O sucesso de “Êta Mundo Bom!” é incontestável e a novela apenas comprovou que Walcyr Carrasco é o mestre do horário das seis. Não por acaso, a reprise no “Vale a Pena Ver de Novo” vem repetindo o fenômeno de audiência de 2016. Marca mais de 20 pontos frequentemente e ultrapassa as médias das reexibições de “Malhação” e “Novo Mundo”. Há vários motivos para o êxito da trama e o elenco da produção conta com vários ótimos nomes, como Sérgio Guizé, Eliane Giardini, Marco Nanini, Flávia Alessandra, Elizabeth Savalla, Ary Fontoura, Flávio Migliaccio, Camila Queiroz, Rosi Campos, entre tantos outros. Mas, em meio ao time de peso, tem uma atriz que foi ganhando cada vez mais destaque: Bianca Bin.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A história de Maria sempre foi uma das mais interessantes da novela e envolveu o público assim que começou a ser contada. A personagem era muito ligada ao noivo e a felicidade aumentou quando contou ao rapaz que esperava um filho dele. Sem pestanejar, o íntegro homem planejou se casar. Tudo parecia perfeito. Entretanto, a alegria do casal durou pouco, pois um grave acidente de carro vitimou a futuro marido da sonhadora menina. A partir de então sua vida virou um verdadeiro inferno.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Os ricos pais da vítima não acreditaram que o rapaz era o pai do bebê que ela esperava e quando resolveram crer na palavra da garota propuseram que Maria entregasse a criança para cuidarem. Para culminar, Severo (Tarcísio Filho) expulsou a filha de casa assim que soube que seria mãe solteira e a menina virou empregada na mansão de Anastácia (Eliane Giardini), após morar alguns dias de favor na pensão de Camélia (Ana Lucia Torre).
A ricaça se identificou com o drama da jovem viúva e passou a cuidar dela. Mas a saga de sofrimento da personagem não passou, uma vez que virou alvo das humilhações de Celso (Rainer Cadete) e Sandra (Flávia Alessandra).
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
LEIA TAMBÉM!
Só que por ironia do destino um de seus algozes acabou se apaixonando por ela. Celso foi gostando cada vez mais de Maria, sendo correspondido. Parecia que a vida daquela mulher estava melhorando. Entretanto, meses depois, a personagem precisou enfrentar um parto complicado, ficando entre a vida e a morte. Após a superação de mais esse problema, ainda precisou lidar com o afastamento de sua filha (em virtude das complicações, o bebê ficou na encubadora por um bom tempo) e a morte da mãe (Ana – Débora Olivieri), que faleceu após mais uma forte briga com Severo, que vivia humilhando a esposa. Além do recém-nascido, Maria lutou para ter outra responsabilidade: cuidar da irmã, Alice (Nathalia Costa), pois não admitiu que a menina ficasse sob os cuidados do péssimo pai.
Ou seja, o papel é a personificação de uma heroína e foi muito bem escrito e desenvolvido por Walcyr Carrasco, que foi dando cada vez mais cenas para Bianca Bin. Não demorou muito para a atriz roubar a cena. Ela acabou virando a verdadeira mocinha do folhetim —- uma vez que Filó (Débora Nascimento) era um perfil bastante cansativo —-, ainda que o enredo tenha apenas o caipira Candinho como protagonista (o título da novela até seria esse) —- pois não é uma obra que conte com um casal romântico como foco principal. A saga de Maria é muito atrativa e ainda vale mencionar a sua fundamental participação no desmascaramento de Ernesto (Eriberto Leão), que chegou a fingir ser Candinho. Graças a ela e a Pancrácio (Marco Nanini) que Anastácia conseguiu achar seu verdadeiro filho, resultando na cena mais linda da novela.
Outra questão importante é a desconfiança de Maria em relação ao caráter de Sandra. Ela é a única personagem da história que não se deixa manipular pela vilã e a enfrenta sempre que pode. Sua missão é desmascará-la para Anastácia, assim como fez com Ernesto anteriormente. Foi a irmã de Alice, aliás, a responsável pelo cancelamento do casamento de Sandra e Candinho. Tudo porque descobriu que Filó está grávida do caipira e fez questão de contar ao rapaz, que desistiu do casório. A empregada funciona como um elemento ‘movimentador’ do enredo, pois está sempre provocando viradas no núcleo central. É a maior pedra da grande vilã do enredo.
A atriz fez bonito e se destacou em todos os momentos. Apesar de transbordar honestidade e ser sofrida, não é um perfil pedante ou politicamente correto. Sabe usar as armas do inimigo e não abaixa a cabeça para nada. Sabe enfrentar de igual para igual. Dá vontade de torcer por ela. A química que Bianca teve com Rainer Cadete foi outro acerto. E esse crescimento da atriz foi um passaporte para a protagonista Clara, de “O Outro Lado do Paraíso”, em 2017, do mesmo Walcyr. Maria virou a mocinha da trama e o autor presenteou a intérprete com outra mocinha em pleno horário nobre. Não por acaso foi o melhor momento de sua carreira e com uma cena que já entrou para a história da teledramaturgia (“Vocês não imaginam o prazer que é estar de volta”).
Bianca Bin merece vários elogios pelo seu desempenho em “Êta Mundo Bom!” e sua personagem foi um dos muitos acertos de mais um sucesso de Walcyr Carrasco. A intérprete ganhou uma grande personagem e o escritor viu o talento da atriz, aumentando merecidamente seu destaque na história. Tem valido a pena rever.
SOBRE O AUTOR
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook.