A Record estreou a sua nova novela das sete na terça passada (25/07), substituindo a terceira reprise do remake de A Escrava Isaura, que, ironicamente, vinha marcando mais audiência que a inédita O Rico e Lázaro, exibida logo depois.

Belaventura é uma história escrita por Gustavo Reiz, responsável pela ótima Escrava Mãe, que inaugurou essa nova faixa de teledramaturgia da emissora em 2016, e dirigida por Ivan Zettel.

O enredo se passa no final da Idade Média, por volta do século XV e, segundo o próprio autor, é um romance de capa e espada. Ambientada na fictícia e linda região conhecida como Belaventura, a história é um típico conto de fadas, com direito a reis, rainhas, príncipes e plebeias. Tanto que o casal protagonista representa vários clássicos da Disney, como Cinderela. O príncipe Enrico (Bernardo Velasco) e a camponesa Pietra (Rayanne Morais) se apaixonam na infância, mas, 15 anos depois, vivem esse amor em segredo por ele ser herdeiro do trono e ela uma simples plebeia.

Fruto de mais uma parceria entre a Record e a produtora Casablanca, a novela se mostra bem cuidada, tanto nos cenários quanto nos figurinos. Lembra a produção de Escrava Mãe, que rendeu merecidos elogios. Ficou perceptível a qualidade logo no primeiro capítulo, que se mostrou bem realizado e com os mocinhos ainda crianças. A passagem de tempo ocorreu perto do final da estreia.

O folhetim, inclusive, já está em fase de finalização e tem cerca de 150 capítulos. Ou seja, é basicamente o mesmo esquema da produção anterior do autor, que foi ao ar toda gravada. Gustavo Reiz fez questão de enfatizar que se inspirou em Rei Arthur, Robin Hood, entre outros clássicos, e sua trama terá um ritmo de série, sem barrigas. Mas isso só assistindo mesmo para comprovar.

Otoniel é pai do príncipe Enrico, da justiceira Lizabeta (Adriana Birolli) e da amarga Carmona (Camila Rodrigues), que odeia o irmão por não ter conquistado o trono mesmo sendo a mais velha. A esposa do rei, Vitoriana (Juliana Knust), acaba envenenada durante o torneio – provocando suspeitas em cima de Severo, que precisou fugir – e os três filhos acabam criados por Elia (Silvia Salgado), a dama de companhia. É durante o evento, aliás, que o mocinho conhece Pietra e se encanta por ela, ambos ainda crianças.

A mocinha foi criada por Binieck (Paulo Reis), homem bêbado que a maltrata, e sua mãe, Lucy (Larissa Maciel), desapareceu depois dos ataques da Ordem Pura (grupo que promove uma caça às bruxas), liderado pelo canalha Cedric (Giuseppe Oristânio). No primeiro capítulo, foi mostrada a relação das duas, muito próximas antes da separação.

Pietra encontra alento justamente com Enrico, retomando aquele amor de infância, mesmo diante de todos os empecilhos. E no núcleo do reino, há ainda o retorno de Severo, que busca vingança pelas desconfianças sobre a morte de Vitoriana e o poderoso é totalmente manipulado pela esposa, a ambiciosa Marión (Helena Fernandes). Os dois são pais de Jacques (Leandro Lima), Arturo (José Victor Pires) e Brione (Juliana Didone), que tem um romance secreto com o plebeu Gonzado (Alexandre Slavieiro). Severo ainda é filho de Leocádia (Esther Góes), que não tolera Marión.

Vale citar também alguns núcleos paralelos, como o protagonizado por Anaju Dorigon e André Mattos. Ele vive o cruel Falstaff, dono da taberna do local, que maltrata Dulcinéia, menina que pegou para criar contra sua vontade por conta de um segredo do passado. A sofrida menina se apaixona por Accalon (Paulo Lessa), caçador de recompensas e braço direito de Enrico. Gisele Itié vive a destemida arqueira Selena, Eri Johnson o bobo da corte Corinto e Bárbara Borges a dona do mercado Polentina. O elenco ainda conta com Alexandre Barillari, Angelina Muniz, Lidi Lisboa, Bemvindo Siqueira, Paulo César Grande, Raymundo de Souza, Iara Jamra, Thiery Figueira, entre outros.

O maior destaque desse início é Helena Fernandes vivendo a típica bruxa má. Larissa Maciel é outro bom nome que já brilhou logo na estreia e tem tudo para se destacar quando Lucy retornar. Floriano Peixoto, Esther Góes, Camila Rodrigues e André Mattos também prometem ter bons momentos, pois o autor foi inteligente na apresentação dos personagens.

A primeira fase serviu para contextualizar o romance dos mocinhos e o desaparecimento de Lucy, ao mesmo tempo que expôs o potencial de alguns perfis, além de ter exibido o reino que serve de ambiente para todos os conflitos. Os únicos poréns são a trilha sonora (nada adequada para um romance de época) e alguns cenários, muito parecidos com os folhetins bíblicos. Mas, é um conjunto com bem mais acertos que erros.

Belaventura teve um começo bem interessante e há elementos muito convidativos para o público comprar a ideia de Gustavo Reiz. A audiência está ruim, em torno dos 8 pontos – menor que os 11 da reprise de Escrava Isaura. Entretanto, tem potencial para crescer. É um conto de fadas despretensioso, recheado de dramas típicos de um folhetim tradicional. Uma boa alternativa para o telespectador que já está cansado das produções bíblicas da Record.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor