A Viagem – Semana #2

A segunda semana de A Viagem iniciou com a fuga de Alexandre da delegacia, o que fez com que ele, capturado, fosse transferido para a casa de detenção. Diferente da perseguição policial do primeiro capítulo, essa sequência de fuga da segunda semana foi muito mal sonorizada, o que deixou as cenas frias, sem emoção, apáticas.

Participações especiais

A casa de detenção trouxe participações especiais importantes: Paulo César Pereio (raramente visto em novelas) aparece como um preso que pretende envolver Alexandre em um plano de fuga; Anselmo Vasconcellos é um detento pensativo que vive soltando olhares e risinhos sarcásticos; enquanto Marcos Oliveira (o Beiçola da Grande Família) faz o bobo da cela. Também Ademir Zanyor (futuro Malhação e Salsa e Merengue) nuzinho em pelo com a retaguarda à mostra.

Lembrando que no cenário anterior, a delegacia, tivemos as participações de Marcelo Escorel, como o carcereiro, Shimon Nahmias, como o delegado, e, como o escrivão, Duda Mamberti – filho do Sérgio, irmão do Fabrício, sobrinho do Cláudio (que está na novela, como Geraldão).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Música brasileira vs estrangeira

A banda do Zeca é das coisas mais constrangedoras que já em vi em 45 anos de telenovelas. Tudo soa fake. A música que os personagens elogiam, é ruim de doer. O som é simplesmente inserido sobre as cenas, enquanto os atores fazem caras, bocas e poses, dançando e fingindo tocar os instrumentos.

Não há sincronia entre os movimentos do atores, que parecem tocar um rock pesado, e a música inserida, que é tudo, menos um rock pesado. Como se não bastasse, a principal discussão que o núcleo tenta levantar – música brasileira vs estrangeira – já era totalmente anacrônica em 1994.

Esse núcleo já existia na primeira versão da novela, em 1975, e a discussão era pertinente naquela ocasião, uma vez que o rock da jovem guarda já era considerado demodê pela juventude, enquanto fazia sucesso o movimento Made In Brazil, de cantores e músicos brasileiros gravando em língua inglesa.

Mas aí veio a década de 80 e com ela a explosão do BRock (rock brasileiro), o que pôs por terra essa suposta rivalidade entre o nacional e estrangeiro. Não cabia mais nos anos 90, em que o sertanejo e o axé já haviam conquistado multidões. Como a novela foi preparada às pressas, penso que a autora e a direção preferiram manter o que já estava em vez de criar novos entrechos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Emoção com Yara Côrtes

A melhor sequência da semana foi o encontro de Maroca e o filho Alexandre na prisão. Yara Côrtes deu um show de emoção, enquanto Guilherme Fontes fez muito bem o rebelde apático com a mãe. Foi um cenão, de forte carga dramática. O problema é que a edição errou de novo. Na cena seguinte com Yara, a personagem Maroca já estava toda serelepe, como se não tivesse passado por uma forte emoção. Faltou uma cena de meio termo entre as duas, que ligasse as situações.

PS1: Houve a primeira aparição do Mascarado, fazendo brincadeiras com a criançada em frente ao centro comercial onde fica a locadora de Diná. Aí aparece Carmem. Já sabemos que o personagem existe por causa do entrecho que envolve o passado de Carmem.

PS2: Tainá, personagem de Andrea Avancini (colega de trabalho de Téo e Mauro), foi chamada duas vezes de Aline, mas seu nome definitivo é Tainá.

PS3: O nome de Naná é Naíde.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Compartilhar.
Avatar photo

Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor