Benedito Ruy Barbosa é um contador de histórias. Adora lembrar-se de casos e contá-los com uma riqueza incrível de detalhes. Lembra o cheiro, a cor, a ocasião e as pessoas. Já viajou o Brasil inteiro e continuará na estrada.

É um homem que ama a terra, que tem orgulho da família e do legado que construiu. Aos 13 anos perdeu o pai, virou chefe de família e escolheu as palavras para expressar toda sua emoção. No texto estão suas emoções, suas lembranças e memórias. É através dele que Benedito eterniza sua trajetória.

Benedito é autor de mais de 30 novelas, entre elas O Rei do Gado, Renascer, Esperança e Meu Pedacinho de Chão, todas em parceria com o diretor Luiz Fernando Carvalho. Como jornalista, trabalhou nas redações de grandes jornais de São Paulo, antes de iniciar sua carreira como autor de novelas em 1966, na TV Tupi, com a novela Somos Todos Irmãos.

O primeiro trabalho do autor na Globo foi em 1976, com O Feijão e o Sonho. Benedito também escreveu 12 episódios do Sítio do Picapau Amarelo (1977) e a minissérie Mad Maria. Também fez sucesso com Os Imigrantes (Band) e Pantanal (Manchete).

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Como nasceu a ideia de Velho Chico?

Nasceu há muitos anos, na década de 1970, quando eu era repórter. Na época fui conhecer o Rio São Francisco. Fui pra lá e levei apenas uma câmera. Fui sozinho. Fiz essa viagem numa gaiola, um barco grande, característico do local. Lá, fiz amizade com o comandante e dormia numa rede, dentro do barco, todos os dias. Era lindo demais! Naveguei por tudo aquilo. Fiquei apaixonado pelo rio. Conversei com esse senhor, que conhecia muitas histórias. Daí nasceu. E é assim que começa a ficção. Vocês vão ver!

Então as histórias se misturam um pouco? A sua vivência e a ficção?

Tem a essência dessas histórias lindas dos ribeirinhos, um pouco desse papo meu com o comandante. Eu conto o rio de antigamente, que eu conheci. E minha filha e meu neto contam o rio de hoje, eles são representantes da nova geração. Temos três olhares distintos e críticos. E assim os afluentes destas histórias foram nascendo e ganhando forma.

A sua relação com a natureza também está muito presente na obra?

Sim, eu tenho essa relação desde criança. Fui alfabetizado na oficina tipográfica de meu pai. Desde essa época, eu sempre fui chegado à terra. Passava as férias no sítio do meu tio. Bati feijão, colhi algodão, toquei berrante. Toco até hoje. Viajo esse Brasil inteiro. Vou para Goiás, Amapá. Não canso nunca. Eu sou paulista, e o paulista traz na sola do pé os caminhos da vida. O Brasil é um país tão bendito que tem uma língua única, com raras palavras diferentes. Amo o nosso chão e o nosso país!

Você destacaria o resgate deste orgulho como uma mensagem importante da história?

Sim. O brasileiro tem que ter orgulho de ser brasileiro apesar de tudo. Temos um país maravilhoso! Temos que resgatar isso.

Como você define a narrativa desta história?

Uma história com alicerce na verdade. Esse Brasil existiu e existe até hoje. Mas o principal são as histórias de amor. Aquele amor passional de ficção, sabe? O amor mais verdadeiro é o de Santo. E é o mais sofrido e o mais dolorido também. Esse amor começa de uma forma linda, mas terá muitos obstáculos. Esse amor nunca morre. Cada gesto de heroísmo de Santo tem no fundo a figura da Maria Tereza. E com ela é a mesma coisa. Ela se casa com o Carlos, mas, no fundo, ela ainda sonha com o Santo.

Como é o processo de trabalho entre você, Edmara Barbosa e Bruno Luperi?

Essa história tem mais de 10 anos na minha cabeça. A Edmara e o Bruno estão escrevendo os capítulos e eu leio todos. Estou fazendo a supervisão, com ajuda do Luiz Fernando Carvalho. E sempre acabo dando ideia e palpite de trama (risos).

Para completar, como é a sua parceria com o Luiz Fernando Carvalho?

O Luiz Fernando faz uma leitura fantástica do meu texto. Ele não erra nunca. Parece que sabe exatamente como eu imagino aquela cena. E quando sente necessidade, a gente se fala, troca. É uma relação que eu prezo demais.

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