A reprise de Paraíso Tropical no Viva foi uma boa escolha e impressiona como a novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares é bem estruturada e movimentada. Tudo através de planejados ciclos que se abrem e fecham ao longo das semanas em um esquema de rodízio onde todos os personagens acabam sendo bem aproveitados.

E uma das gratas surpresas da trama na época, exibida em 2007, foi o casal formado por Lucas e Ana Luísa.

Interpretados por Rodrigo Veronese e Renée de Vielmond, respectivamente, os personagens só se conheceram após algumas semanas de novela no ar. E a química foi imediata.

Isso porque Ana Luísa caiu nas graças do público já no início. A esposa do poderoso Antenor Cavalcante (Tony Ramos) já começa a história sendo enganada pelo marido, que a trai com várias mulheres, incluindo uma amante ‘fixa’, Fabiana, vivida por Maria Fernanda Cândido. Não foi difícil o telespectador logo se afeiçoar pela ricaça, que esbanja delicadeza e elegância.

O primeiro encontro com Lucas, melhor amigo do mocinho Daniel (Fábio Assunção), se dá, ironicamente, após uma suspeita (correta) que Ana tem sobre a fidelidade do esposo. Os dois se esbarram em uma galeria de arte e a troca de olhares promove o clichê mais comum na teledramaturgia. O jovem se encanta e a milionária fica balançada.

No entanto, nada acontece e os personagens passam a integrar o time de desencontrados do enredo. Sempre próximos, mas ao mesmo tempo distantes. Paraíso Tropical usa e abusa do recurso ao longo de sua exibição.

Avalanche de desencontros

Todavia, a situação em torno da avalanche de desencontros não empolga com os protagonistas Daniel (Fábio Assunção) e Paula (Alessandra Negrini), que fracassaram na época.

Já com Lucas e Ana sim. De uma certa forma, os dois assumiram o posto de mocinhos do enredo, uma vez que o casal sensação Bebel (Camila Pitanga) e Olavo (Wagner Moura) eram os vilões. E a questão envolvendo a diferença de idade não chegou a ser tratada como tema do folhetim e muito menos causou rejeição no público, que muitas vezes costuma não comprar esse tipo de par até hoje – há ainda um conservadorismo.

A construção do par é muito bem desenvolvida pelos autores. Tanto que um dos momentos mais bonitos de Ana Luísa é quando a personagem volta a dirigir, superando o trauma que sofreu com a perda do único filho, vítima de um acidente de carro, onde ela era a motorista. E a superação só ocorre por causa de Lucas, que se acidenta e precisa ser levado para um hospital.

Pouco tempo depois, Ana acaba descobrindo a traição de Antenor, graças ao plano de Marion (Vera Holtz), se separa e perde o medo de se envolver com o amado. A música tema ainda é a linda Carvão, cantada por Ana Carolina. Fica impossível não torcer pelo romance.

Outra qualidade do casal é a escolha dos intérpretes. Foi a estreia de Rodrigo Veronese na Globo, após algumas participações em novelas da Record e SBT.

E a trama marcou o retorno da grande Renée de Vielmond, após 9 anos afastada da televisão. Eram duas caras novas para o público, em meio a tantas escalações repetitivas – já eram em 2007 e estão muito piores atualmente.

Infelizmente, os dois não viraram figuras mais frequentes nas produções da emissora depois do sucesso. Rodrigo esteve em Beleza Pura, de 2008, e fez poucas participações posteriores, enquanto Renée voltou a sumir da telinha.

É de se lamentar também a saída precoce dos atores da história de Gilberto e Ricardo. Como a novela era baseada em ciclos, o deles se fechou antes da metade do enredo. Ao menos o êxito do par fez com que os dois voltassem na reta final.

Paraíso Tropical é um ótimo folhetim. A reprise no canal Viva tem possibilitado a confirmação de todas as qualidades da história. E uma delas foi o lindo casal Lucas e Ana Luísa. Vale a pena rever.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor