Barato saiu caro: recusar Pantanal foi um dos maiores erros de Silvio Santos

30/09/2021 às 8h40

Por: Thell de Castro
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Em 1989, o SBT tinha duas opções de novelas para escolher: uma delas era uma sinopse de Benedito Ruy Barbosa sobre o Pantanal, que a Globo não quis fazer; a outra, uma trama do jornalista Walcyr Carrasco, a ser feita por uma produtora independente, com custos bem mais baixos.

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O canal de Silvio Santos não pensou duas vezes e ficou com Cortina de Vidro, que foi um desastre completo, enquanto a outra trama fez muito sucesso na Manchete.

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Produzida pela Miksom, de Guga de Oliveira, irmão de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então todo-poderoso da Rede Globo, Cortina de Vidro estreou em 23 de outubro de 1989, portanto há 31 anos. A previsão inicial era entrar no ar em agosto, com cada capítulo ao custo de 15 mil dólares e meta de audiência entre 10 e 15 pontos.

A obra contava a história de Frederico Stuart Mill (Herson Capri), um milionário que se faz de pobretão para se aproximar da jovem Branca (Betty Gofman), por quem se apaixona. Ele acaba ficando próximo também da operária Ângela (Sandra Annenberg), que cuida dele quando perde a memória.

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Foi a segunda última novela de Annenberg antes de enveredar para o jornalismo. Ela também fez Pacto de Sangue, na Globo, e séries e humorísticos, como Bronco, da Band.

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No elenco, também estavam nomes de peso, como Antônio Abujamra, Ester Góes, Débora Duarte, Gianfrancesco Guarnieri, Odilon Wagner, John Herbert, Jayme Periard, Adriano Reys e Sérgio Mamberti, entre outros.

O título da novela veio do local em que a trama estava centralizada, o Edifício Dacon, em São Paulo (SP), onde eram gravadas diversas cenas em sua cobertura. Com apenas oito cenários erguidos em um galpão, a produção teve muitos problemas a partir do capítulo 15, quando o local foi vendido e a produtora simplesmente precisou abandonar o prédio.

Incêndio foi a solução

Carrasco, em sua primeira novela, foi obrigado a dar uma de Janete Clair em Anastácia, a Mulher Sem Destino (1967), promovendo um incêndio no edifício, tirando o lugar de cena e aproveitando para eliminar alguns personagens. O expediente também foi usado em 1998, em Torre de Babel, na explosão do shopping Tropical Towers.

Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes, o autor explicou a situação inusitada. “Eu precisava de uma razão dramatúrgica para sairmos de lá, para mudar o rumo da história. Mas, para você ter uma ideia, matei personagens que não tinham cenário próprio, porque, economicamente falando, não havia mais como criar novos cenários”, explicou.

A audiência e a repercussão de Cortina de Vidro foram péssimas. A crítica não perdoou a fraca novela, incluindo a apelativa cena onde o personagem Arnon Balakian (Antônio Abujamra) violentou a própria filha, Michele (Carola de Oliveira).

“Cortina de Vidro caminha à deriva, sem imprimir um estilo próprio de ser novela. Ainda não sabe se vai ser pastelão, dramalhão ou pós-tudo. Involuntariamente, é a estrela da temporada de caça a bobagens”, detonou Ana Carmen Foschini em análise na Folha de S.Paulo de 29 de outubro de 1989, dizendo que a novela poderia se chamar Telhado de Vidro.

Sem deixar saudades, a trama foi exibida até 5 de maio de 1990, em 168 capítulos, sendo substituída por Brasileiras e Brasileiros, que recebeu um grande investimento do SBT e, ao também naufragar, abriu um rombo nos cofres da emissora.

O canal de Silvio Santos só foi acertar a mão a partir de 1994, com a produção de Éramos Seis, que fez grande sucesso.

Atualmente, a emissora investe somente em produções voltadas ao público infantojuvenil.

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