Remake de um sucesso exibido em 1986, a versão de 2006 de Sinhá Moça substituiu a exibição original de Alma Gêmea, em 2006. O folhetim, estrelado por Débora Falabella, registrou bons índices de audiência em sua exibição original, e repete a boa performance agora no canal Viva, onde está no ar desde o dia 1º de janeiro.

Bruno Gagliasso em Sinhá Moça
Bruno Gagliasso em Sinhá Moça

Mas, por muito pouco, a trama quase não saiu do papel. Isso porque o autor Benedito Ruy Barbosa se envolveu em uma briga por elenco nos bastidores da Globo e, irritado, ameaçou deixar o projeto.

Escalação de elenco

Após o sucesso de Alma Gêmea (2005), a Globo bateu o martelo e definiu o remake de Sinhá Moça como sua substituta. A ideia era repetir o êxito do remake de Cabocla (2004), que também alcançou bons índices de audiência. Assim, mais uma vez, a emissora revisitava um clássico das 18h de Benedito Ruy Barbosa.

Porém, mal o remake foi confirmado e já começou uma correria nos bastidores da Globo por elenco. Isso porque Benedito Ruy Barbosa desejava contar com Carolina Dieckmann vivendo a personagem-título. O autor também queria Bruno Gagliasso como Ricardo, um dos protagonistas.

No entanto, na mesma época, o autor João Emanuel Carneiro e o diretor Wolf Maya trabalhavam na escalação do elenco de Cobras & Lagartos (2006), que estrearia pouco tempo depois da novela das seis. E Carolina Dieckmann e Bruno Gagliasso também estavam nos planos da trama das sete que substituiria Bang Bang (2005).

Disputa a tapa

Benedito Ruy Barbosa
Benedito Ruy Barbosa

Em 11 de novembro de 2005, o jornal Folha de S.Paulo informava que Bruno Gagliasso viveria um motoboy em Coração de Ouro, então título provisório de Cobras & Lagartos. A mesma matéria também confirmava Carolina Dieckmann como a vilã do folhetim das sete.

A publicação informava ainda que os dois atores estavam sendo disputados para o elenco de Sinhá Moça, mas a trama das sete tinha prioridade na escolha de seus artistas. Isso porque a direção da Globo apostava suas fichas em Cobras & Lagartos para reverter a má fase da faixa das sete, em baixa por conta do fiasco de Bang Bang.

No entanto, a preferência dada pela Globo à trama das sete tirou Benedito Ruy Barbosa do sério. O autor de Sinhá Moça reclamou publicamente da dificuldade de escalar o elenco de sua novela.

Ameaça

O jornal Folha de S. Paulo de 14 de dezembro de 2005 repercutiu a revolta de Benedito Ruy Barbosa. O autor de Sinhá Moça reclamava que ainda faltava escalar 30% de seu elenco e a novela estrearia em poucos meses, o que o deixou irritado.

“Está ficando dificílimo escalar. Em tantos anos de Globo, nunca vi algo igual. Ainda não tenho o [ator que viverá o] Barão de Araruna, um personagem importantíssimo. Todo mundo em quem pensei para o papel já está reservado. Se continuar assim, prefiro tirar minha novela e esperar quando tiver ator. Se for um fracasso a culpa será minha”, desabafou o veterano.

Porém, o autor não havia desistido de contar com Bruno Gagliasso no elenco de sua novela. Na época, o jovem ator vinha do sucesso de América (2005), trama na qual foi muito elogiado ao viver o homossexual Junior.

“Vou brigar por ele”, avisou Benedito.

Na época, já estava definido que Débora Falabella viveria a personagem-título, mas outros personagens centrais seguiam sem intérpretes.

Ganhou a briga

Após muita briga, Benedito Ruy Barbosa conseguiu fazer com que Bruno Gagliasso fosse remanejado para Sinhá Moça.

Assim, o ator assumiu o personagem Ricardo, que, durante a trama, se apaixona por Cândida (Patrícia Pillar), uma mulher bem mais velha que ele e casada com o Barão de Araruna – entregue a Osmar Prado.

Para substituí-lo como o mocinho de Cobras & Lagartos, o diretor Wolf Maya escalou Daniel de Oliveira. Ele viveu Duda, um rapaz que se torna o herdeiro do empresário Omar Pasquim.

No entanto, Foguinho (Lázaro Ramos), que é homônimo de Duda – ambos se chamam Daniel Miranda -, assume a fortuna do milionário.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor