Memória

Carlos Alberto abriu o jogo sobre fim da Praça: “Só saio do SBT expulso”

Carlos Alberto de Nóbrega

Carlos Alberto de Nóbrega

Ao longo da história do SBT, muitos programas foram cancelados – ou quase. Em algumas vezes, o patrão voltou atrás e manteve determinada produção no ar. Recentemente, por exemplo, a emissora anunciou que Casos de Família estava fora da grade de programação. Mas Silvio pensou melhor e manteve a atração.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Um dos programas mais antigos da história da TV, do próprio SBT, também correu risco de ser tirado do ar. A Praça é Nossa, que fez sua estreia em 1987, sempre deu ótimos índices de audiência para a emissora com o seu humor popular.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Corte de gastos

Em 2003, o SBT começava a viver uma crise que culminaria na perda do segundo lugar no Ibope, que foi conquistado pela Record. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em maio de 2003, a emissora decidiu acabar com a Praça para conter gastos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

LEIA TAMBÉM!

Após muitas conversas entre Carlos Alberto e Silvio, ficou decidido que o programa não seria extinto, mas mudaria de dia e horário – sairia das noites de sábado para quarta-feira. O dono do banco não gostou nem um pouco, mas disse que acataria a decisão. Mais uma vez, o dono do baú voltou atrás e manteve o humorístico aos sábados.

A Praça passou por um corte, humoristas foram demitidos e outros pediram demissão, como Batoré e Marcelo Médici. Alguns artistas tiveram que interpretar dois personagens por programa para tapar o buraco que ficou.

Demitindo o patrão

Durante as gravações do especial de 50 anos da Record, em 24 de maio de 2003, Carlos Alberto disse, em entrevista ao TV Fama, que se pudesse, demitiria Silvio Santos caso ele fosse seu subordinado. A fala teve repercussão e o humorista voltou atrás.

“Tenho intimidade com o Silvio, mas não podia ter dito assim diante do público. Pode ser que eu pague pela língua, mas só saio do SBT expulso. Não vou brigar com o Silvio”, disse Carlos Alberto ao O Globo em 08 de junho daquele ano.

A Praça, que em 2007 trocou as noites de sábado pelas de quinta-feira, comemorou 20 anos no ar. Mas num cenário bem diferente dos tempos áureos que viveu na década de 1980 e 1990. O SBT, que vivia uma fase difícil em todos os aspectos, perdia relevância no mercado, e a data acabou passando batida.

“Não posso ir contra o dono da emissora”

Mais tarde, em uma coletiva de imprensa, Carlos Alberto refutava a ideia de que o seu programa era velho.

“A Praça é um programa antigo, não velho. O Zorra Total é um programa velho feito com muito luxo. Ele usa quadros da Rádio Nacional e da Mayrink Veiga. Os quadros da Praça foram totalmente renovados, não tem mais a Velha Surda”, disse ao O Estado de S. Paulo em 23 de maio de 2007.

Na entrevista, ele falou sobre as dificuldades em implantar ideias no SBT e que quem manda era o Silvio.

“Fiquei 12 anos na Globo e vim para o SBT cheio de ideias, mas elas não cabiam aqui. Não posso ir contra o dono da emissora. Manda quem pode, obedece quem tem juízo”, falou.

Um sucesso que ultrapassa gerações

Em março de 2008, quando o programa atingiu a marca de mil edições, Carlos Alberto se mostrava pessimista sobre o futuro do programa em uma entrevista a Veja.

“Do jeito que vai, a Praça não tem futuro. O SBT está numa fase difícil. E as pessoas não querem mais saber desse tipo de humor”, desabafou.

Ao contrário da previsão, a atração, que permanece no ar, continua indo muito bem na audiência e renovando o seu quadro de humoristas, em um momento de escassez de programas de humor na TV.

A Praça é respeitada, assim como Carlos Alberto, que ao longo do tempo recebeu inúmeras homenagens, mostrando que o público e seus colegas seguem admirando aquele senhor que vive lendo jornal no banco da praça.

Sair da versão mobile