Com o claro intuito de fazer frente ao já longevo The Voice Brasil, na Globo, a Record comprou os direitos de All Together Now, formato britânico pouco conhecido no Brasil que envolve uma ambiciosa estrutura. O programa estreou na penúltima quarta-feira de julho (18/07), às 23h, e provocou a melhor das impressões.

Apresentado por Gugu Liberato, o reality musical sai da mesmice ao ter 100 jurados no time e todos posicionados em um enorme painel. O candidato ou candidata precisa se apresentar diante deles e conseguir levantar o maior número de julgadores. Quanto mais pessoas, mais pontos o cantor (a) faz. Dez competidores se apresentam em cada um dos seis primeiros programas. Quem consegue a maior pontuação do dia já se classifica para a semifinal. E o participante que atinge a difícil missão dos 100 pontos, ou seja, 100 jurados de pé, vai direto para a final.

O esquema da soma de pontos, aliás, é bem parecido com o do extinto SuperStar, exibido na Globo entre 2014 e 2016, que era baseado no formato israelense Rising Star. A diferença é que agora não é um telão eletrônico que sobe quando se atinge determinada pontuação com a votação popular. E a dificuldade da Record em escalar 100 especialistas ficou visível, como já era de se imaginar. O resultado foi uma mescla de cantores que caíram no ostracismo, outros nomes mais conhecidos, técnicos vocais anônimos e até sósias de intérpretes como Elvis Presley, Lady Gaga e Ozzy Osbourne. Até ex-participante de A Fazenda foi selecionado.

Claro, o juri acabou se tornando um conjunto um tanto quanto grotesco. Mas essa questão não afetou a atração, que realmente tem um formato muito interessante. Felipe Dylon, Andreia Sorvetão, Conrado, MC Créu, Vida Vlatt, Penélope Nova, Pepê e Neném, Salgadinho, Thaíde e Sula Miranda são alguns dos poucos nomes mais “conhecidos”. A única certeza é que a jurada mais talentosa é Deise Cipriano, uma das vocalistas do inesquecível Fat Family. Sua potente e afinada voz é uma marca de respeito. Todavia, como são muitos julgadores, é impossível destacar alguém e as poucas intervenções de Gugu duram um tempo bem curto. O protagonista é de fato o participante.

Inclusive, vale destacar o pouco aproveitamento do apresentador. Gugu finalmente abandonou de vez o sensacionalismo de seu antigo programa e ganhou um promissor formato para comandar. Merece mais importância e menos falas ‘decoradas’. Uma interação maior com os candidatos se faz necessária. No entanto, a atração desperta o interesse de quem assiste e vários cantores já se destacaram – uma já foi para a final logo na estreia, após ter alcançado os cobiçados 100 pontos.

Canta Comigo é uma boa aquisição da Record e a emissora foi inteligente ao colocá-la em todas as quartas-feiras, funcionando como uma ótima opção para quem não gosta de assistir ao futebol na Globo. O formato foge da mesmice e tem um futuro promissor.


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor