Cara e Coragem paga caro por quebrar regra primordial das novelas

Cara e Coragem - Marcelo Serrado e Paolla Oliveira

Reprodução / Globo

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Cara e Coragem não conseguiu conquistar a audiência ao apostar numa trama de mistério um tanto mal ajambrada e pouco interessante. A trama de Claudia Souto também pagou o preço por dar protagonismo a um dos casais mais imperfeitos já vistos numa novela. Foi difícil torcer por Pat (Paolla Oliveira) e Moa (Marcelo Serrado), já que eles pisaram na bola o tempo todo.

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Nos mais recentes capítulos da novela das sete da Globo, foi revelado que Sossô (Alice Camargo) é filha biológica de Moa. Ou seja, no passado, Pat e Moa tiveram um envolvimento, quando ela ainda era casada com Alfredo (Carmo Dalla Vecchia), e ele com Rebeca (Mariana Santos). Trata-se de uma ousadia pouco vista em folhetins.

Heróis errados

Diz a cartilha das novelas que os heróis devem ser virtuosos. Ou seja, um mocinho, a princípio, é um homem de caráter reto. Já a mocinha deve ser incorruptível. Mas Pat e Moa foram na contramão dos heróis clássicos ao se mostrarem cheios de defeitos.

Desde o início da novela, a tensão sexual entre Pat e Moa ficou clara. Os dois foram apresentados como grandes amigos e colegas de trabalho, com uma amizade tão estreita que unia as famílias de ambos.

Justamente por conta desta união, um envolvimento entre eles já parecia errado. Afinal, Alfredo era um cara legal e parecia amigo de Moa. Pat e Moa ficarem juntos, portanto, era uma dupla traição.

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Para piorar, Alfredo estava doente. Com isso, era complicado torcer para um casal como Pat e Moa, já que isso significava que Alfredo sofreria. Claudia Souto propôs uma história de amor em que torcer por ela era, na verdade, ver uma família ser destruída.

Assim, de cara, já houve uma rejeição a Pat, que piorou quando Alfredo descobriu um beijo entre sua esposa e Moa e, mesmo assim, a recebeu em casa com um jantar romântico, tentando driblar a crise.

Traição

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Na reta final, Cara e Coragem revela que a relação de Pat e Moa era bem mais antiga. Tanto que rendeu um fruto, Sossô. E Alfredo, mais uma vez, sai como o homem que se sacrifica em nome da mulher amada, já que ele sabia que, provavelmente, a menina não era filha dele – que realizou uma vasectomia sem o consentimento da então companheira. Mesmo assim, se calou e a criou como se fosse.

Este envolvimento passado mostrou que Moa também traiu. Afinal, ele transou com a colega de trabalho quando ainda era casado com Rebeca, sempre vista como malvada da história por seu relacionamento com Danilo (Ricardo Pereira). Ou seja, Pat e Moa erraram bastante. Os dois traíram a confiança de seus respectivos parceiros em nome do amor que sentem um pelo outro, mas sempre reprimiram.

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No fundo, é uma história absurdamente humana. Pat não era infeliz no casamento, mas não tinha pelo marido o mesmo sentimento que nutria pelo colega de trabalho. O mesmo deve ter acontecido com Moa, com a diferença que o dublê se separou há mais tempo. Algo que pode acontecer na vida real, mas que não combina com o arquétipo do herói imperfeito.

Ou seja, a autora Claudia Souto foi corajosa ao apostar num romance tão fora dos padrões. Ela paga por esta ousadia, já que Pat e Moa estão longe de cair nas graças do público. Ainda assim, foi uma ousadia interessante. Com Cara e Coragem, Claudia Souto se permitiu sair do lugar-comum. É uma novela sobre coragem, afinal.

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