CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Chegou ao fim, nessa sexta-feira (19), a novela Além da Ilusão, de autoria de Alessandra Poggi com direção artística de Luiz Henrique Rios. A produção das seis da Globo teve altos e baixos, como toda novela. Porém, é inegável que os pontos positivos se sobressaíram.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Com uma trama, no geral, bem armada e desenvolvida, a autora trouxe de volta o folhetim raiz – que nossas novelas andaram negando nos últimos tempos. Percorrendo caminhos já testados e conhecidos do grande público, Poggi não apresentou nada de novo, a não ser o trivial, que, bem feito, é sempre delicioso.
Personagens bem construídos em dramas envolventes sempre cativam, ainda mais em uma roupagem bonita, produção esmerada, ótimos texto e direção e interpretações contundentes. Além da Ilusão ofereceu tudo isso.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
LEIA TAMBÉM!
Deslizes
Não foram poucos. Curiosamente, todos envolvendo a trama central da novela.
Foi difícil se afeiçoar a Dorinha, uma mocinha inconstante que agia de acordo com a necessidade do roteiro: foi de progressista a conservadora; foi de altiva, forte e decidida para, depois, chorosa e sofredora. Nada supera a fase “rebelde sem causa”, uma barriga desnecessária que só irritou a audiência.
Aliás – diga-se de passagem – um papel ingrato para Larissa Manoela em sua estreia na Globo.
Danilo Mesquita e Bárbara Paz viveram Joaquim e Úrsula, vilões maniqueístas, mas irresistíveis. Só que a briga de gato e rato entre Joaquim e Rafael/Davi (Rafael Vitti) cansou. A trama central praticamente se escorou no toma lá, dá cá entre os dois arqui-inimigos. Um Tom & Jerry cansativo.
Enquanto isso…
Foram as tramas paralelas que seguraram o interesse do público: os pracinhas na Segunda Guerra, o amor da garota por um padre, a aspirante a cantora sem nenhum caráter, e outras.
O paradeiro da filha desparecida de Heloísa (Paloma Duarte) foi a que melhor rendeu. Alessandra Poggi não teve melindres em assumir o melodrama. Um “Direito de Nascer” repaginado como há tempos não se via em nossas novelas.
A autora teve o suporte da direção e os talentos de um elenco potente, com grandes interpretações de Paloma Duarte (Heloísa), Antônio Calloni (Matias), Malu Galli (Violeta) e Eriberto Leão (Leônidas).
Também os ótimos trabalhos de Débora Ozório, Cláudio Jaborandy e Patrícia Pinho, como Olívia, Benê e Fátima – filha de Heloísa e seus pais de criação. Olivia ainda tinha sua própria trama: a garota líder operária que se apaixona por um padre, Tenório (Jayme Matarazzo).
Outro bom entrecho envolveu Lorenzo (Guilherme Prates), que incitou o amigo Bento (Matheus Dias) a ir para a guerra para afastá-lo de sua amada, Letícia (Larissa Nunes). Entretanto, apesar dos bons começo e desfecho, a trama teve um miolo maçante.
Núcleo cômico
Os núcleos do cassino e da rádio forneceram o alívio cômico necessário para o público suportar o peso dos dramas. Veteranos, Paulo Betti (Constantino), Alexandra Richter (Julinha) e Arlete Salles (Santa) se destacaram juntamente com duas jovens e talentosas atrizes que prometem: Carolina Dallarosa – a Arminda – e Carolina Romano – a Mariana.
Outra que brilhou ao fazer rir foi Mariah da Penha, como Manuela, com direito a bordão: “Falo mesmo, comigo não tem lorota!”. Por falar em “lorota”, as frases, gírias e expressões antigas, proferidas em abundância e constância pelos personagens, deram um charme extra aos diálogos. “Carambolas!”.
[anuncio_6]
Carpintaria do folhetim
Bons personagens e tramas promissoras teriam pouco resultado não fosse a carpintaria de Alessandra Poggi no desenvolvimento de seu folhetim. A autora, desde o início, soube instigar o público, envolvendo-o com suas tramas para que as catarses acontecessem em grande estilo.
A autora entregou tudo o que a novela prometia: o sofrimento dos mocinhos foi compensado, os vilões foram punidos e o amor prevaleceu, com direto a redenção para alguns personagens maus.
Além da Ilusão cumpriu com louvor o escapismo necessário que há anos não se via na faixa das seis da Globo.
PS: Para os candidatos às premiações do ano, três nomes não poderão ficar de fora: Paloma Duarte, Antônio Calloni e Malu Galli.