Malsucedida novela da Globo, O Sétimo Guardião ficou marcada pelos inúmeros problemas de bastidores que registrou. Duas atrizes que já tinham atuado juntas em Império (foto abaixo), inclusive, se estranharam nos bastidores da nova trama.

Império

A noivela marcou a retomada de Aguinaldo Silva de suas obras baseadas em cidades fictícias do nordeste brasileiro mescladas com elementos de realismo fantástico.

A primeira incursão do autor neste estilo foi em Roque Santeiro (1985). Em seguida, vieram Tieta (1989), Pedra Sobre Pedra (1992), Fera Ferida (1993), A Indomada (1997) e Porto dos Milagres (2001). Nos anos seguintes, ele investiu em tramas urbanas, como Senhora do Destino (2004), a mais lembrada e cultuada de todas elas, além de Duas Caras (2007), Fina Estampa (2011) e Império (2014).

Aguinaldo Silva

Durante a festa de lançamento de O Sétimo Guardião, Aguinaldo declarou o retorno ao universo do realismo fantástico:

“Para mim, voltar ao realismo fantástico é uma volta ao passado, mas é também um salto para o futuro, porque este foi o gênero que me deu mais alegrias e agora eu quero escrever mais algumas novelas desse gênero”, comentou em entrevista ao site Observatório da TV.

O que o próprio autor não esperava é que seria mais interessante acompanhar bastidores de O Sétimo Guardião do que a trama em si.

Reclamação e processo

O Sétimo Guardião

Após a badalada estreia, as polêmicas começaram. Ex-alunos da Master Class ministrada pelo autor em 2015 reivindicaram na Justiça a coautoria da sinopse do folhetim. Por conta disso, os nomes de 26 deles eram creditados todos os dias ao fim da exibição de cada capítulo.

A Globo, por meio de sua assessoria, afirmou que eles não haviam participado da sinopse definitiva. A equipe de 50 alunos formada na Master Class estava envolvida na concepção de uma outra sinopse com o título de Dinastia, na qual o autor se baseou para escrever a trama.

Quando a novela estava completando um mês no ar, veio outra polêmica. Uma cena em que o personagem Sampaio (Marcello Novaes) enforcava a personagem Stefânia (Carol Duarte), curando assim a sua gagueira, foi repudiada pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, que numa nota qualificou a cena como “equivocada e desrespeitosa, retratando de maneira irresponsável os sujeitos que apresentam gagueira”.

Atrasos da protagonista e morte de figurante

O Sétimo Guardião

Marina Ruy Barbosa, que vivia a mocinha Luz, também deu um pouco de trabalho para a produção. Colegas de elenco reclamaram do atraso da atriz numa das gravações da obra. Houve até um momento em que ela e Lília Cabral, intérprete de Valentina, tiveram uma breve discussão, que culminou com a atriz veterana dizendo:

“Você está pensando que é quem? Você é muito nova para achar que pode fazer isso. Garota mimada”, disparou.

Diante da repercussão do caso, a jovem atriz foi em suas redes sociais esclarecer o ocorrido, dizendo que o atraso ocorreu porque anteciparam o horário da gravação em cima da hora e ela já tinha marcado um compromisso pessoal importante.

Como se não bastasse isso, uma fatalidade se abateu durante a produção da trama das 21h. O figurante Joseph Lima Dos Santos passou mal durante uma das gravações e, apesar de ter recebido os primeiros socorros e ter sido levado a um hospital, acabou não resistindo e faleceu horas depois. A emissora emitiu uma nota lamentando profundamente o ocorrido.

Suposta traição e o Surubão de Noronha

O Sétimo Guardião

Somou-se a toda essa confusão o boato da traição do ator José Loreto, intérprete de Eurico Junior, que fez com que seu casamento com a atriz Débora Nascimento chegasse ao fim.

Segundo o que foi falado na época, o galã estaria tendo um caso com a colega de elenco, Marina Ruy Barbosa. Esta se viu novamente envolvida num escândalo e tratou logo de se defender, dizendo que jamais traiu o seu então marido, o empresário Alexandre Negrão, e afirmou ter tido crises de ansiedade. A bela contou com a ajuda da família para enfrentar esses momentos conturbados.

O autor Aguinaldo Silva defendeu Marina no programa A Noite é Nossa, em março de 2019.

“Eu confio plenamente na palavra da Marina, que é minha afilhada, e eu sei que pra mim ela não mentiria. Ela sempre me disse que não aconteceu nada”, declarou o autor.

A questão é que o boato da separação de Débora e Loretto coincidiu com o famoso Surubão de Noronha. A história em torno desse fato teve início quando um perfil no Instagram publicou a existência de supostas orgias numa pousada na Ilha de Fernando de Noronha, que era administrada pelo ator Bruno Gagliasso e sua esposa, a atriz Geovanna Ewbank.

O Sétimo Guardião

Além desse surubão, ainda existia nas instalações do Projac um dark room, onde aconteciam orgias. Lá, os artistas organizavam festinhas em que a pegação era totalmente liberada. Caio Blat publicou uma foto em que ele e os colegas José Loreto e Bruno Gagliasso estavam juntos e colocou, em tom de brincadeira, a legenda: Surubinha no dark room, o que ajudou a aumentar ainda mais a veracidade nunca comprovada dos tais boatos.

Puxada de tapete e culpa do diretor

O Sétimo Guardião

No fim, O Sétimo Guardião foi uma novela que afugentou o público do horário e não traz boas lembranças para os envolvidos. Após o fim da problemática atração, Aguinaldo Silva foi desligado da Globo depois de 40 anos de serviços prestados. Ele comentou no programa A Tarde É Nossa, na Record, que o folhetim foi usado para puxar seu tapete.

“Todas as minhas novelas acabam sendo polêmicas. O que aconteceu com “Sétimo Guardião”, talvez, tivesse numa fase muito ativa na internet e tinha opiniões muito próprias. E não foi bem aceita pelas pessoas, que viram na novela uma oportunidade para me… não vou usar derrubar que é muito forte…” declarou.

Para completar, durante uma conversa com internautas nas redes sociais para falar sobre o que eles acharam de seu então último trabalho na TV, Aguinaldo chegou a culpar o diretor Rogério Gomes pelo que o público assistiu.

“Pois é querido, mas a novela que você viu não era aquela a que eu escrevi. Era a que o diretor reescreveu”, disse ele a um internauta que disse ter ficado surpreso ao saber que a trama era de sua autoria.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor