Estados Unidos – as famosas sitcons – criou dois personagens para o Unibanco: o famoso Casal Unibanco.

O primeiro casal, Paulo Roberto e Maria Célia, eram interpretados por Felipe Pinheiro e Kátia Brostein. Os comerciais, bem humorados, tinham um certo humor nonsense. Paulo Roberto sempre estava desconfiado da qualidade do Unibanco e queria provar que o banco estava mentindo.

O casal fez bastante sucesso e realizaram 18 filmes entre 1992 e 1993, porém, uma tragédia interromperia a trajetória desse casal – Felipe Pinheiro morreu após sofrer um infarto em novembro de 1993, com apenas 33 anos.

Washington Olivetto nunca vivera isso antes e ficou desolado.

Alguns comerciais já estavam prontos e, em conjunto com a família do ator e com o Unibanco, foi decidido que esses quatro comerciais seriam exibidos de uma só vez, no intervalo do Fantástico, pela primeira e última vez.

Após a tragédia, a W/Brasil encontrou um jeito de escolher o novo casal: seria por meio de votação por telefone, no estilo Você Decide. O público, então, escolheu o casal José Pedro e Ana Lúcia, vividos por Pedro Cardoso e Bianca Byington. Esse casal ficou no vídeo até 1995 e foi substituído por Luis André e Renata, interpretado por João Camargo e Drica Moraes.

Em 2001, entra um novo casal: Luiz Fernando Guimarães e Débora Bloch assumem o papel e, 12 meses depois, Miguel Falabella seria o par de Bloch.

Esse casamento, que teve mais de 80 peças realizadas, chegou ao fim em 2003.

Fundação Roberto Marinho – O Ser Humano

A Fundação Roberto Marinho trouxe à tona a importância da educação em nossas vidas.

Sem educação, a gente regride. E como mostrar isso de forma simples e sutil?

Criado por Mauro Matos e José Guilherme Vereza, o comercial mostra um garoto se transformando, lentamente, em um chimpanzé. O efeito utilizado no comercial era o mesmo, ou parecido, com o que foi feito no clipe Black or White, de Michael Jackson: o Face Morph, ou efeito morfo.

Na época, esse efeito foi revolucionário, mas hoje, mais de duas décadas depois, é possível recriá-lo com um simples app, em qualquer smartphone.

A peça ganhou vários prêmios, entre eles, a medalha de prata no festival de Nova York.

Ideia e Colaboração – Ingrid Nascimento


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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor