Perdeu tudo! O drama da Rede Record de Televisão, que pretendia ser a nova líder de audiência e afirmou isso aos quatro cantos, mas acabou sucumbindo e entregando a sua teledramaturgia à igreja.
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Quando afirmou que seria a futura toda poderosa do mercado televisivo e o faria em um período de dez anos, a emissora pareceu ter deixado o SBT, principal concorrente, totalmente para trás quando chegou a abrir três horários de novelas nacionais.
Mas essa era chegou ao fim. A pá de cal definitiva no setor de novelas contemporâneas foi dada por Rudi Lagemann, diretor da novela, que afirmou que a prometida continuação de Topíssima (2019) não vai acontecer. A trama estava cotada para suceder Amor sem Igual (2019), estrelada por Thiago Rodrigues (acima), mas o projeto acabou adiado.
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Rumo à liderança
A partir de 2004, a Record investiu pesado no projeto “Rumo à Liderança”, abanando polpudos cheques para tirar grandes estrelas da Globo. Com isso, conseguiu montar um belo time de teledramaturgia e fez novelas que registraram ótima audiência, como A Escrava Isaura (2004, foto acima) e Prova de Amor (2005).
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Parecia o fim do sonho da instituição de Silvio Santos em recuperar a vice-liderança e que nada tiraria o canal de Edir Macedo desse caminho.
Contudo, anos depois, não sobrou o mínimo resquício desse ousado projeto, que atualmente pena para conseguir exibir um título por vez e ainda insiste em um modelo já falido de produção.
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Somente novelas bíblicas
Isso porque a única alternativa para a enxurrada de tramas bíblicas produzidas a fio pelo canal, a continuação de Topíssima, exibida com relativo sucesso em 2019, está oficialmente descartada.
Rudi Lagemann, um dos chefões da estação, confirmou nas redes sociais que a obra não voltará em nova fase, contrariando os anúncios feitos até mesmo no último capítulo da trama.
Assim, a direção assume que não investirá mais em histórias modernas, insistindo no gênero bíblico, que há tempos dá sinais de cansaço. Mesmo assim, Reis, atual aposta, que já está há várias temporadas no ar, tem várias outras mais com produção confirmada.
Ainda por cima, o canal demitiu Cristianne Fridman, autora do enredo exibido na extinta faixa das 19h45. E ela não foi a única. Desde que o setor passou a ser comandado por Cristiane Cardoso, filha do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, todos os autores sem ligações com a instituição religiosa foram demitidos, restando apenas os que são ligados à religião.
Vale dizer que, segundo a Folha de S. Paulo, tal atitude revoltou diversos novelistas dispensados, que chegaram a processar a Record por intolerância religiosa. Caso de Paula Richard, autora de Jesus (2018).
Novos objetivos
Com a insistência na morna franquia “made in culto” e somente em apresentar folhetins baseados na Bíblia, o canal dos bispos confirma que hoje o seu objetivo é muito diferente do dito na década passada.
Uma vez competitiva e estratégica, agora a Record apenas deseja evangelizar os frequentadores dos cultos de sua instituição, algo que ficou claro com a obra Todas As Garotas em Mim (2022), que era praticamente um infomercial da Universal.
Fazendo isso, a televisão sediada na Barra Funda, em São Paulo (SP), até consegue manter uma base “fiel” de audiência em torno de 5 pontos médios, mas abre mão de voos maiores.
Restrita ao modelo “novo testamento” de se fazer TV, a Record deixa de angariar um público mais amplo e menos nichado e abre mão de qualquer competitividade, que parece ser algo que não está mais nos planos da alta cúpula. A emissora parece conformada com muito menos do que poderia atingir, apenas focando em seu projeto de evangelizar e se esquecendo totalmente da televisão.