Quem é insone sabe que todas as emissoras estão no ar, 24 horas por dia, exibindo séries, filmes, noticiários e até mesmo pastores espalhando a “palavra do Senhor” madrugada afora. Antigamente isso não era comum: os canais encerravam suas transmissões, retornando apenas nos primeiros minutos do nascer do sol.

Antes da entrada do “colorbar” ou da chiadeira total, uma mensagem simpática de “boa noite e até amanhã” era empregada pelos canais na conclusão de mais um dia de atividade.

Essas mensagens marcaram época e até hoje povoam a memória de muitos que viviam acordados, madrugada afora, no período.

Entretanto, na metade da década de 1990, as emissoras passaram a adotar a programação por 24 horas, saindo do ar algumas vezes devido a manutenção técnica.

Hoje, vamos relembrar algumas vinhetas que, graças aos cinéfilos que programavam o vídeo para gravar noite adentro, temos a chance de ver hospedadas no YouTube.

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Tupi

Quando a pioneira Rede Tupi encerrava sua programação, era exibido um clipe de quase três minutos, mostrando os bastidores da emissora embalada por um belo instrumental executado pela orquestra da Tupi. Classe e delicadeza transformaram essa vinheta em um documento importante da primeira emissora do país.

Manchete

Quando a Rede Manchete entrou no ar, em 1983, a abertura do programa inaugural, Mundo Mágico, trazia o ‘M’, símbolo da emissora, sobrevoando o país como um disco voador. Essa vinheta foi inovadora para a época, por utilizar uma tecnologia até então inédita. Produzida por Aldir Ribeiro, e com trilha criada pelo conjunto Roupa Nova, o material foi exibido do primeiro até o último ano de existência do canal. E é considerada uma das mais belas da nossa televisão até hoje.

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Band

No início da década de 1980, a Bandeirantes ganhou um novo logotipo, criado pelo cenógrafo Cyro Del Nero, que trouxe de volta uma duplinha nascida na extinta TV Excelsior: Ritinha e Paulinho, criação dos desenhistas Rui Perroti e Laerte Agnelli. Eles faziam parte das chamadas, assumindo o posto de mascotes da emissora. Ao encerrar as transmissões, as mascotes eram responsáveis por dar o “boa noite” aos telespectadores.

Quando Paulinho e Ritinha saíram do ar, um jingle simpático entrou no lugar, mostrando o canal “por trás das câmeras” e exibindo os nomes das afiliadas da rede nos caracteres. A canção foi utilizada até meados da década de 1990.

TV Cultura

Ao encerrar sua programação, a Cultura anunciava a grade do dia seguinte e colocava no ar, na íntegra, o Hino Nacional Brasileiro, acompanhado de belas imagens do nosso país. A emissora seguia a cartilha de várias emissoras públicas do mundo, que também encerravam as transmissões com seus respectivos hinos nacionais.

SBT

Na metade da década de 1980, o SBT crescia e o seu sinal ia se espalhando, via satélite, por todo o Brasil. Quando o canal de Silvio Santos se despedia, um satélite emitia o seu sinal sobre o mapa do Brasil, mostrando o crescimento da emissora. A música que toca ao fundo é ‘The Fight’, de Giorgio Moroder, feita para o filme Falcão – O campeão dos campeões. Ficou no ar até metade da década de 1990.

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Globo

A Globo também teve suas vinhetas de encerramento. E a mais antiga dentre as disponíveis no YouTube é do final da década de 1970. Criada por Hans Donner e seu amigo Rudi Bohm, a peça foi feita por uma máquina chamada Oxberry, que juntava a técnica de cinema com pintura em tinta guache. A extinta produtora brasileira Lynxfilm ajudou na produção. Tudo foi elaborado na própria Globo, em uma época que muitas vinhetas eram feitas no exterior.

Nos anos 1980, a Globo adotou outra forma de encerrar suas transmissões, mais simples e objetiva: slides com o logo da emissora e dos programas, apresentando toda a programação do dia seguinte. As trilhas variavam: Dave Grusin, Ry Cooder e Steve Vai, entre outros, embalaram o “fim” da programação global. Quando a emissora passou a transmitir por 24 horas, a vinheta continuou sendo usada mensalmente, quando o canal realizava a manutenção técnica de seus transmissores.

Agradecimentos especiais a Renan Sanson, que mantém no YouTube o divertido e criativo Rede Clone, e Victor Barone, que sugeriu este assunto a coluna.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor